Crítica Através da Minha Janela 3 | Chato e escuro como o inverno europeu
Por Diandra Guedes | Editado por Durval Ramos | 26 de Fevereiro de 2024 às 15h00
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Os livros da saga Através da Minha Janela até podem fazer sucesso com o público, mas os filmes realmente deixam a desejar. Depois de um segundo capítulo ruim — Através da Minha Janela: Além Mar é bem decepcionante — chegou a vez de Olho Nos Olhos desperdiçar o tempo do assinante da Netflix. Lançado no dia 23, o longa acompanha Raquel (Clara Galle) e Ares (Julio Peña) tentando seguir em frente depois do término. Ela já está com outro rapaz e ele, por sua vez, tenta se convencer de que gosta da sua nova namorada.
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O enredo não engrena e a trama logo cai na armadilha de tentar convencer o público de que ali há alguma história interessante. Infelizmente, por longos minutos, o que se vê são apenas sequências questionáveis na qual Raquel e Ares tentam lutar contra o amor que sentem um pelo outro.
Como o filme é um romance e, mais do que isso, a expressão máxima do clichê, é claro que o casal de protagonistas fica juntos no final. E isso nem é o grande problema. O que mais incomoda é o longa entregar uma trama rasa, sem nenhum atrativo que prenda a atenção do público. Até mesmo o fato de Raquel conseguir, finalmente, lançar o seu primeiro livro é deixado de lado para privilegiar um romance sem graça que não convence mais ninguém.
Para piorar a situação, a fotografia é escura e faz as imagens perderem nitidez em vários momentos, o que, mais uma vez, ajuda o público a se dispersar. Continuando na seara de erros, os coadjuvantes dessa vez ficam ainda mais de lado. Artemis (Eric Marsip) e Apolo (Hugo Arbués), simplesmente somem na trama, sem ganharem relevância nenhuma.
Há momentos risíveis, como a cena à la Romeu e Julieta vivida pelo casal principal, quando Ares salva sua amada de um afogamento, mas sofre com sua alegria ao cloro e quase morre. Tudo isso, poderia ter sido bem explorado, mas o texto não se importou em aprofundar nenhum momento relevante, e fez o espectador se perguntar ao menos uma vez: “afinal, esse filme serve para quê?”
A resposta certa seria “para nada”, pois nem os mais apaixonados pelos livros homônimo de Ariana Godoy conseguirão se encantar com a trama. Felizmente, o longa termina mostrando que a mocinha desistiu de escrever uma continuação do seu livro, o que indica que a série de filmes realmente termina aqui.
Nudez, beijos, e nada mais
Um ponto criticado no segundo filme era a quantidade de cenas de nudez — em maioria protagonizada por mulheres — desnecessárias. Aqui elas se repetem. Não são muitas, mas todas são superficiais e irrelevantes para a trama. Só que, tirando elas, os beijos e o drama entre os protagonistas, não sobra mais nada do filme.
Nem a relação conturbada de Raquel com a mãe é explorada, e nem o fato dela ter sido drogada pela sua amiga. E é assim, com uma trama totalmente morna, quase fria, e sem nenhum atrativo que prenda a atenção do público, que Através da Minha Janela: Olho nos Olhos termina uma saga que não disse a que veio. São quase duas horas desperdiçadas, mas se ainda assim você quiser assisti-lo para tirar suas próprias opiniões, já pode dar o play na Netflix.