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O impacto da pandemia no aprendizado de jovens com transtornos mentais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Setembro de 2021 às 12h30

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Geanna8/Envato
Geanna8/Envato

Que a pandemia impactou o aprendizado de crianças e adolescentes, já ficou claro. No entanto, quando se trata de um público com determinados transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), Síndrome de Down, Asperger, dislexia e autismo. Com isso, qual a melhor forma de adaptar os ensinos online para esses jovens?

A psicopedagoga Luciana Brites — CEO do Instituto NeuroSaber, voltado à potencialização do desenvolvimento das crianças e adolescentes — afirma que transtornos do neurodesenvolvimento têm como origem uma disfunção cerebral, por isso esse público precisa de mais assistência, porque é como se determinadas áreas do cérebro estivessem com um mau funcionamento.

"A criança pode ir melhorando com o decorrer do tempo. Para isso, essa criança precisa de uma aprendizagem estruturada, sistematizada, e todos esses transtornos podem ser muito bem desenvolvidos, otimizados. A pandemia mudou muito a conformidade. Muitas crianças e muitos jovens ficaram sem ir às terapias. Esse público precisa muito do apoio do professor", disserta a especialista.

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Luciana ressalta que esses jovens têm dificuldade de aprender pela internet porque na sala de aula, o professor consegue fazer uma mediação mais direta, com uma linguagem mais objetiva, e direcionar o aprendizado de uma forma mais estruturada, garantindo um nível maior de sucesso. "Por isso é bem importante organizar a presença do mediador durante esse processo", recomenda. A especialista relembra que esses transtornos costumam gerar dificuldades de atenção e memória.

Dr. Clay Brites, um dos idealizadores do Instituto NeuroSaber, também faz um alerta para a necessidade de maior assistência, principalmente em um momento como a pandemia. "No geral, a pandemia impactou a aprendizagem dessas crianças, porque elas precisam de um apoio maior, e muitas não conseguiram. Muitas inclusive precisavam ter intervenções clínicas com fonoaudiólogo, psicopedagogo, e a pandemia impediu que os pais saíssem de casa", relata o neurologista infantil.

"A aprendizagem na internet requer muito mais engajamento, prontidão, atenção seletiva. Normalmente uma criança já tem dificuldade com isso, imagine uma com TDAH, autismo ou síndromes que apresentam dificuldades de concentração? A internet em si é extremamente desafiadora no processo pedagógico, porque durante a aula online, a criança recebe estímulos distratores, seja na tela, seja em casa, um ambiente que não foi preparado para isso", reflete o especialista, que inclusive lançou recentemente o livro "Como lidar com mentes a mil por hora: entenda o TDAH de uma vez por todas e descubra como mentes hiperativas e desatentas podem ter uma vida bem-sucedida".

Inclusão no aprendizado de crianças e jovens com transtornos

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Quem pode ter a resposta para a inclusão no aprendizado de crianças e jovens com transtornos é o Smartick, que traz um novo método de aprendizagem de matemática para crianças. Basicamente, o programa incorpora inteligência artificial que cria sessões personalizadas que são adaptadas às habilidades matemáticas e ritmo de aprendizagem de cada aluno.

Voltado a crianças de 4 a 14 anos, o programa gera exercícios em tempo real, fornecendo feedbacks instantâneos, correções e tutoriais interativos. Uma das principais propostas desse novo método é ser inclusivo para alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down, Asperger, dislexia, autismo e superdotação.

Em conversa com o Canaltech, a porta-voz do Smartick, Eduarda Alves, conta que o método foi criado em resposta ao crescente número de alunos com baixo desempenho em matemática, sob a premissa de se adequar a todos, independentemente de seu nível de conhecimento. "Com o método Smartick e toda adaptabilidade que ele propõe, conseguimos ajudar a democratizar o ensino da matemática. Porque, ele é ideal para atender a uma diversidade de alunos, que em uma turma escolar possivelmente não teriam uma atenção tão personalizada", explica.

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Questionada sobre como essa inclusão é feita na prática, Eduarda esclarece que o Smartick conta com uma equipe pedagógica, que faz o acompanhamento personalizado de cada aluno e está disponível para solucionar as dúvidas, tanto dos alunos quanto dos seus responsáveis. "Um outro diferencial do método é o reforço positivo utilizado e a gamificação da plataforma, com a qual é possível trabalhar a motivação intrínseca das crianças e estimulá-las, sem esquecer do principal objetivo que é o aprendizado de matemática de forma autônoma", diz.

Segundo a porta-voz, um método de ensino que acompanha o ritmo da criança e não o contrário, possibilita maiores chances de que os conteúdos básicos sejam bem assimilados, favorecendo que a criança vá avançando em complexidade sem deixar “buracos” na sua aprendizagem. "Pensando em impactos positivos, além de otimizar o tempo de ensino, potencializa o aprendizado da criança, e a atribui outras habilidades simultaneamente, como a autonomia, agilidade, raciocínio lógico, a independência, e a autoestima, por exemplo, uma vez que o ensino está sendo feito da forma certa e ideal a realidade dela", acrescenta Eduarda.

Um dos usuários desse método é Manuel Martin, da Espanha, que agora reside no Reino Unido. Ele foi "detectado" com discalculia aos 28 anos, e na escola, teve dificuldades com adições, subtrações e séries numéricas. "No ensino médio, as maiores dificuldades com matemática eram que eu deturpava sinais e números no meio de longos problemas, mas fora isso eu nunca tive problemas com a lógica das questões, sempre soube usar o método adequado para uma determinada solução, aliás gostei muito de matemática. Fiz engenharia da computação e, felizmente, agora as máquinas fazem as operações para mim", conta.