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Crítica | The Bay of Silence poderia ter ficado em silêncio mesmo

Por| 01 de Setembro de 2020 às 09h47

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Tbos Film
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Alguns filmes quando chegam ao público podem causar a sensação do nascimento de um novo clássico ou, pelo menos, de um sentimento parecido com a euforia por trazer algum valor instigante. Outros marcam pelo avesso, por serem péssimos em níveis que somente se esforçando muito para conseguir — The Room, por exemplo, conseguiu se transformar em um cult. The Bay of Silence parece ficar perto de alcançar esse limbo de lembrança torta, mas acaba sendo completamente esquecível.

Atenção! Esta crítica contém spoilers sobre o filme!

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Mistério?

A história acompanha Will (Claes Bang) que, após um primeiro ato penoso, acredita na inocência de sua esposa Rosalind (Olga Kurylenko) em um episódio envolvendo a morte do seu filho. Isso acaba direcionando tudo a um crime não resolvido no passado, enquanto o roteiro debutante de Caroline Goodall (atriz que interpreta a Marcia no filme) abusa de conveniências e de situações vergonhosas.

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Mas isso é o de menos. Porque, por mais que o texto seja confuso e só revele algo seguro ao espectador nos minutos finais, a diretora Paula van der Oest (de bons filmes, como A Acusada e Tonio — de 2014 e 2016 respectivamente) dá a impressão de não saber onde focar. Ou pior: talvez estivesse buscando que o suspense brotasse de investidas aleatórias.

Nesse sentido, não existe exatamente a construção de qualquer situação mais empática que possa criar ligações com o público, mesmo que, no centro de tudo, esteja uma abordagem ignorante de um trauma, da depressão pós-parto e o envolvimento de crianças. Van der Oest, inclusive, parece se esforçar na escolha dos planos, mas se esforçar negativamente, abusando de planos holandeses que tornam o que já estava troncho em uma sequência ininterrupta de péssimas escolhas.

O desconforto proporcionado pela direção, ainda, ao mesmo tempo que é explícito nas imagens, parece também descontruir a história e ceder uma relevância praticamente nula ao todo. Existe uma aura de inteligência forçada em cada passo dado pelo filme que nunca consegue se concretizar. Assim, sem firmar o que quer que seja, The Bay of Silence beira o ridículo com seu mistério.

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Felizmente...

A conclusão depois de toda a experiência sofrível, poderia ser o clímax, mas a recompensa por ter assistido a 93 minutos de um cinema vulgar é uma vingança randômica. A exposição do crime não resolvido do passado — que parece ser o grande salto de fé — não carrega força alguma e não alimenta qualquer resolução de tensão, esta que nem existe.

The Bay of Silence termina com gosto de tempo perdido, mas não antes de cometer outra bizarrice e tentar justificar seu título, com Will enxergando, em uma espécie de flashback sem noção, o início de tudo. No final das contas, cada cena é tão plastificada e, ao mesmo tempo, pobre, que, se fosse possível sentir o futuro, o verdadeiro thriller estaria com o público, nos minutos que antecedem o play. Porque, a partir daí, é só ladeira abaixo.

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Pelo menos acaba. E, felizmente, logo se esquece.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech