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Nudes, sexting e aquele frio na barriga: dá para ter prazer em plena pandemia?

Por| 14 de Dezembro de 2020 às 13h20

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Com essa pandemia, e a necessidade de se isolar socialmente, há uma questão que tem sido deixada um pouco de lado, mas que é pertinente: como fica o sexo? Principalmente quando se fala de casais que não moram juntos, essa distância acaba gerando impacto. Com isso em mente, a equipe do Canaltech resolveu conversar com alguns especialistas da área para entender como contornar essa situação de distanciamento da melhor maneira possível, já que toda essa questão do coronavírus é temporária.

A primeira coisa que temos que ter em mente é que, de um jeito ou de outro, a quarentena tem deixado consequências inegáveis nos relacionamentos interpessoais. Muitos casais não conseguem se ver e, consequentemente, ficam sem relações sexuais. De acordo com Shirlei Coden, sexóloga da INTT Cosméticos Sexuais, sem isso a relação fica mais distante, uma vez que o sexo é uma proximidade do casal. "O casal que não mantém uma relação sexual fica mais amigo do que 'casal', então é importante ter esse cuidado durante o isolamento", aponta a especialista.

Vanessa Inhesta, que também é sexóloga da INTT, conta que também tem acompanhado o impacto do isolamento nos relacionamentos: "Já estamos há muitos dias nesse isolamento, vejo tanto os homens quanto as mulheres sendo afetados fisica, emocional e psicologicamente afetados. Após o inicio da vida sexual, o corpo precisa desse estimulo junto com o contato e carinho afetivo para continuar com as outras funções do dia a dia", alega.

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Se fisicamente não rola, online dá certo?

Shirlei ressalta a importância de manter o contato mesmo que online para que a relação não esfrie, e conta que chegou a conhecer casais que estão dizendo que estão em crise por conta da pandemia, mas que já não estavam bem antes de tudo isso acontecer — alguns casais estão até usando isso como argumento para terminar o relacionamento. Por outro lado, houve casais que ficaram muito mais próximos, segundo a sexóloga.

Dr. Eduardo Perin, psiquiatra pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em Sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), concorda que essa pandemia tem tido consequências nesses aspectos: "Durante a quarentena, casais que moram separados, ou que moram juntos mas que um dos parceiros trabalha fora, têm tido bastante receio de ter relação sexual pelo medo da COVID-19. Isso pode ter consequências para a relação, uma vez que o sexo é um dos elementos que unem parceiros. Um parceiro pode ter maior necessidade de sexo do que outro, e isso pode gerar conflitos", opina. De acordo com ele, a abstinência sexual pode deixar os casais mais propensos a discussões, com acusações, irritabilidade, ciúme. Um dos parceiros pode se sentir rejeitado, começar a se achar feio e não-atraente, podendo inclusive alimentar compulsões.

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Nudes, sexting e aquele frio na barriga

Com isso, os especialistas levantaram algumas possibilidades de se obter prazer à distância nessa quarentena, mas assim como a relação sexual, a virtual também exige medidas de proteção. Não no sentido físico, como o uso do preservativo, é claro, mas sim proteções voltadas para aquele contexto. "É importante o casal manter esse contato mesmo que seja online e mantendo as normas de proteção como um antivírus no celular", diz Shirlei.

Algumas das possibilidades trazidas à tona foram o envio de nudes e o chamado sexting. Esse último termo é usado para designar o envio ou recebimento de conteúdo íntimo por dispositivos móveis. Sabe aquela mensagem bem provocante? Então. É tipo isso. Mas nesses casos, deve-se prestar atenção principalmente no quesito exposição. "Se você for enviar nude, o mais importante é ter certeza de que a pessoa do outro lado é confiável, visto que terceiros são a principal fonte de vazamento. Divulgar a intimidade de alguem é crime, e é passivel de indenização por dano moral e material, como determina a Constituição Federal em seu artigo 5º inciso X", aconselha Vanessa.

