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Como a Netflix ganha dinheiro?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Vardan Papikyan/Unsplash. Montagem: Canaltech
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Tudo sobre Netflix

A Netflix se tornou uma potência tão grande no mundo do entretenimento que, para o consumidor, é até estranho imaginar viver sem o serviço. Para muita gente, a empresa se tornou sinônimo de streaming e, mesmo com as várias críticas feitas aos valores cobrados em todo o mundo, ela é a principal escolha do público na hora de assinar uma plataforma do gênero.

E a razão para isso é bem simples. Além de ser a responsável por apresentar a boa parte do público o que é um streaming, o catálogo de peso mantém sua relevância e a transforma em um serviço quase essencial para quem gosta de filmes e séries. De Stranger Things e Ataque dos Cães, a companhia não economiza na hora de se mostrar como necessária para quem gosta de um bom entretenimento.

A grande questão, contudo, é de onde a Netflix tira tanto dinheiro para bancar essa postura. Em um mercado tão aquecido quanto o de streaming, o serviço está sempre de bolso aberto para manter sua liderança — tanto que, em 2021, gastou mais de US$ 17,3 bilhões em produção de conteúdo para garantir essa relevância, isso sem falar dos custos com marketing. Mas onde está a galinha dos ovos de ouro da empresa?

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Do DVD ao streaming

Para entender como a Netflix faz dinheiro, é preciso primeiro voltar um pouco no tempo e recapitular como a empresa surgiu. E, como você já deve ter ouvido, isso foi feito de uma forma bem diferente daquela que conhecemos hoje.

A companhia surge em 1997 com a ideia de ser uma espécie de delivery de locadora. Ao invés de você ir até um lugar escolher o filme que iria ver, fazia isso online e recebia o DVD pelos correios. A promessa inicial era entregar uma comodidade que gigantes como a Blockbuster não ofereciam.

O funcionamento inicial era idêntico ao de uma locadora clássica, ou seja, o usuário pagava pelo filme que escolhia e pelo tempo que ficava com o filme. Contudo, não demorou para que ela mudasse para um modelo de assinaturas. Assim, o usuário pagava um valor mensal e podia ter sempre um filme novo à sua disposição.

Essa troca aconteceu porque a nova modalidade era muito mais lucrativa. Com as assinaturas, a Netflix deixou de depender apenas da locação dos lançamentos e passou a lucrar na operação total, o que deu mais fôlego ao negócio e também ajudou a fazer crescer o número de usuários total. Era um diferencial que atraiu o interesse e, em pouco tempo, fez com que a empresa enviasse uma média de mil DVDs ao dia.

E foi em 2007 que a companhia migrou para um negócio totalmente novo: o streaming. Na época, a tecnologia ainda era nova e desconhecida, mas o fato de ser uma das primeiras a apostar no formato deu certo e os resultados logo começaram a aparecer. A Netflix liderou esse mercado recém-inaugurado e, em apenas seis anos, saltou de 7 milhões de assinantes para incríveis 33 milhões.

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Atualmente, ela está presente em 190 países em todo o mundo — o que significa que apenas cinco territórios estão fora do seu alcance. De acordo com os relatórios fiscais mais recentes, eram mais de 221 milhões de assinantes ao redor do planeta em 2021.

De onde vem o dinheiro

Como dito anteriormente, para manter esse número quase astronômico de usuários, a Netflix precisa desembolsar também alguns bilhões de dólares para produzir conteúdo que justifique manter as assinaturas. E o mais impressionante é que não existe muito mistério sobre a origem desse dinheiro.

Segundo a própria empresa, existem duas fontes de receitas principais que movimentam seus caixas. O primeiro é a venda de DVDs, um serviço que, por incrível que pareça, continua operando nos Estados Unidos — ainda que isso represente um montante irrisório dentro do balanço total.

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Em 2021, o serviço de locadora da Netflix representou uma receita de US$ 182 milhões. O valor até parece alto quando a gente pensa que ainda tem esse tanto de gente comprando e alugando DVD e Blu-ray por aí, mas representa troco de padaria quando olhamos para o total vindo do streaming: US$ 29,5 bilhões.

Essa diferença deixa bem claro de onde vem o dinheiro que sustenta a Netflix nesse tempo. Assim como era no tempo da locação de filmes pelos correios, são as assinaturas que sustentam o negócio e fazem o dinheiro entrar. E, por essa mesma razão, é tão importante para a empresa garantir que esse número continue crescendo.

Afinal, para os executivos, a saúde de um negócio não está apenas em sua sustentabilidade, mas na capacidade de crescer e lucrar mais. No modelo adotado pelo streaming, isso só é possível com um aumento na sua base de usuários ou subindo o valor da mensalidade cobrada.

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Como a segunda opção está longe de ser uma saída popular e tampouco é efetiva, a solução é investir em maneiras de trazer mais pessoas para o seu ambiente. Por isso, a aposta em mais e mais conteúdo original se torna peça-chave para garantir os números positivos.

A Netflix passou a produzir conteúdo original em 2013 e, desde então, o total despendido para isso só cresceu. Entre 2014 e 2018, foram US$ 30 bilhões e serviu para trazer títulos que realmente ajudaram a colocar a empresa em meio às grandes produtoras, brigando com Disney e HBO.

Stranger Things, Dark e House of Cards são apenas algumas das séries que se tornaram fenômenos e que surgiram nessa época. E todo o barulho causado por essas produções serviu tanto para atrair novos assinantes que queriam saber o porquê de tanto hype quanto para apresentar o streaming a novos públicos. Quem não conheceu alguém que assinou o serviço só por causa do buzz causado por algum seriado?

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Como o negócio da Netflix é baseado em conquistar mais e mais assinaturas, ter uma biblioteca chamativa para atrair e manter o usuário é fundamental, da mesma forma que o marketing também é uma ferramenta importante para fazer com que a empresa esteja sempre sendo comentada. Já reparou como sempre há uma novidade sendo anunciada ou discutida? É uma forma de vender a ideia de que o serviço possui um ótimo custo-benefício.

Da mesma forma, as indicações a prêmios como Emmy e Oscar servem tanto para levar o nome da companhia para lugares de destaque como também para reforçar que as séries e filmes também têm qualidade. Assim, mais uma vez, chama a atenção desse potencial usuário que busca gastar só naquilo que sabe que vai ser bom.

Riscos e apostas

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Só que essa dependência de assinaturas traz também um risco inerente ao modelo de negócio adotado. Sendo essa a principal fonte de receita, o que acontece quando o número de assinantes cai? Exato: a receita também diminui.

Foi o que aconteceu no início do ano, quando a Netflix anunciou a primeira queda em sua base de usuários em uma década. Foram 200 mil pessoas que deixaram o serviço no primeiro trimestre de 2022 — o que representa uma diminuição na quantidade de dinheiro que entrou no caixa e no bolso dos acionistas.

Embora esteja bem longe de ser um prejuízo ou sinal de falência, é um resultado que acende um sinal de alerta para a necessidade de buscar outros caminhos. Afinal, depender apenas de uma fonte de receita é arriscado e qualquer oscilação mais brusca pode ser fatal. Isso sem falar que há um teto que a companhia pode alcançar.

É por isso que a Netflix já pensa em novas maneiras de conseguir dinheiro, como as tão comentadas modalidades mais econômicas com anúncios. Nesse caso, ela deixa de depender apenas do dinheiro das mensalidades e passa a contar com publicidade, o que abre mais possibilidades de negociação e de ações que podem fazer as receitas totais crescerem — além de oferecer uma solução mais econômica para o usuário que também pode se reverter em novos assinantes.