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Geek: Visitamos a NASA e vimos de perto o lançamento de uma missão espacial

Por| 28 de Maio de 2014 às 14h34

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Caroline Hecke
Caroline Hecke

*De Cabo Canaveral, Flórida

Para qualquer geek, uma visita a um centro espacial da Agência Espacial norte-americana (NASA) já seria motivo o bastante para comemorar. Visitar um centro espacial em um dia de lançamento leva a experiência toda a um novo nível. E foi isso que fizemos: com uma visita agendada para a data do lançamento do foguete Delta IV, na missão GPS IIF-6, os ânimos estavam agitadíssimos. Mas nada tão incrível poderia vir de uma forma tão simples.

Cabo Canaveral, onde fica localizado o Kennedy Space Center, está a cerca de uma hora do nosso local de hospedagem, a cidade de Orlando, no estado norte-americano da Flórida. A data marcada para o lançamento era dia 15 de maio, exatamente às 20h08, minuto exato do final do pôr-do-sol na região nessa época do ano. Porém, pouco antes de partirmos para o complexo governamental, um alerta de tempestade severa chegou em nossos smartphones. Poucos minutos depois, um alerta de tornado.

Por segurança, fomos obrigados a deixar a estrada de lado e permanecer no hotel até um segundo aviso. Com o coração dividido entre a quase certeza do adiamento da missão e o medo de perder o lançamento, o jeito foi ficar ligado no aplicativo oficial da Cruz Vermelha dos Estados Unidos e no site da própria NASA, que continuava com a contagem regressiva para o lançamento da missão. Quando o relógio marcou 20h08, a contagem regressiva foi paralisada e um aviso de adiamento brotou na tela. O alívio foi geral: no dia seguinte, sem tempestades, poderíamos acompanhar o lançamento da missão. E assim foi.

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O Kennedy Space Center

O Kennedy Space Center (KSC) é o centro de lançamentos da NASA. De lá saíram as principais missões espaciais da história, como a missão Apollo 11, responsável por levar o homem à lua pela primeira vez. O trabalho no Kennedy Space Center é feito em conjunto com a equipe do Johnson Space Center, na cidade de Houston, no Texas. Enquanto o KSC é responsável pelos lançamentos, a equipe em Houston dá continuidade às missões.

No tour guiado que fizemos, conhecemos os centros de lançamento e o prédio de montagem de naves espaciais. O local é uma área restrita que está aberta temporariamente para visitação, o que já torna toda a experiência ainda mais próxima ao que vemos em filmes de ficção.

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Prédio de montagem de naves espaciais e foguetes (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

No prédio principal foi construído o Saturn V, o maior foguete espacial criado até hoje e que foi utilizado em todas as missões Apollo a partir da Apollo 8. Com 111 metros de altura, este foi o foguete que levou a equipe de Neil Armstrong para a Lua. Após passarmos pelo prédio, avistamos o complexo de lançamento 39, também utilizado no lançamento da missão Apollo 11.

Tudo no KSC é muito maior do que parece em fotos: o prédio de montagem de aeronaves já teve o maior pé direito do mundo e conta, segundo informações da agência espacial norte-americana, com um volume três vezes maior que o do famoso Empire State.

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Plataforma de lançamento 39, de onde foram lançadas as missões Apollo (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

No local conversamos com um porta-voz da agência espacial sobre o futuro do espaço de visitação. Em um tempo ainda não determinado, a área de segurança deve voltar a ser restrita para a reutilização do espaço em missões mais complexas. Atualmente, a NASA anda utilizando a sua estrutura na Flórida para missões de empresas particulares, como a United Launch Alliance (ULA), uma aliança entre a Lockheed Martin e a Boeing, responsável pelo lançamento que fomos acompanhar.

Fundos da plataforma de lançamento 39 (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

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Segundo o porta-voz, a intenção é de que a agência foque seus esforços em pesquisas mais aprofundadas no espaço. “Se pretendemos um dia levar homens a Marte, nós vamos precisar de muito tempo para isso. Somente a viagem de ida e volta levaria anos. Por isso, a NASA não pode mais manter esforços voltados para missões mais simples e serviços de manutenção. Isso tudo pode ser feito por empresas particulares para que a nossa equipe de especialistas foque na exploração espacial ainda mais profunda”.

Atualmente o Kennedy Space Center conta com uma equipe de mais de 7 mil trabalhadores – até 2011, quando o programa de ônibus espaciais foi descontinuado, eram mais de 13 mil trabalhadores, dos quais apenas 2 mil eram funcionários do governo norte-americano.

