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Crítica Chucky | Série do Brinquedo Assassino mostra que o tosco também é bom

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Dezembro de 2021 às 18h30

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SyFy
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Chucky, o famoso brinquedo assassino, divide opiniões: enquanto alguns fãs de filmes de terror gostam muito desse boneco aterrorizante, outros o acham ridículo. Porém, também existe o lado de quem tem medo, que é o caso de quem escreve este texto. Chucky foi o terror de muitas crianças da década de 1980 e 1990, e somente as caixas das fitas VHS no corredor das locadoras de vídeo já eram suficientes para provocar um pavor de tirar o sono.

Os filmes também passavam bastante na televisão aberta, principalmente à noite. Mesmo assim, a programação da tarde era inundada com comerciais anunciando que filmes da saga de terror, que começou em 1988 e é imprópria para menores, passaria mais tarde. Depois de anos evitando fazer contato visual com o boneco, chegou a hora de encará-lo de vez. E isso aconteceu com a série Chucky, que chegou ao Brasil pelo Star+. A coragem veio, mas ainda não é grande o suficiente para enfrentar os filmes, ainda que a vontade exista.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da série Chucky!

Tosco, sim

A experiência de assistir à série sem ter qualquer conhecimento dos filmes foi, digamos assim, única. Caso alguém ainda não saiba, Chucky é um boneco da linha Good Guys que foi possuído por Charles Lee Ray, um serial killer que, ao ser morto pela polícia, conseguiu transferir sua alma para o brinquedo. E é exatamente neste ponto que está o maior diferencial da série para os filmes: conhecemos mais sobre Charles.

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Tudo isso acontece com mais tecnologia ao nosso dispor para tentar deixar o boneco o mais real possível, ainda que muitos de nós (é o que esperamos) nunca tenhamos visto um boneco possuído. Saber da história dele, inclusive, também traz um pouco de acalento para quem acha que possessão demoníaca é muito mais intensa do que a possessão por alguém que já foi um humano (do pior tipo).

Mas se tem algo que Chucky não deixa de lado é o fato de ser tosco. Com exceção dos momentos em que a expressão de Chucky muda completamente para mostrar que ele é um ser perigoso, chega a ser fofo seus movimentos com as mãos, suas caminhadas e seus trejeitos enquanto faz os seus diálogos profundos de quem se mantém vivo apenas para matar.

Toda essa tosquice torna a série surpreendentemente boa, primeiramente pelos envolvidos não terem tido medo de fazer tudo sair do controle, o que resultou em uma carnificina com assassinatos muito bem orquestrados.

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Mais do que matanças

Ser ridículo está na essência do brinquedo assassino, afinal ele é um brinquedo. Mas Chucky também acerta no restante do elenco, deixando crianças de lado para trazer adolescentes de verdade e não pessoas com mais de 20 ou 30 anos que nós vemos e fingimos acreditar que têm 16. Esses adolescentes dão uma lição de atuação nos adultos, inclusive, e se mostram mais do que espertos quando entendem tudo o que está acontecendo.

Enquanto as matanças do boneco ameaçam suas famílias, a série nos apresenta a outros sentimentos desses pequenos personagens, que estão descobrindo suas sexualidades, por exemplo, e debatendo temas como bullying, abandono, entre outras questões que têm tudo para prejudicar a saúde mental desses quase adultos.

O protagonista Jake (Zackary Arthur) é a primeira pessoa a ter contato com Chucky. Ao retornar para sua cidade natal, Hackensack, o menino encontra o boneco e ele tenta induzi-lo a todas as crueldades enquanto o garoto desabafa sobre o preconceito sofrido pelo próprio pai. São questões que nos trazem dois tipos de horror: o da ficção e o da vida real.

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Também se fala sobre comportamento com a personagem Lexy (Alyvia Alyn Lind), que se mostra tão cruel nos primeiros episódios que até Chucky tenta pagar de bom moço e diz que ela precisa morrer por ser quem é.

Passado de Charles

A série acaba abordando muito a temática de quem somos antes de sermos corrompidos, ou se precisamos apenas de um gatilho para nos tornarmos quem somos. Como Chucky traz muitos flashbacks do passado de Charles, vemos que ele foi uma criança que presenciou assassinatos e que passou a se tornar um. Por isso as histórias dos adolescentes se tornam muito mais interessantes do que as dos adultos, que já têm suas personalidades formadas e resistência a entender o que está fora de sua bolha.

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Don Mancini, o criador dos personagens, acertou na série Chucky ao trazer uma história que pode empolgar tanto os novatos no universo do boneco assassino até os fãs mais fiéis. A trama, que acaba de chegar ao seu último episódio, terminou com um saldo positivo e uma renovação para a segunda temporada. O boneco, agora com seu exército de cópias com fragmentos de sua alma, deve retornar com ainda mais intensidade e trazendo muito mais facadas e planos mirabolantes para matar o maior número de pessoas possível.

A 1ª temporada de Chucky está disponível na íntegra no Star+.