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Boleto é paixão brasileira. E uma startup quer mantê-lo vivo mesmo com o Pix

Por| 29 de Julho de 2021 às 09h15

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Divulgação / PagBrasil
Divulgação / PagBrasil

O boleto é uma daquelas coisas que podemos considerar uma espécie de "instituição brasileira", assim como a coxinha e o amendoim de bolinha. Em alguns países da América Latina até existem algumas modalidades semelhantes, mas essa forma de pagamento tem um grande sucesso por aqui, principalmente no e-commerce.

Para muita gente, o boleto mostra-se prático e ainda permite que o consumidor pense duas vezes antes de finalizar a compra do produto sem perdê-lo, já que o item fica reservado até a data de vencimento do documento. Isso sem contar que essa modalidade atende ao público desbancarizado brasileiro — algo em torno de 34 milhões de pessoas, de acordo com um estudo recente do Instituto Locomotiva.

No entanto, do lado dos e-commerces (e outros estabelecimentos) o boleto não é dos seres mais queridos. Para falar a verdade, ele é considerado um mal necessário. Isso porque esse documento tem um custo para as empresas sempre que ele é emitido, mesmo que o consumidor não efetue a compra. Além disso, sempre que o usuário escolhe essa modalidade como forma de pagamento, as lojas online são obrigadas a reservar o produto em seu estoque até que o boleto seja pago. Com isso, ela perde vendas em potencial, principalmente em casos de desistência. Sem contar o tempo de compensação dessa forma de pagamento, que pode demorar até três dias úteis. 

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Mas com a chegada do Pix — o sistema de pagamentos e transferências instantâneo do Banco Central (BC) — em novembro do ano passado, muitos passaram a considerar o boleto como algo obsoleto e que seria extinto em pouco tempo. Isso porque a solução do BC permite que os valores caiam na conta da empresa em questão de minutos, a qualquer hora do dia, incluindo feriados e fins de semana.

Para as empresas, o Pix é excelente porque permite acesso ao dinheiro em pouquíssimo tempo, além de facilitar o controle do estoque, já que ela não fica com o produto retido, dependendo da compensação ou não de um boleto. E para o usuário é igualmente benéfico, porque a confirmação mais rápida do pagamento possibilita que um e-commerce, por exemplo, libere o produto de forma muito mais ágil, permitindo uma entrega mais veloz. 

Com tudo isso, o boleto se tornaria um animal em extinção muito rapidamente, graças ao Pix, certo? Se depender de uma fintech chamada PagBrasil a história não será bem assim. E o boleto ainda terá uma longa vida. 

O boleto ainda tem o seu público cativo

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Em entrevista ao Canaltech, Ralf Germer, CEO da PagBrasil, explicou que, ao contrário do que o mercado esperava, muitas pessoas continuam usando o boleto, mesmo com Pix sendo cada vez mais adotado no e-commerce em geral. 

"Existem vários motivos que explicam por que o boleto ainda continua bastante popular', explicou Germer. "Primeiro, é o puro e simples costume. Usar essa forma de pagamento já está arraigada nos hábitos de compra de muitos consumidores e eles se sentem seguros com essa modalidade. Além disso, o boleto, quando gerado, oferece a possibilidade do consumidor pensar mais um momento, com calma, se ele quer mesmo comprar aquele produto. Ele tem algumas horas ou até dias para considerar a compra. Já o Pix beneficia mais uma compra por impulso". 

Germer disse ainda que durante pesquisas de mercado, a PagBrasil observou outras questões que privilegiam o uso do boleto mesmo com o Pix em cena. Uma delas é que a possibilidade de uma pessoa gerar o boleto e pedir um terceiro —um membro de sua família, por exemplo — realizar o pagamento do documento para ela. "Muitas vezes, pessoas mais idosas não têm muita facilidade com o uso de tecnologias, então eles pedem para que seus filhos e netos efetuem o pagamento via boleto", declarou o executivo. "Ou, simplesmente, porque seus parentes mais próximos cuidam do dinheiro dessas pessoas que não querem lidar com complicações tecnológicas". 

