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Crítica Dexter: New Blood | Minissérie conclui a missão de entregar um bom final

Por| Editado por Jones Oliveira | 10 de Janeiro de 2022 às 22h20

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Showtime
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Enquanto esteve no ar, entre 2006 e 2013, Dexter se tornou uma das séries mais populares do momento, arrecadando fãs em uma época em que não se falava muito sobre produções que se passam na vida de assassinos em série. Baseada em uma saga de livros de mesmo nome de Jeff Lindsay, a trama contou a história de Dexter Morgan, um serial killer "do bem".

Ainda que Dexter colocasse em prática seus instintos assassinos incontroláveis com base nos ensinamentos do pai, o caos sempre perseguiu o personagem, dando a entender que o seu final não seria a impunidade. No entanto, ao fim da oitava e última temporada de Dexter, o serial killer conseguiu não só não ser pego, como fugir para outro local sob um novo nome.

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Esse final, no entanto, não agradou os fãs, uma vez que o destino de Dexter pareceu uma fuga fácil e o futuro ficou no escuro. Para onde ele foi? Como irá sobreviver? Dexter viverá isolado ou se infiltrará na sociedade mais uma vez? Essas e outras perguntas ficaram em nossas cabeças, em um final que não trouxe um fechamento adequado para a complexidade do personagem.

Felizmente, quase 10 anos depois, fomos presenteados com um final digno através da minissérie Dexter: New Blood. A trama acaba de chegar ao fim em seu décimo episódio, que nos mostrou como era a vida de Dexter, agora Jim Lindsay, e muitas das perguntas que haviam ficado no ar foram respondidas.

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Atenção: esta crítica contém spoilers de Dexter: New Blood!

O bom e velho Dexter

Desde o primeiro episódio, a minissérie trouxe um alívio para a desconfiança de que reviver a história de Dexter não desse certo. Felizmente, os criadores da trama estavam mais do que engajados em entregar um final digno ao personagem, ou aos fãs, e ao longo da temporada as sensações positivas foram inúmeras.

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Dexter: New Blood conseguiu nos fazer lembrar de quem é Dexter, o que também é mérito do intérprete Michael C. Hall, e como esse personagem conseguiu conquistar todos aos que apertaram o play na série de origem. Jim Lindsay conseguiu passar 10 anos de sua vida existindo de forma pacata em uma cidade pequena, sendo amigo de todos, trabalhando em uma loja e até namorando. Mas como o próprio diz, o "passageiro sombrio" nunca morre, apenas adormece, e o resto da existência do serial killer não seguiria nesse ritmo.

É quando começamos a reconhecer o Dexter de anos atrás: inteligente, com planos bem orquestrados, sempre alerta com o que acontece ao redor, mas também humano e cometendo deslizes. São nesses vacilos que seus planos saem do controle mais uma vez, e seus últimos erros os levaram a encerrar a sua jornada de assassino em série. Talvez, o maior erro do personagem seria acreditar que ninguém ao seu redor pudesse ser tão esperto quanto ele e que não é um código muito bem ensinado que o livraria de ser um criminoso.

Harrison e "o código"

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O retorno de Harrison, muito bem interpretado pelo jovem Jack Alcott, foi crucial para o final do personagem. Dexter abandonou o filho com medo do filho também ter os instintos assassinos e precisar ensinar a ele o famigerado código, que sempre foi apenas uma desculpa para poder aceitar o seu impulso criminoso. Essa tática fez o personagem acreditar que ele fosse um herói "fora da lei", e quando se viu impotente diante do filho e quem ele estava se tornando, tentou ensiná-lo a mesma coisa.

A reviravolta do final, ainda que premeditada, apenas comprovou que ele sempre esteve sozinho em seu desejo por matar, e que nem toda pessoa com instintos violentos simplesmente querem ou precisam aceitar essa condição. Dexter nunca foi um herói, ainda que tenha sido um personagem carismático por quem sempre torcemos, e por isso o final da série original não foi adequado para alguém como ele.

Dexter foi um assassino em série que cometeu crimes que não deixam de ser horrendos simplesmente por terem sido contra vilões "reais". Todo e cada plano do personagem resultou em consequências perigosas para pessoas inocentes, o que de certa forma acaba quebrando o tão falado código. A minissérie, portanto, conseguiu trazer um final trágico e significativo para o personagem, em vez de apenas levá-lo para a prisão para pagar pelos seus crimes juridicamente, o que seria com a pena de morte.

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Dexter Morgan sempre foi complexo demais para ter um final óbvio e chinfrim. A prisão não combina com o Dexter. Julgamentos não combinam com o Dexter. A única forma do personagem ter um final satisfatório tanto para o público, que seria a punição, como para ele mesmo, sem sofrer com a punição, seria com a morte. A vida do personagem foi tirada pelo próprio filho, Harrison, que seguiu o seu código, afinal o pai havia acabado de assassinar alguém que não merecia.

Ali, naquela pequena cidade fria, os instintos de Dexter não foram controlados por muito tempo, e seria esquisito salvar o personagem e fazer com que ele, novamente, criasse uma nova vida. Mais uma vez, a sua vida de serial killer seria exposta e entraríamos em um ciclo sem fim. Quanto ao destino de Harrison, ele pode continuar seguindo o código em sua nova e solitária vida, mas não precisamos desse fechamento agora, afinal a série não é sobre ele e isso pode acontecer em um possível spin-off.

Dexter: New Blood, portanto, conseguiu cumprir a sua missão de trazer, com nostalgia, um final digno para o personagem e todo o caos que ele proporcionou ao longo de sua vida, fazendo com que a redenção da série original, felizmente, desse certo.

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Dexter: New Blood está disponível no Paramount+ em 10 episódios.