Quem é Cara de Barro, o grotesco vilão do Batman?
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
Poucos heróis têm uma galeria de vilões tão icônica e marcante quanto o Batman. Só que, para além de Coringa, Duas Caras, Charada e outros inimigos icônicos, o Homem-Morcego tem ainda em sua galera outros adversários emblemáticos que jamais foram levados para o cinema, mas cujas participações nos quadrinhos já provaram mais de uma vez que renderiam ótimas histórias em um filme. O Cara de Barro é um deles.
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Apesar de ter um nome que não é lá muito ameaçador, o personagem é um vilão quase tão antigo quanto o herói e uma habilidade perfeita para testar as capacidades investigas do Cavaleiros das Trevas. Afinal, quem melhor para pôr à prova o maior detetive do mundo do que um criminoso capaz de mudar de forma e assumir a aparência de qualquer pessoa?
Não por acaso, os rumores de que o Cara de Barro pode aparecer na sequência de The Batman já começaram a surgir. E, mesmo ele não estando entre os inimigos mais lembrados do herói, não há como negar que ele seria uma adição mais do que interessante para o filme.
As várias faces do Cara de Barro
Como dito, o Cara de Barro é um vilão bem antigo da galeria do Batman, surgindo ainda na Era de Ouro. Só que suas primeiras aparições traziam uma versão bem diferente do vilão que os fãs conhecem hoje. Surgido em 1940 nas páginas de Detective Comics #40, Basil Karlo era apenas um ator que enlouquece ao não conseguir transicionar do cinema mudo para o falado e passa a matar colegas usando a máscara de um monstro de barro.
Essa versão inicial é pouco lembrada por várias razões. Primeiro porque é bem desinteressante. Além disso, ela apareceu apenas em algumas edições do gibi e desapareceu por algumas décadas, sendo resgatado apenas em 1961 já nessa ideia do vilão capaz de mudar de forma.
Foi em Detective Comics #298 que o personagem reapareceu, desta vez sob a alcunha de Matt Hagen. Ele era um explorador que encontrou uma fonte mágica e, após banhar-se nela, vê que seu corpo se torna maleável a ponto de assumir a forma que quisesse. Assim, ele decide usar seus novos poderes para o crime e dá início a uma onda de assaltos em Gotham.
O que ele não esperava era que os efeitos durassem apenas 48 horas e, com isso, acabou sendo derrotado pelo Batman. Além disso, o Homem-Morcego descobriu a origem dos poderes do novo vilão e deu um jeito de selar a caverna para que algo parecido não acontecesse novamente.
Só que aconteceu — ou quase. Isso porque um terceiro Cara de Barro surgiu em Gotham para atormentar o herói. Desta vez, ele era Preston Payne, um homem com grandes deformidades físicas que, na tentativa de se curar, injetou um soro baseado no sangue de Matt Hagen. Isso fez com que seu corpo também ficasse naquela consistência de argila com o adicional de ele sentir muita dor no processo. Ele enlouquece e segue por uma trama bastante trágica ao melhor estilo Frankenstein.
E é quando aparece um quarto personagem adotando a alcunha. No caso, é uma mulher chamada Sondra Fuller. Ela segue a mesma lógica bizarra de se sentir feia e querer algum truque mágico para fazê-la ficar mais bonita que a leva a alguns experimentos questionáveis. É quando ela desenvolve os poderes de mudança de forma que conhecemos.
Essa Cara de Barro em específico é interessante pois é ela quem vai trazer de volta o velho Basil Karlo para as histórias. A ideia dos dois era juntar todos os criminosos que já adotaram o nome para criar uma espécie de liga própria, mas a verdade era que o plano de Karlo era se aproveitar dos poderes de seus sucessores para virar o argiloso definitivo — o que acaba acontecendo.
O ator de múltiplas facetas
Mesmo depois de toda essa viagem, pelo menos outras duas pessoas adotaram o nome e os poderes do vilão. Só que, para ser sincero, elas não são importantes, já que a DC definiu que Basil Karlo seria o Cara de Barro que valia de verdade e passou a trabalhar o personagem como um criminoso recorrente dentro das histórias do Batman.
É a partir disso que ele passou a fazer aparições cada vez mais frequentes nos quadrinhos do herói. O curioso é que a editora mexeu bastante no tom do personagem e, por algum tempo, ele quase se tornou um alívio cômico em suas aparições. Parte disso, inclusive, foi resgatado na animação Arlequina, em que o vilão traz bem forte essa personalidade do ator fracassado.
Ao mesmo tempo, algumas HQs exploram bastante um lado seu, ora mais brutal, ora trágico. Na época dos Novos 52, ele chegou a ser tratado como esse monstro que sofria por sua condição, enquanto há outras histórias em que ele se aproveitava de sua capacidade de mudar de forma para tratorar o Batman.
Ainda assim, o Cara de Barro é um personagem que sempre rende boas passagens nas HQs. Desde os anos 1960, os seus poderes de mudar de força testam as capacidades investigativas e dedutivas do Homem-Morcego, além de também trazer à tona algumas histórias mais sentimentais.
Em O Homem que Não Estava Lá, o vilão assume a forma de Bruce Wayne para cometer crimes em Gotham e isso faz com que o verdadeiro Batman tenha que ser confrontado com verdades bastante duras sobre si próprio. Sabe aquela noção de ir para a terapia para encarar a si próprio? Pois o Cara de Barro permitiu isso literalmente para o herói.
Cara de Barro nos cinemas
Por causa de seu visual grotesco e pouco realista, nunca tivemos uma participação do vilão argiloso nos cinemas. No máximo, ele está na já citada animação da Arlequina e no clássico Batman: A Série Animada. Nesse desenho de 1992, há alguns episódios centrados em Basil Karlo e todos eles bem memoráveis.
Apesar disso, há alguns rumores apontando para a possibilidade de vermos o personagem nas telonas. Fontes ligadas ao vindouro The Batman: Parte 2 afirmam que o Cara de Barro pode aparecer no filme.
Não se sabe ainda o tamanho dessa participação e tampouco se ela vai mesmo acontecer. Ainda assim, seria muito legal ver esse tipo de vilão mais fantástico aparecer no longa para contrastar com as ameaças sempre pé no chão que o Cavaleiro das Trevas enfrenta. E, como a proposta do diretor Matt Reeves é trazer mais do lado detetivesco do herói, faria sentido colocá-lo diante de um criminoso capaz de mudar de forma.