Mesmo nas empresas, Germer afirma que o uso do boleto ainda tem a sua utilidade:

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"Por exemplo, em um departamento de TI, um desenvolvedor ou engenheiro compra um software para ser usado em seu setor, mas ele não tem autorização para fazer o pagamento. Então, ele simplesmente gera o boleto, pega a assinatura com seu diretor e depois leva para a contabilidade realizar o pagamento. Ainda existem muitas organizações que passam por essa prática e o boleto é um facilitador para esses processos".  

O CEO da PagBrasil afirma também que, mesmo com as suas facilidades, nem todo mundo quer usar o Pix. Um dos motivos para isso são as questões de segurança que envolvem esse tipo de pagamento, principalmente com golpes virtuais envolvendo QR codes ou links maliciosos. Além disso, para valores mais altos, o Pix também pode apresentar limites — ainda que fique a critério de cada banco definir a quantia que pode ser transferida por meio da plataforma do BC. "No caso do boleto isso não acontece", disse Germer. 

O Boleto Flash já era um "semi-Pix"

De olho nas dores das empresas gerada pela demora da compensação dos boletos, a PagBrasil lançou em 2015 o Boleto Flash, que até podemos considerar como um "semi-Pix". Isso porque ele consegue confirmar ao lojista ou à empresa o pagamento desta modalidade em menos de uma hora. Além disso, ele é completamente responsivo e se adapta a qualquer tipo de tela (PCs, smartphones e tablets)  já que se trata de um link, e não de um PDF. 

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"Desde 2015, o Boleto Flash provou ser uma tecnologia eficaz, que comprovadamente pode aumentar a conversão de vendas com boleto bancário em até 30%", afirmou Germer. "Além da agilidade, ele também impede pagamentos em duplicidade. Ou seja, se o consumidor tenta pagar o mesmo boleto duas vezes ou mais, ele recebe um aviso de que o pagamento já foi feito. E nossa solução também oferece reembolsos automatizados no mesmo dia".

Se não puder vencê-os, junte-se ao Pix 

Desde o seu lançamento, o Boleto Flash passou por diversas otimizações, trazendo novas funções, diminuindo o tempo de confirmação de pagamento (inicialmente era de duas horas, hoje, ele já faz esse processo em 60 minutos)  e, segundo Germer, é um produto que ainda apresenta crescimento entre os lojistas, sendo um dos que mais crescem na PagBrasil. 

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E agora, já que o Pix é uma realidade cada vez mais consolidada nos meios de pagamento, a PagBrasil resolveu juntar forças com a plataforma. Em meados de julho, a fintech anunciou que passa a ser possível pagar o Boleto Flash com a solução do BC, possibilitando a confirmação instantânea do pagamento. 

O novo recurso já está disponível para lojas virtuais que oferecem o Boleto Flash e não necessita de nenhuma integração técnica, contratação adicional ou programação do lado do lojista. "Digamos que o consumidor queira aproveitar uma promoção-relâmpago, mas só poderá efetuar o pagamento à vista no dia seguinte", explica Germer. "Ao optar pelo Boleto Flash, o pedido será recebido e reservado pelo lojista até a data de vencimento do boleto. No dia do pagamento, o consumidor poderá pagar com Pix e a compra será confirmada instantaneamente". 


Com a integração ao Pix, Germer acredita no fim dos boletos a longo prazo? O executivo afirma que com a série de recursos que estão sendo inseridos, o Pix terá uma importância cada vez maior no mercado digital. Mas, nos próximos anos, ele não acredita que o boleto deixe de usado para pagamento ou que vá desaparecer:

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"Nossa expectativa é que, nos próximos anos, o uso do boleto não apenas continuará, mas também deve crescer", prevê o executivo."Do ano passado para cá, o uso do Boleto Flash nos e-commerces multiplicou por 10. E desde que inserimos a integração dele com o Pix, notamos que, nas lojas online que trazem a nossa solução, 17% dos clientes usam o Boleto Flash com o Pix, mesmo tendo o próprio Pix dedicado como uma opção de pagamento na loja. Então, o cenário é promissor".