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Crítica F1: Dirigir Para Viver | Temporada 4 amplia uma batalha de gigantes

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Netflix
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A batalha acirrada entre Lewis Hamilton, da Mercedes; e Max Verstappen, da Red Bull, ponto a ponto até as últimas voltas do grande prêmio derradeiro, com direito a troca de farpas, acidentes e questões técnicas, poderia muito bem ser um enredo de filme. A disputa também é a tempestade perfeita para a quarta temporada de F1: Dirigir Para Viver, série original da Netflix que estreia nesta sexta-feira (11) e, como já era de se esperar, deita e rola sobre a competição mais empolgante da modalidade nas últimas décadas.

O foco nos pilotos e nas histórias pessoais envolvendo quebras de contrato, questões intimistas e até inimizades entre companheiros chega até mesmo a ocupar menos espaço nos novos episódios, que se voltam mais para os acontecimentos nas pistas do que nunca. Claro, F1: Dirigir Para Viver não deixa o olhar focado de lado, mas quando as supremacias são ameaçadas e os eventos das corridas deixaram os espectadores com os nervos à flor da pele, é claro que esse sentimento também seria transportado para as telas.

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Intimidade dentro e fora das pistas

F1: Dirigir para Viver terá 10 episódios em sua quarta temporada, e o Canaltech teve acesso aos quatro primeiros, suficientes para mostrar os ares renovados deste novo ano. E isso é um reflexo direto do que aconteceu na própria temporada da Fórmula 1, onde pilotos conhecidos e equipes já acostumadas a estarem no topo performaram uma batalha como poucas vistas nos anos recentes. Os “melhores do resto” também fazem parte da história e agora têm ainda mais espaço no seriado da Netflix.

Não é a toa que essa saga ocupa boa parte dos episódios iniciais da nova temporada. E enquanto Max Verstappen anunciou que não participaria da série por ter se incomodado com rivalidades exageradas exibidas no ano anterior, o espaço foi mais do que bem preenchido por Lewis Hamilton e pelo combate ferrenho entre Red Bull e Mercedes, que se desenrola pelos olhares dos dirigentes das equipes de ponta.

A produção apresenta um raro olhar sobre a intimidade e a personalidade de Toto Wolff, um dos homens mais poderosos do esporte, que se une à participação sempre de peso de Christian Horner. A personalidade sempre fria do diretor da Mercedes faz com que seus momentos de destempero e a pressão a que foi submetido em 2021 sejam memoráveis, enquanto os comentários sempre provocativos do diretor da Red Bull trazem o tom da rivalidade nem sempre saudável que permeou a temporada.

Além disso, a Netflix também resolvem algumas críticas feitas aos anos anteriores de F1: Dirigir Para Viver. Como se estivesse dando uma resposta a deslizes do passado, a série faz questão de mostrar a amizade entre Lando Norris, da McLaren, e Carlos Sainz em seu primeiro ano na Ferrari.

Ao mesmo tempo, os novos episódios exercem trazem uma rara carga de dramaticidade sobre Daniel Ricciardo, que aparece com uma faceta bem menos sorridente do que estamos acostumados enquanto tenta se aclimatar à McLaren depois de sair da Renault e vê seu companheiro muito mais forte.

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Por outro lado, a Haas é o centro de um dos episódios mais esquisitos desta primeira metade da temporada 4 de F1: Dirigir para Viver. A personalidade do diretor da equipe, Günther Steiner, brilha como sempre, enquanto o vemos em um dos momentos mais dramáticos de sua carreira, lutando para conseguir dinheiro e manter a escuderia de pé ao mesmo tempo em que se vê diante de vaidades e da sempre esquisita ideia de ter Nikita Mazepin, filho de seu patrocinador principal, como piloto.

