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Como usar tecnologia no ensino infantil de forma saudável e sem excessos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Março de 2021 às 11h20

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Reprodução/Rawpixel
Reprodução/Rawpixel

Não é a primeira vez que o Canaltech mergulha na relação entre os pequenos e a tecnologia. No entanto, com a pandemia, esses laços se estreitaram involuntariamente, considerando que o público infantil passou a ter aulas por meio da internet. Tendo isso em mente, a Big Brain, principal parceira da Microsoft na América Latina, desenvolveu ferramentas tecnológicas almejando capacitar professores para o ensino infantil, algo responsável por revisitar esse questionamento: a tecnologia pode ser saudável para as crianças?

As crianças dos dias atuais estão inseridas em um grupo denominado de nativos digitais, desconhecem um mundo sem internet, levando em conta que desde os primeiros movimentos, demonstram a mínima coordenação motora, começam a ter contato com algum equipamento digital. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as matrículas na educação infantil cresceram 12,6% entre 2015 a 2019. Esse aumento evidencia a importância de olhar e estruturar cada vez mais a educação infantil.

Para a gerente pedagógica da Big Brain, Sueli Trajano, deve ser observado o comportamento e aprendizado que está sendo provocado, como os estímulos que rodeiam a criança. Isso porque, nas palavras da especialista, essa fase do desenvolvimento, de 0 a 5 anos, terá impacto durante toda a vida, considerando ainda que na idade de 0 a 3 anos, as crianças passam pelo desenvolvimento sensorial e motor, aprendem a consciência do próprio corpo e percebem o mundo à sua volta, como cores, formas e cheiros, além de desenvolver reflexos, parte de coordenação motora, senso de organização e inteligência prática. Além disso, boa parte da estrutura cerebral se forma na primeira infância.

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Segundo a gerente pedagógica, dos 3 até os 6 anos, as crianças alcançam o desenvolvimento pré-operatório e aprimoram a linguagem, intuição, colaboração e socialização, além de questionar (fase dos por quês) e amplificar a coordenação. A especialista observa que é a fase mais importante do desenvolvimento humano, o que torna essencial que pais, professores e os participantes ativos na vida da criança sejam efetivos e conscientes das responsabilidades quanto ao desenvolvimento emocional, intelectual e cognitivo.

Tecnologia no ensino infantil

No ensino infantil, conquistar a atenção da criança é um desafio constante, principalmente no formato online. A especialista orienta a observar os estudos que estabelecem o tempo médio de concentração de cada criança por idade, de forma que o professor possa planejar as atividades das aulas promovendo ações de ludicidade e encantamento, considerando o tempo que a faixa etária consegue manter a atenção focada.

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Questionada pela equipe do Canaltech sobre os principais desafios de se utilizar a tecnologia para o ensino infantil, a gerente pedagógica afirma: "Planejar estratégias que despertem o interesse da criança, respeitando a sua faixa de desenvolvimento neural e tempo de atenção em uma determinada interação ou atividade, promovendo diversidade nas iniciativas para o desenvolvimento do sensorial, motor e afetivo e contemplando os direitos fundamentais previsto na Base Nacional Comum Curricular para o ensino infantil, sendo o direito a conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer".

Outra questão que acaba vindo à mente tange a relação entre as crianças e a tecnologia, que é indiscutivelmente bem delicada. Será que utilizar a tecnologia desde cedo, mesmo que para ensinar, pode ser prejudicial de alguma forma? "A utilização de tecnologias pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento cognitivo, emocional e afetivo da criança, desde que os estímulos tecnológicos a que tem acesso sejam intencionais e assistidos por seus pais e/ou responsáveis, cuidadores e participantes da vida dos pequenos e pequenas", afirma Sueli.

Para a profissional, as ferramentas digitais são recursos essenciais para aprimorar e alcançar o processo de ensino e aprendizagem dessa nova geração. Tão importantes, que estão preconizados nas competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)", afirma Sueli.

Mais importante que a escolha da ferramenta para uma aula online é a estratégia de ensino com intencionalidade e significado para o mundo da criança, e a empresa em questão conta com algumas ferramentas/recursos que auxiliam os professores na produção de aulas para educação infantil, dentre essas o Paint e PowerPoint.

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A especialista ressalta que a capacitação do professor em ferramentas digitais como recursos didáticos é muito importante, dominando a ferramenta flui melhor a criatividade, criações de brinquedos paradidáticos, atividades lúdicas, dinâmicas, brincadeiras intencionais e estratégias diversas integrando tecnologia.

O que fazer e o que não fazer no ensino infantil tech

Juntamente com a gerente pedagógica Sueli Trajano, o diretor de Operações da empresa, Arioston Rodrigues, traz dicas de como envolver a tecnologia no ensino dos pequenos. Para prender a atenção do público infantil, os dois recomendam atividades que os levem a percepção de si, do próximo e do coletivo; exploração dos gestos, corpo e movimentos; vivência de sons, traços, cores e formas; estímulos de escuta, imaginação, pensamento e fala e percepção de tempo, espaço, transformações, quantidade e relações.

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"Uma criança não tem barreiras em seus pensamentos, o campo da criatividade é livre para responder aos estímulos. O professor precisa proporcionar atividades multicoloridas, diversificadas e desconstruídas de conceitos conteudistas, porém intencionais e adequadas ao mundo criativo dos possíveis e impossíveis que a criança carrega dentro de si, considerando o universo cognitivo e emocional", aponta o especialista.

Para os pais que buscam administrar esse uso da tecnologia aos filhos, os especialistas recomendam observar os estímulos que o filho recebe da tecnologia com a qual a tem contato, refletir se faz sentido o que a criança está aprendendo e se está adequado para faixa etária, acompanhar o contato dos filhos com a tecnologia e estimular práticas saudáveis do uso de tecnologias desde cedo, aplicando rotina e disciplina.

Enquanto isso, os principais erros que as pessoas cometem ao relacionar o ensino infantil com a tecnologia, segundo os profissionais, envolvem planejar uma aula com a tecnologias digitais sem substituir as estratégias tradicionais, elaborar projetos para o ensino infantil, com nível raso de pesquisa e investimento de tempo; planejar sem considerar a faixa de desenvolvimento neural e o tempo de concentração da faixa etária; não preparar o ambiente para receber a criança seja presencial ou virtual; não envolver os pais e/ou responsáveis na aprendizagem das crianças; não deixar a criança pensar soluções diferentes para uma mesma situação apresentada.

Utilizar a tecnologia meramente como um meio de transmissão de conteúdo e imagens sem a promover a experimentalização da criança, bem como não se engajar no aprofundamento de uso criativo dos recursos digitais aplicados ao ensino infantil e considerar que a formação continuada de professores e equipe técnica/pedagógica não é uma premissa extremamente necessária também são alguns dos equívocos apontados pelos profissionais.

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Por fim, o diretor acredita que a tendência seja continuar usando cada vez mais a tecnologia para fins como o ensino (e, nesse caso, especificamente o ensino infantil). "A tecnologia na educação é uma necessidade real para os dias atuais e já é percebida há algumas décadas, porém as implementações de recursos tecnológicos no ensino foi amplamente acelerada com a pandemia. Portanto, compreendemos que o uso de recursos digitais e o investimento em infraestrutura tecnológica continuarão de forma permanente e evolutiva no processo de ensino e aprendizagem, sabendo que em alguma etapas, como é o caso do ensino infantil, o planejamento necessita de um detalhamento direcionado com atenção aos estudos científicos para essa faixa etária", conclui.