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Crítica | Pit Stop é sitcom com fórmula antiga que até diverte, mas não faz rir

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Divulgação: Netflix
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Quando você aperta o play no primeiro episódio de Pit Stop, a mais nova série de comédia da Netflix, tem a impressão de que já assistiu aquilo em algum lugar, sem saber muito bem se foi há pouco tempo ou mais antigamente. Isso, porque a produção conta com uma essência já conhecida em sitcoms dos anos 2000, o que provoca um sentimento que é justificado ao descobrir que Jeff Lowell, responsável também pelas últimas temporadas de Two and a Half Men e pela mais recente The Ranch, é o criador do lançamento.

Pit Stop conta a história de uma equipe de corrida chamada Bobby Spencer Racing, que compete pela associação esportiva Nascar, de stock car, e que enfrenta uma mudança no escritório: o fundador da equipe, Bobby Spencer (Bruce McGill), decide se aposentar e coloca para trabalhar em seu lugar a filha Catherine (Jillian Mueller), que já trabalhou no Vale do Silício, para tomar conta da empresa e tentar modernizar as suas estratégias.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da série Pit Stop, da Netflix!

Desde o início, a série investe em um humor carregado de estereótipos que são reforçados em tentativas constantes de piadas, que até chegam a ficar cansativas, valorizando diversos comportamentos antiquados dos personagens. A trama aposta em um personagem que é visto por todos como burro, traz ainda a mulher que faz tudo na empresa e não é valorizada, o mecânico mal-humorado, um engenheiro que todos odeiam, em uma tentativa frustrada de criar um novo Toby de The Office, e em um protagonista que foi criado para ser carismático, mesmo com seus pensamentos machistas e por estar estacionado no tempo.

A presença de Catherine incomoda desde o início, não apenas por ela ser a filha do homem com o maior poder ali dentro, como por não ter experiência com o esporte. Mesmo com um bom currículo de gestão, o seu trabalho é constantemente criticado pelos colegas, em meio a muito humor, claro, principalmente por Kevin Gibson (Kevin James), que tenta até sabotar a nova chefe. Mas o ódio velado da equipe por ela é firmado quando Catherine tenta substituir o piloto atual, Jake (Freddie Stroma), pela novata Jessie De La Cruz (Paris Berlec), em uma estratégia de atrair mais investidores interessados em vender com a valorização de mulheres em cargos que são dominados pelos homens.

Tanto Catherine quanto Jessie não são bem recebidas, mesmo que a nova piloto seja uma grande aposta para a equipe, uma vez que Jake não vem trazendo bons resultados nas corridas. Então, a trama dá início a uma guerra constante entre os pilotos e entre Kevin e a nova chefe. Kevin James, inclusive, assim como o próprio personagem, parece que parou no tempo, se aproveitando das personalidades de papéis anteriores, abusando do humor autodepreciativo ao mesmo tempo em que esbanja um ar de superioridade.

Pela competitividade ser mostrada com humor, afinal se trata de uma série de comédia, depois de um certo tempo começa a ficar cansativo, já que são 10 episódios de história. Os roteiristas conseguem, no entanto, criar piadas fáceis e diretas, sem que haja a necessidade constante de buscar alguma referência para entendê-las, ou ainda "pescar" no ar o que cada piada quis dizer. Isso faz com que a série seja divertida, pois não há nenhum momento que possa ser definido como entediante, na forma mais extrema da palavra.

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É um humor engessado no qual já estamos acostumados, o que faz com que Pit Stop também seja fácil de assistir, além de ser divertida. Até mesmo as questões antiquadas citadas acima não são flagradas a todo momento, pois cada cena traz uma distração diferente, se transformando em uma produção dinâmica. Quando você está se indignando com alguma atitude de Kevin, outro assunto entra em pauta, com os temas sendo intercalados regularmente.

A série não consegue trazer grandes gargalhadas, até porque se todas as piadas fossem extremamente engraçadas seriam quase 30 minutos de riso constante, tamanhas são as tentativas. Os cenários, todos se passando no Bobby Spencer Racing, também acabam sendo cansativos visualmente, com muitos detalhes, mesmas cores e objetos a todo momento, trazendo uma grande poluição visual.

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A série pode até ser interessante para quem está familiarizado com o tema Nascar, ou corridas em geral e outros esportes, mas existe uma longa distância entre ser uma produção divertida e muito engraçada. Pit Stop pode até arrancar sorrisos de quem está assistindo, mas Kevin James, desta vez, ficou devendo nas gargalhadas.

Pit Stop está disponível na Netflix em 10 episódios.