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Crítica The Beatles: Get Back | Uma carta de amor com oito horas de duração

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Crítica The Beatles: Get Back | Uma carta de amor com oito horas de duração
Crítica The Beatles: Get Back | Uma carta de amor com oito horas de duração

Uma das maiores características dos Beatles é o quanto a banda conseguiu fazer em tão pouco tempo: a legião de fãs que os acompanhava, a quantidade de discos lançados, shows, aparições públicas e muito mais. Tudo isso foi feito em apenas dez anos que acabaram marcando a vida de milhões de pessoas e até hoje ressoa de geração em geração. Seguindo essa linha, não é nada equivocado um documentário sobre a banda ter uma duração, produção e dedicação à altura.

Quando The Beatles: Get Back foi anunciado, a recepção dos fãs foi bem calorosa: Peter Jackson, o cineasta neozelandês por trás do sucesso de O Senhor dos Anéis e O Hobbit,assumiria o comando de um enorme acervo de imagens, áudios e documentos do quarteto britânico e traria para as telas um novo olhar de uma história que merecia ser contada. Visto assim, a minissérie repartida em três longos episódios pode muito bem ser vista como uma carta de amor dos Beatles para o mundo, mas sobretudo para os fãs que jamais reclamariam de quase oito horas de conteúdos sobre a banda que mudou a indústria musical.

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O mais interessante de se assistir em The Beatles: Get Back é justamente todo o cuidado que Jackson teve com mais de 50 horas de filmagens e 150 horas de gravações em áudio do grupo. Uma enorme gaveta de conteúdo que agora pode ser visto em uma série bem contada que mostra nos mínimos detalhes os últimos dias de Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr juntos.

Por mais que tudo tenha chego "pronto" nas mãos de Jackson, o mais interessante (e até o mais encantador para os fãs) é justamente essa proposta de proximidade que Get Back rendeu ao público: o filme (ou minissérie, como o espectador preferir chamar) não hesita em momento algum mostrar o caos que foi todo o preparo e ensaios iniciais para o especial de televisão que a banda realizava fazer; entre divergências criativas, estúdios com má acústica e desorganização na produção, os fãs acompanham de perto uma cansativa rotina da banda.

A produção, no entanto, pode frustrar aqueles que colocam a banda num pedestal justamente por essa transparência. É possível, no primeiro episódio, ver como os demais integrantes ficam incomodados (e até agindo com indiferença) diante da iniciativa de Paul de organizar melhor a dinâmica dos ensaios, que até segunda ordem estavam desorganizados e pouco produtivos. A primeira parte, inclusive, acaba de forma bem frustrante: com George abandonando a banda e partindo para Liverpool, deixando os três colegas de mãos atadas.

A paz parece ser retomada justamente no capítulo mais longo de Get Back, em que uma reunião é realizada e a banda segue com os planos. A atmosfera agora é outra em Londres: há diversão, entusiasmo e até mesmo faíscas criativas num novo estúdio em Londres, entrando totalmente em contraste com o que foi mostrado na primeira parte do documentário. Peter Jackson faz isso; essa intensidade que faz parte de ser um músico, de integrar uma banda — tudo isso é entregue no documentário, essa imersão que chega sem pedir licença para o público, longe do glamour e das massas de fãs ao redor do quarteto.

Ineditismo e fan service

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Além de tudo isso, o icônico show no terraço da Apple Corps está finalmente sendo apresentado aos fãs na íntegra. O show toma conta de quase toda a terceira parte do documentário, em que é possível assistir a apresentação da banda com hits atemporais e que marcaram época, incluindo a canção que dá nome à minissérie de Peter Jackson, sendo performada três vezes.

Embora as duas primeiras partes mergulhem muito mais no lado documental da coisa, o capítulo três de The Beatles: Get Back ainda oferece imagens de bastidores e depoimentos exclusivos, mas deixa para o espectador aproveitar o gran finale da obra da mesma forma que acompanha um show. É um momento histórico e marcante independente da hora e lugar em que o assinante reproduzi-lo; Peter Jackson quer a total entrega do público presenciando um show que marcou a história do quarteto de Liverpool, e nada melhor para isso do que oferecer a experiência completa da ocasião.

Uma carta de amor aos fãs

The Beatles: Get Back é algo para se guardar no coração. A forma de contar histórias em capítulos, lançados dia após dia no Disney+, trouxe aos fãs esse gosto de esperar pelo que está por vir, de querer mais; o documentário é completo, cheio de detalhes e digno de toda a expectativa que o antecedeu. Jackson traz aqui uma sensação que ressoará de forma muito particular em cada fã dos garotos de Liverpool ao redor do mundo por essa proximidade entregue nas mais de 50 horas de registros que formaram o documentário.

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Mesmo com os momentos de stress e caos, Get Back ainda traz a leveza e descontração que fazia parte do dia a dia de Paul, John, Ringo e George. O filme possui diversos momentos que são capazes de não só emocionar, como também levar o fã dos Beatles para os mais variados humores: frustração, raiva, preocupação, alegria, diversão e, mais do que tudo, saudade.

Mas há também um sentimento único quando os créditos rolam na tela: há sim o vazio de não ter compartilhado da época em que os Beatles estavam na ativa, mas o que ressalta é a alegria de viver no mesmo momento em que Peter Jackson transformou tantas memórias numa obra que agora eterniza os últimos dias da banda. Independente da geração, o cineasta transformou, mais do que nunca, os Beatles parte de todos nós.

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The Beatles: Get Back está com as três partes disponível no catálogo do Disney+.