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Crítica Exorcismo Sagrado |Uma boa ideia para arder no inferno das más execuções

Por| Editado por Jones Oliveira | 11 de Fevereiro de 2022 às 21h00

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Divulgação/Imagem Filmes
Divulgação/Imagem Filmes

"De boas intenções, o inferno está cheio". A velha sabedoria popular poderia muito bem servir para descrever o plot de Exorcismo Sagrado, mas vale muito bem também para o filme em si: uma tentativa de emplacar uma crítica social envolta em uma diversão daquilo que se espera de um filme de exorcismo que passa longe de ser qualquer uma dessas coisas.

É uma ideia boa, mas muito mal executada e cheia de decisões equivocadas que faz com que ela não atinja nenhum desses objetivos. É algo que dá tão errado que falha até mesmo em ser terror. Ao invés de causar medo, ele te faz gargalhar com o absurdo apresentado.

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O mal interior

A grande sacada de Exorcismo Sagrado é fazer do filme uma crítica à corrupção da própria Igreja. Se essa instituição tida como santa estiver maculada pelo pecado, ela é capaz de se opor às forças do mal?

Essa mensagem é personificada na figura do padre Peter (Will Beinbrink), um homem tido como milagroso na comunidade mexicana em que trabalha, mas que carrega uma mancha em seu passado: durante uma sessão frustrada de exorcismo há quase 20 anos, ele se deixou ser tentado pelo Diabo e agora as consequências desse episódio voltam para assombrá-lo.

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Mais uma vez, a premissa é boa. Essa relação entre o protagonista e a figura do Vaticano instiga e a provocação é interessante. Da mesma forma que o personagem principal passa a ser atormentado pelo demônio por ter o peso desse pecado em sua alma, como pode a Igreja se declarar santa tendo tantos escândalos em seu interior?

O problema é que o roteiro e a direção não conseguem sustentar essa proposta. Para dar forma a essa crítica à igreja, o filme tenta justamente corromper símbolos religiosos para passar essa imagem de que o sagrado foi profanado. É um bom conceito, mas que não funciona na tela a um nível de você gargalhar quando vê a imagem de Jesus crucificado ser transformado em um monstro que persegue os padres na igreja. Não há terror quando a coisa é ridícula.

E esse é um problema recorrente. A falta de sutileza de Exorcismo Sagrado ao trabalhar a crítica é tamanha que a mensagem se dilui e se perde à medida que os mesmos elementos são repetidos à exaustão na tela. Essa ideia da imagem sacra se tornar demoníaca é algo que se repete pelo menos cinco vezes em uma hora e meia de filme.

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Aliás, o longa sofre muito com essa falta de criatividade na hora de criar situações para gerar o terror. Todas as tentativas de criar cenas assustadoras são feitas da mesma forma: criando uma tensão que não se concretiza para, no segundo seguinte, aparecer um jump scare. É algo aplicado tantas vezes que passa a irritar, pois não há susto ou mesmo medo quando você já sabe o que vem aí.

A coisa é tão sem rumo que, em determinado ponto da história, Exorcismo Sagrado se torna um filme de zumbi. Toda a dinâmica de padre e demônio que a gente espera de um filme de possessão é esquecida para colocar o pároco correndo por uma velha prisão mexicana fugindo de uma horda de mulheres possuídas pelo tinhoso. E aí entra todo o checklist que se espera de um filme de zumbi: fuga em corredores estreitos, a pressa para trancar a porta, heróis encurralados, o aliado pego pelos mortos-vivos e por aí vai.

Mergulhando em clichês

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E é uma pena que essa falta de criatividade prejudique tanto Exorcismo Sagrado. O filme quer brincar com estilo e subverter elementos e estruturas de histórias de possessão, mas não sabe como fazer isso e acaba apenas repetindo alguns clichês.

Do demônio que provoca o padre pelo sexo ao vômito e o body horror, tudo aquilo que a gente imagina de um filme básico de exorcismo está presente da forma mais tradicional possível, com direito até mesmo a referências à cenas icônicas de O Exorcista. Mais uma vez, ele segue pelo caminho mais óbvio possível por não saber como fazer diferente.

Isso evidencia o quanto o roteiro como um todo é fraco. De diálogos ruins a soluções tiradas do mais absoluto nada, nada se sustenta em Exorcismo Sagrado. A ideia de apresentar um exorcismo reverso é legal, mas se perde em meio a um apanhado de bobagens — como a corrida do padre para enviar um arquivo em seu celular para recuperar sua santidade. Isso sem falar da reviravolta apresentada na cena final, que é tão jogada quanto sem propósito.

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Uma boa ideia não basta

Em um mercado tão dependente de remakes e reboots quanto o cinema, boas ideias são sempre bem-vindas — o problema é que elas sozinhas não bastam. Precisam estar acompanhadas de um roteiro que sustente essa proposta, de atuações que carreguem a tônica pretendida e de uma direção que consiga dar o tom pretendido — e Exorcismo Sagrado não consegue nada disso.

A mensagem central da trama está mais do que evidente e até mesmo a ideia de fazer um exorcismo de Deus, como o título original entrega, é bem boa, mas tudo o que é colocado para dar forma a esses conceitos é fraco demais. Não é terror e tampouco impactante. No máximo, é lamentável.

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Exorcismo Sagrado está em cartaz nos cinemas do Brasil; garanta seu ingresso na Ingresso.com.