Apollo - Saturn V

Depois de passarmos pelos prédios e plataformas, fomos ao centro Apollo - Saturn, onde estão expostos os centros de comando originais das missões Apollo e o Saturn V, além de trajes originais dos astronautas e diversos outros elementos resgatados das missões espaciais da NASA.

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Trajes de astronautas expostos no centro Apollo Saturn V (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

Em uma primeira sala, é possível participar de uma simulação de lançamento. De dentro de um pequeno teatro, somos informados que tudo será reproduzido com perfeição, para que possamos experimentar a sensação de participar de uma missão espacial na equipe em terra.

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O centro de controle das missões Apollo foi preservado (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

Pelos alto-falantes somos informados de que o que vemos em nossa frente não é apenas uma reprodução fiel dos centros de controle, mas sim os equipamentos originais feitos para as missões Apollo, preservados e ainda em pleno funcionamento. Com as luzes apagadas e apenas os painéis em funcionamento, ouvimos atentamente a reprodução de cada gravação original das falas das equipes nas mesas de comando, que se iluminam sempre que uma nova instrução é dada pela equipe em terra.

(Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

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Após a impressionante exibição, partimos para um segundo estágio da experiência, para vermos de perto a estrutura do Saturn V, que foi posicionado horizontalmente em um gigantesco galpão.

Base do Saturn V (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

Enquanto andamos para ver com detalhes o foguete, podemos visualizar os carrinhos utilizados para andar em solo lunar, trajes espaciais e cápsulas de reentrada na Terra. Ao final da experiência, mais uma grande surpresa: uma rocha lunar foi exposta para que os visitantes possam tocá-la.

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Infelizmente, o aspecto rochoso já não existe mais, já que o atrito criado com o toque dos visitantes fez com que a pedra ganhasse um polimento natural, mas, ainda assim, a experiência de tocar o solo lunar é inesquecível.

O lançamento da missão Delta IV GPS IIF-6

Ainda no centro Apollo - Saturn fomos apressados pela equipe da NASA, já que a área precisaria ser evacuada com velocidade para o lançamento do foguete Delta IV, que aconteceria em poucas horas.

O Delta IV foi ao espaço para o posicionamento de satélites para uso do próprio governo dos Estados Unidos em missões aéreas, em terra e marítimas, e também para o uso de civis por meio de aparelhos de GPS.

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Poucos minutos antes do lançamento (agora marcado para as 20h03 no horário local), os visitantes foram levados a uma área de observação, de onde não era possível visualizar a base de lançamento, porém, tinha uma distância segura o bastante para que ninguém se ferisse em caso de um acidente.

Multidão acompanhou o lançamento da missão (Foto: Caroline Hecke/Canaltech)

A distância estabelecida pela NASA para este lançamento era de cerca de 6 mil metros, número um pouco acima da distância na qual o foguete poderia lançar seus destroços em caso de uma explosão.

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À nossa volta, dezenas de entusiastas montavam suas câmeras e tripés. Em meio a um público bastante específico, estavam famílias inteiras e espectadores de todas as idades: crianças, casais de idosos, jovens, adolescentes e, claro, turistas munidos de suas máquinas portáteis.

Lançamento do foguete Delta IV e rastro deixado pelo foguete no céu (Fotos: Caroline Hecke/Canaltech)

De um alto-falante podíamos ouvir as conversas no centro de comando. Ao final da contagem regressiva, avistamos o foguete subindo em meio a uma enorme bola de fogo e um completo silêncio. Ninguém sequer ousava respirar. Após cerca de 3 segundos foi possível ouvir o estrondo ensurdecedor do lançamento, finalmente chegando até nós. O silêncio foi quebrado não só pelo barulho do foguete, mas também pelas reações empolgadas dos presentes no local.

O céu da Flórida ficou marcado com sinais circulares de fumaça, algo que era intensificado pela luz do sol, que ainda sumia no horizonte. Relatos em redes sociais indicavam que era possível visualizar a fumaça a quilômetros de distância de Cabo Canaveral.

No alto-falante, ouvimos a ordem de posicionamento em órbita e, após as palmas dos apaixonados por exploração espacial, o local finalmente se esvaziou. Da estrada ainda era possível ver as marcas do Delta IV no céu, enquanto utilizávamos um GPS para encontrar nosso caminho de volta, usando uma tecnologia que em algum momento já havia saído daquele mesmo local de lançamento.