Uma escalada estranha de eventos quase transforma a relação entre a Haas e a empresa de fertilizantes russa Uralkali em uma trama de heróis e vilões, enquanto, pelo menos nos capítulos iniciais, as acusações de assédio contra Mazepin são totalmente ignoradas. Ao mesmo tempo, Steiner surge novamente como uma figura marcante, desta vez não apenas pelas tiradas, mas por realizar diante das câmeras uma vontade de infância que gera algumas das imagens externas mais bonitas de toda a produção.

O melhor está por vir

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A ordem não necessariamente cronológica da série, que vai e volta entre corridas próximas como forma de mostrar diferentes ângulos e competições diferentes em uma mesma pista, ajuda a aprofundar a história da temporada. Mas a fórmula também gera estranheza quando F1: Dirigir Para Viver dá um salto, de Monaco à Inglaterra, renegando, inclusive, o dramático e raro erro de Hamilton no Grande Prêmio do Azerbaijão a um mero flash e um comentário rápido entre Toto e o piloto.

Ainda assim, F1: Dirigir Para Viver também parece chegar à quarta temporada reconhecendo seu papel melhor do que nunca. A série sabe que ampliou a audiência do esporte em todo o mundo e, com isso, também parece entender que é um documento da temporada e de seus segredos; falas muito bem escolhidas dos envolvidos marcam o tom de um jogo que teve muitas viradas até seu último ato.

É curioso, por exemplo, notar o clima de derrota na Mercedes após as sucessivas derrotas para a Red Bull e os problemas mecânicos. Ao mesmo tempo, surge como um ponto de virada quase cinematográfico a vitória de Hamilton no Grande Prêmio de Silverstone, em sua terra-natal, a Inglaterra. É como a jornada do herói que, apesar de neste caso não vir de baixo, encontra a força e o ímpeto para lutar até o final em uma batalha que soava perdida.

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O mesmo também vale para a já mencionada situação de Daniel Ricciardo e da McLaren, que começou o ano em uma dura batalha contra a Ferrari pelo terceiro lugar do Mundial de Construtores para protagonizar alguns dos momentos mais interessantes da temporada. Dá vontade, em alguns momentos, de dar um abraço no piloto australiano, daqui do futuro, e dizer para ele que tudo vai ficar bem.

Os quatro episódios assistidos pelo Canaltech terminam justamente no momento do acirramento das tensões, quando Mercedes e Red Bull colocam a faca nos dentes e partem para o combate. Quem acompanhou a temporada de 2021 sabe muito bem o papel do diretor de provas Michael Masi nos eventos que levaram ao primeiro título mundial de Verstappen, com uma breve aparição do dirigente mostrando que esse deve ser, sim, um assunto abordado pela série, talvez encerrando sua tradição de tentar se manter fora de polêmicas.

Vale a pena assistir a temporada 4 de F1: Dirigir Para Viver?

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A melhor temporada da Fórmula 1 nos últimos anos também parece ter rendido o melhor ano da série da Netflix até hoje. Ainda que cacoetes do passado ainda estejam presentes, como as prévias dos próximos episódios que são inexplicáveis em um show liberado de uma só vez e geram repetição, percebemos um aumento na qualidade técnica e mais profundidade nas histórias na medida em que os integrantes da modalidade se sentem mais e mais à vontade diante das câmeras.

Como sempre acontece, F1: Dirigir Para Viver entrega entretenimento para quem acompanhou todas as corridas e para aqueles que só conhecem a Fórmula 1 de passagem, mas gostariam de ter um olhar mais aprofundado. Talvez seja a primeira vez que aqueles que acompanham o esporte tenham mais a absorver — mas há um pouco para todos, seja apenas nas belíssimas imagens, no bom encadeamento de enredos ou na competição ferrenha, que sempre foi uma marca do esporte, e agora mais do que nunca.

A temporada 4 de F1: Dirigir Para Viver estreia na Netflix na sexta-feira, dia 11 de março, servindo de aquecimento para o início da temporada da Fórmula 1, cuja primeira corrida acontece uma semana depois.