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50 anos depois, essa pode ser a explicação para a massa do Fluxo de Magalhães

Por| 10 de Setembro de 2020 às 11h00

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Zdeněk Bardon/ESO
Zdeněk Bardon/ESO

Nossa galáxia é cercada por algumas galáxias menores, atraídas pela gravidade. Isso inclui as galáxias anãs Pequena e Grande Nuvem de Magalhães. Conforme as Nuvens de Magalhães começaram a circular a Via Láctea, elas perderam o Fluxo de Magalhães, um enorme e massivo fluxo de gás. Então, a questão que fica aqui é: afinal, por que este fluxo se tornou tão massivo a ponto de ter bilhões de vezes a massa do nosso Sol? Felizmente, os astrônomos da Universidade de Wisconsin-Madison podem estar se aproximando da resposta.

Recentemente, os pesquisadores notaram que as Nuvens de Magalhães podem ter seu próprio halo — ou coroa — de gás quente as envolvendo. Com novas simulações, eles descobriram que a criação do Fluxo de Magalhães se divide em dois períodos: enquanto as Nuvens de Magalhães ainda estavam distantes da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães “roubou” gás para longe de sua parceira menor durante bilhões de anos, que forma até 20% da massa final do fluxo. Depois, conforme as nuvens foram para a órbita da Via Láctea, a coroa liberou quase um quinto de sua própria massa para formar o Fluxo de Magalhães, que se estendeu por um enorme arco no céu.

Os pesquisadores e seus colegas descobriram que, basicamente, o halo de gás que envolve a Grande Nuvem de Magalhães provavelmente atua como um casulo protetor, que serve também como uma barreira para as galáxias anãs não serem atingidas pelo halo da Via Láctea — o que contribui para a grande massa do Fluxo. Então, conforme galáxias menores vão entrando na área de influência da Via Láctea, partes do halo se estenderam até se dispersarem e formarem o Fluxo de Magalhães.

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Em modelos anteriores, sabíamos que conforme as galáxias começaram a orbitar a Via Láctea, as marés gravitacionais e a força que uma galáxia faz contra a outra foram responsáveis por formar o Fluxo de Magalhães a partir das Nuvens de Magalhães. Estes modelos, de fato, conseguiam explicar o tamanho e forma do fluxo, mas consideravam apenas uma fração de sua massa. Assim, o novo modelo é o primeiro a explicar a origem de toda a massa do Fluxo de Magalhães, além de mostrar também como o fluxo adotou sua forma e o motivo pelo qual faltam estrelas nele.

“Os modelos existentes da formação do Fluxo de Magalhães estão ultrapassados, porque não consideram a massa”, explica Scott Lucchin, estudante de graduação do departamento de física da Universidade e principal autor do estudo. “Por isso, chegamos a uma nova solução que é excelente para explicar a massa do fluxo, a questão mais urgente que precisa ser resolvida”, completa Elena D'Onghia, professora de astronomia na Universidade, que supervisionou o estudo.

Andrew Fox, um dos co-autores do estudo e astrônomo no Space Telescope Science Institute, que opera o telescópio Hubble, ressalta que este enigma do fluxo já chegava aos 50 anos de duração. “Nunca tivemos uma boa explicação sobre sua origem, e o mais empolgante é que parece que estamos nos aproximando de uma explicação”. A ideia dos pesquisadores poderá ser testada, pois o Hubble deverá ser capaz de conseguir ver as assinaturas da coroa de gás cercando as Nuvens de Magalhães.

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As descobertas do estudo foram publicadas na revista Nature.

Fonte: Eurekalert