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Crítica | Defending Jacob entrega mistério e terror psicológico para o Apple TV+

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Divulgação: Apple TV+
Divulgação: Apple TV+

As séries originais do Apple TV+, plataforma de streaming da Apple, ainda estão longe de serem tão populares quanto as da Netflix, HBO GO e Amazon Prime Video. Talvez algumas pessoas ainda não saibam que é possível ser assinante sem ter um produto da companhia ou simplesmente desconhecem da existência do serviço.

Apesar da pouca popularidade, o serviço vem entregando boas produções, como a série Defending Jacob, ou no bom português Em Defesa de Jacob, que chegou ao seu último episódio nesta sexta-feira (29). A trama é baseada em um livro homônimo do autor William Landay, que não retrata uma história real, apesar de se inspirar em alguns fatos.

Defending Jacob conta a história de Jacob Barber, interpretado por Jaeden Martell, um adolescente acusado de ter assassinado um de seus colegas de escola que fazia bullying com ele, Ben Rifkin (Liam Kilbreth), e que precisa a ajuda do pai, o eterno Capitão América, Chris Evans, para advogar em sua defesa. A tarefa, que já seria difícil para um desconhecido, uma vez que existem provas contundentes contra o garoto, se torna ainda mais desafiadora por envolver um sentimento fraternal.

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Atenção: esta crítica contém spoilers de Em Defesa de Jacob!

O assassinato de Ben, algo que esperamos do primeiro ao último episódio, não é mostrado em momento algum. O máximo que temos é o jovem no bosque onde tudo aconteceu, momentos antes, e o seu corpo já sem vida no chão. Somos apresentados então à família apática Barber e a um julgamento diferente no qual apenas Andy está presente. Conforme as situações vão ocorrendo, imagens desse julgamento lá no futuro vão sendo apresentadas, causando uma confusão sobre os acontecimentos, mas também deixando claro que o fim não foi satisfatório para a família.

Em tons frios e com pouca iluminação, a série não é visualmente empolgante de continuar assistindo, mas como todo bom mistério a curiosidade sempre vence. Os personagens também não são nada carismáticos, mesmo que se trate de uma terrível história de assassinato e culpa. Até mesmo nos momentos de lazer e alegria, a família Barber ganharia o troféu de pessoas mais sem graça do mundo.

Mas a questão é: Jacob matou Ben ou não? Três importantes provas dizem que sim: o fato de o garoto carregar uma faca consigo, que depois foi eliminada de alguma forma por Andy; as impressões digitais do acusado na roupa da vítima; e, por fim, o que só é revelado quase no final da série, a existência de um texto escrito por Jacob com relatos detalhados de um assassinato muito similar, em forma de conto. O autor da história acerta em não transformar os pais em pessoas cegas que não acreditam de jeito nenhum na culpa do filho.

Em vários momentos, tanto Andy quanto Laurie (Michelle Dockery), a mãe, desconfiam da inocência do filho, afinal as provas são bastante encriminadoras. Esse sentimento, que deve ser o pesadelo de qualquer pai, é o que mais traz emoção para o outro lado da tela, nos levando a questionar várias vezes sobre a culpa ou não, algo que é impossível de determinar. Talvez essa tenha sido uma grande decepção para quem não gosta de ver um caso que não foi resolvido, uma vez que Defending Jacob foi definida como uma série limitada, ou seja, provavelmente não haverá continuação. A trama chega ao fim sem sabermos se Jacob matou Ben ou quem teria cometido esse terrível crime.

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Em Defesa de Jacob acerta também na questão de entregar um bom mistério, aquele que nos faz roer as unhas, sentir o coração pulsar na garganta e ficar de queixo caído. Desde a existência do pai de Andy, Billy Barber (J.K Simmons) que cumpre prisão perpétua por assassinato e que faz a defesa questionar sobre os "genes de assassino" possivelmente existentes em Jacob, até o pedófilo convicto que acaba sendo condenado (e assassinado) no lugar de Jacob graças aos esquemas de Billy. Basicamente, Jacob é inocentado sem fazer nenhum esforço para isso, ao menos não explícito, e deixando uma cicatriz na família para sempre.

A série acerta no mistério e no terror psicológico, mas a história peca no sentimento de justiça buscado por todos, afinal não sabemos ainda da culpa de Jacob. O garoto chega a confessar o crime, momentos antes de um acidente que sofreu com a mãe, perturbada por acreditar na culpa do filho, mas as palavras parecem ter saído da boca de Jacob apenas para que ela desacelerasse o carro. Mesmo com a apatia dos personagens e imagens um tanto quanto depressivas, Defending Jacob consegue prender o espectador até o final, entregando algumas possibilidades que, agora, cabem à imaginação de quem está assistindo definir.

Defending Jacob tem oito episódios, todos disponíveis no Apple TV+.