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Preview Halo | Série dispensa tradições para focar nos conflitos humanos

Por| Editado por Jones Oliveira | 23 de Março de 2022 às 19h00

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Divulgação/Paramount+
Divulgação/Paramount+

Nos games, Halo é o precursor dos jogos de tiro em primeira pessoa como os conhecemos hoje e uma das principais marcas da Microsoft e de Xbox no mundo dos games. Em seu salto para uma nova mídia, a franquia tenta atingir novos mundos e, ao mesmo tempo, expandir uma história de mais de 20 anos e múltiplas sequências. Como toda adaptação desse tipo, o resultado é uma faca de dois gumes e um distanciamento nem sempre confortável.

O seriado que estreia no Paramount+ nesta quinta-feira (24), com nove episódios, tenta ser, ao mesmo tempo, uma recriação dos mitos e histórias da franquia de jogos e lançar um novo e diferente olhar sobre personagens consagrados. O herói Master Chief, interpretado por Pablo Schreiber (Orange is the New Black), é não só quem merece mais atenção, mas também o que mais sofre com isso.

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O Canaltech teve acesso antecipado aos dois primeiros capítulos do seriado. Apesar do início forte, que chega a reproduzir de forma divertida alguns dos elementos dos jogos, logo percebemos que a ideia da série de Halo é apresentar um universo bem diferente, ainda que baseado nos títulos; nesse caminho, os produtores também mexem com algumas tradições e pontos fixos, às vezes realizando adições interessantes, mas, na maioria do tempo, como forma de pontuar decisões de roteiro que nem sempre fazem muito sentido.

O elefante foi tirado da sala logo no início, antes mesmo do lançamento. Com um ator relativamente conhecido no papel de Master Chief — afinal de contas, quem, ao assistir Orange is the New Black, não se lembra do asqueroso Bigode Mendez? —, é claro que o personagem, uma hora ou outra, tiraria o capacete. A aparência do protagonista, até hoje um segredo e uma marca imutável dos jogos, poderia contribuir para um dos momentos mais impactantes do show, como visto em O Mandaloriano, mas o resultado é exatamente o oposto.

Não apenas a revelação vem cedo demais, como também acompanha uma das tantas sequências que simplesmente não fazem sentido algum para um personagem com esse nível de combate militar e experiência em combate. Após uma série de colocações fortes de motivações, camadas em personagens e organizações políticas também com complexidade, surge o primeiro de muitos momentos em que o impacto serve apenas para justificar decisões ou conveniências de roteiro que soam meio esquisitas.

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Por trás do visor

O contraste entre o primeiro e o segundo episódio de Halo é tamanho que, nesta prévia, chega a ser difícil entender exatamente que tom o seriado deseja abordar. Uma batalha ferrenha entre Espartanos e os alienígenas Covenant no planeta Madrigal abre o show, com referências aos jogos em efeitos sonoros e imagens em primeira pessoa que simulam a jogatina. Master Chief pula bem alto, é amplamente habilidoso e versátil no combate com diferentes tipos de armas, bem como se espera dele.

Por trás desse primeiro combate estão diferentes aspectos de um conflito interplanetário. Madrigal sofre com a invasão Covenant, mas também tem suas rusgas com a UNSC, organização semelhante às Nações Unidas criada pela humanidade para atuar em toda a galáxia, interessada na exploração dos recursos naturais do planeta. A luta aqui, no final das contas, é pela liberdade, com o espectador rapidamente percebendo que os rebeldes são a parte mais fraca dessa corda.

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Quan Ah (Yerin Ha), filha do líder da resistência, é a única sobrevivente de um ataque que a coloca em conflito direto com a própria criação. Ao mesmo tempo, ela aparece ao lado de Master Chief que, ao limpar o local da ameaça Covenant, acaba se deparando com um artefato que tem ligações diretas ao seu passado e acaba colocando em xeque sua existência enquanto soldado e, principalmente, a lealdade à UNSC que ele jamais escolheu, mas nunca soube que poderia ser diferente.

O desconforto de John, como também é chamado por seus superiores, aparece nos diversos momentos em que o personagem está sem a máscara e, acredite, eles serão muitos. Enquanto isso, no comando central, dirigentes da NSC como a Almirante Margaret Parangosky (Shabana Azmi) e a Dra. Catherine Halsey (Natascha McElhone) tecem suas próprias tramas, envolvendo conflitos políticos interessantes; do lado Covenant, a inusitada presença humana de Makee (Charlie Murphy) também representa um dos tantos fios de roteiro que a série de Halo tenta criar.

Muitos deles são instigantes, mas todos sofrem com os mesmos diálogos clichês e atuações nem sempre inspiradas. Já nos dois primeiros episódios, e mesmo sem uma noção clara sobre se a série de Halo seguirá explorando temas mais humanos ou se voltará aos combates em algum momento, é possível imaginar para onde algumas tramas seguirão, já que muitos dos conflitos já foram vistos algumas vezes antes em produções do mesmo gênero.

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Por outro lado, chama bastante a atenção, para um seriado de ficção científica baseado em vídeo game, a quantidade de efeitos práticos utilizados. Explosões, armas, lutas corporais e até grandes cenas de combate, como a primeira grande batalha em Madrigal, envolvem dezenas de figurantes e um cenário efetivamente construído, ainda que, novamente, decisões esquisitas sobre a inserção de CGI onde simplesmente não havia necessidade sejam tomadas.

Vale a pena assistir a série de Halo?

O foco em elementos de verdade é mais um indício de que Halo, mais do que a maioria dos games da série, é mais sobre os seres que fazem parte desse universo do que sobre o tiroteio que o transformou em ícone dos games. Os fãs vão torcer o nariz para muitas das mudanças e, principalmente, a concepção do Master Chief de Schreiber, que acaba se tornando o personagem mais interessante da produção, sim, mas não pelos motivos esperados.

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Entre os bastidores de conspirações e experimentos nada éticos da USNC, tramas políticas interplanetárias e também dentro das próprias organizações e traições potenciais, se desenrola uma produção que parece ter menos interesse pelo dedo no gatilho e mais pelos seus personagens. É uma adição, sim, a um folclore estabelecido que mistura tecnologia, militarismo e misticismo, só que feita de forma nem sempre elegante.

Olho em Makee, personagem de Charlie Murphy (Peaky Blinders), que é original da série e parece ter potencial para virar o jogo, e menos foco no que há por trás da máscara de Master Chief, já que suas origens, aqui, parecem importar mais do que seu rosto. Resta saber, apenas, se mudar o jogo desta maneira e lidar com o resultado disso em meio à base de fãs vai gerar um resultado que vale a pena.

Halo estreia no dia 24 de março no serviço de streaming Paramount+. A série tem nove episódios e também traz, no elenco, nomes como Bokeem Woodbine (Fargo), Olive Gray (Rose) e Jen Taylor, que repete na série o papel de Cortana que já interpretou diversas vezes nos games.