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Crítica | Por Que Você me Matou? mostra vingança sustentada pelo MySpace

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Abril de 2021 às 21h00

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Acaba de chegar à Netflix um novo documentário sobre crimes reais, dessa vez contando uma história que teve um desfecho inusitado para a época: o uso das redes sociais para chegar aos culpados. Por Que Você me Matou? conta a história de Crystal Theobald, uma jovem de apenas 24 anos que foi assassinada por uma gangue dentro do veículo em que estava com o irmão e namorado. O crime aconteceu na cidade de Riverside, no estado norte-americano da Califórnia, em 24 de fevereiro de 2006.

O documentário, então, conta um pouco sobre a história de Crystal e sua família, abordando ainda o surgimento de gangues na cidade, que abrigava pessoas de classes sociais baixas. A produção retrata o quanto o crime foi prejudicial para os jovens da região, que eram recrutados ainda adolescentes, e como Riverside se tornou um lugar de medo. O foco principal da trama, no entanto, é em como a mãe da vítima, Belinda Lane, transformou toda a sua raiva em esforços para conseguir uma confissão através do MySpace, uma das primeiras redes sociais da história.

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Atenção: esta crítica contém spoilers do documentário Por Que Você me Matou, da Netflix!

Por Que Você me Matou? não economiza em contar a história por meio de efeitos visuais relacionados ao MySpace, trazendo a simulação de um computador ainda com Windows XP acessando os perfis. A rede social, que foi fundada em 2003, nos Estados Unidos, permitia que os usuários criassem fóruns, personalizassem seus perfis com música, letras coloridas e GIFs, e também fizessem amigos conversando através da ferramenta de bate-papo. Tudo isso muito antes de o Facebook se tornar o que seria alguns anos depois.

O MySpace chegou a "pegar" aqui no Brasil, mas não tanto quanto o Orkut, por exemplo, ao contrário de como era nos Estados Unidos. Belinda Lane e a sobrinha de 14 anos na época, que a ajudou a criar perfis falsos, conseguiram rapidamente encontrar todos os membros da gangue 5150 por lá, pertencentes à comunidade mexicana. Foram dois perfis falsos criados, com duas personalidades diferentes, mas foi a conta com a foto de Crystal, sob o nome fictício de Angel, que conseguiu chegar a um dos culpados: William Sotelo.

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Por mais que a história se trate de um crime brutal e de uma perda, assistir à Belinda Lane contando suas estratégias de ódio contra os assassinos da filha são entretenimento puro, principalmente pela forma na qual essas informações são passadas no documentário, que passa a ter um ritmo mais acelerado. No começo, as conversas com William eram bem planejadas, com cuidado para que ele não desconfiasse de nada, mas após a confirmação de que era ele quem dirigia o veículo, Belinda saiu do controle e começava a enviar ameaças para os membros dessa gangue, além de contar a gangues rivais detalhes sobre as casas e carros da 5150.

Mas tudo mudou quando Lane decidiu desistir da ideia de assassinar os culpados, o que foi uma das revelações mais chocantes e que poderiam ter levado outro rumo à história, e entregou a conta para a polícia, finalmente deixando o plano nas mãos de quem poderia ter atitudes mais responsáveis e legais. No documentário, as reações da mãe de Crystal são justificadas pela sua história de vida de não sentir medo e viver sempre ao lado do perigo. Além disso, sentimos empatia pela sua luta com o vício em drogas, que chegou ao fim apenas após a tragédia.

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Não há como não comparar Por Que Você me Matou? com a série documental Don't F*ck With Cats, disponível na Netflix, que também mostra uma caçada a um criminoso pelas redes sociais, mas dessa vez através do Facebook. A intensidade das produções é a mesma, seguindo ainda no mesmo ritmo dinâmico que atiça a nossa curiosidade. A maior diferença, porém, é que na série a movimentação envolveu um número maior de pessoas e as consequências da busca foram muito mais problemáticas, ainda que tenha sido eficaz.

Além de contar a história de Crystal Theobald e relacionar a dor de uma mãe com o sentimento de justiça ou vingança, somos apresentados a uma realidade que está presente nas diferenças de classes e não somente nos Estados Unidos. Entre familiares e amigos dos envolvidos no crime, compreendemos em seus depoimentos que, muitas vezes, viver nesse mundo nunca foi uma opção, mas sim uma consequência de uma realidade que se concentra em um lugar só. Um dos personagens do documentário chega a dizer que não conhece nem Los Angeles, uma das cidades mais populares da Califórnia e do país, e muito menos foram às praias, e que o mundo deles consiste apenas em sobreviver em Riverside, tomando conta das ruas.

O documentário, por fim, aborda a revelação de quem foi a pessoa que efetuou os disparos que mataram Crystal: Julio Heredia, conhecido também como Lil Huero. O criminoso foi denunciado por William Sotelo assim que ele foi rendido pela polícia após a revelação no MySpace. Depois, ele teve a participação confirmada por uma dupla de irmãos, também membros da gangue. Suas histórias e envolvimentos com o mundo do crime também são retratados brevemente,como forma de contextualizar, mais uma vez, a realidade desse estilo de vida.

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Por que você me matou? já está disponível na Netflix.