A sexóloga ainda orienta a evitar salvar fotos e vídeos em nuvem e desativar a sincronização automática, evitando que os arquivos fiquem hospedados fora do celular. "No caso de uma conta em nuvem hackeada, seus arquivos estarão disponíveis aos piores tipos de pessoas. Lembre-se que na internet, não tem como apagar depois. Para ter certeza da segurança, apague o nude após o envio. Isso gera uma segurança extra para você e previne de possíveis acessos indesejados ao celular posso vir a ter. Agora caso ainda deseje manter o arquivo, uma boa opção é evitar identificações como rosto, tatuagens entre outras coisas. Isso evita muitos problemas relacionados a vazamento da sua imagem na internet", acrescenta a especialista.

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Lembrando também que aplicativos como o Telegram conseguem fazer com que a conversa mais picante fique segura, já que o usuário pode determinar em quanto tempo aquela mensagem ou foto vai desaparecer. São os chamados "chats secretos", e o Canaltech ensina como usá-los.

Chamada de vídeo

Outra possibilidade de se obter prazer com o seu parceiro mesmo a distância é a chamada de vídeo. Desde a ascensão da pandemia, é um recurso que tem sido utilizado para diversos fins, como reuniões do trabalho ou mesmo para matar saudade dos amigos e familiares. Por isso, nada mais justo que essa ferramenta também seja utilizada para esse fim que também é de grande ajuda.

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Mas se for fazer chamada de vídeo com o seu parceiro ou a sua parceira, vale o cuidado: "Caso seja feita via WhatsApp, que vamos dizer ser um pouco mais seguro, você conta com a criptografia ponta a ponta. Facebook Messenger possui criptografia, mas vem desativada e inúmeros usuários não habilitam a função, ficando assim totalmente vulneráveis a alguns vazamentos. Mas em todo caso, vale para as dicas de fotos e vídeos: evite marcações, exibição facial, de tatuagens e outros", alerta Vanessa.

"Dica: Peça para a pessoa do outro lado, enviar uma foto rápida, ou algo que comprove ser ela mesma. As vezes parentes e amigos têm acesso ao celular, gerando um problema para você. Hoje existem apps que capturam as imagens, então mesmo deletando já foi feita uma cópia do vídeo", acrescenta.

Eduardo Perin tcompartilha do mesmo ponto de vista: "Não se deve trocar nudes ou fazer videochamadas com pessoas desconhecidas ou nas quais não se confia. É muito fácil salvar fotos ou gravar videochamadas e portanto só se deve fazê-los com pessoas realmente confiáveis", aponta.

Brinquedos com aplicativos

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De acordo com o que conta Shirlei Coden, hoje existem vários vibradores com app que podem ser baixados no aparelho. É o caso, por exemplo, do Kiiro Onyx + Pearl Couple, um vibrador e um masturbador em que o casal pode se conectar via Wi-Fi ou Bluetooth, pensado justamente para quem está distante. Basicamente, a dupla simula as ações dos órgãos sexuais, e pode ser usada através do aplicativo e com o toque. Funciona da seguinte forma: o vibrador e o masturbador simulam os movimentos feitos pelo parceiro no outro aparelho.

Outro exemplo de brinquedo que pode ser usado à distância é o Mister Devil – Sistalk, que consiste em cápsulas vibratórias que funcionam conectadas à internet. Para isso, é preciso ter uma rede Wi-Fi e abrir o aplicativo, aí é possível controlar de qualquer lugar do mundo, ao vivo, criando diversos tipos de vibração. Já o Little Want é um vibrador-massageador recarregável que possui aplicativo para dispositivos celulares com sistemas operacionais Android e IOS e ainda permite gerar um link compartilhável para enviar ao parceiro, que consegue controlar as intensidades de prazer. Nesse último caso, ainda há um chat de texto e vídeo no app para conversar.

Pornografia online e masturbação

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Quando falamos sobre prazer à distância, inevitavelmente estamos falando também de masturbação. Em relação a essa prática, a opinião dos especialistas é unânime: tem seu lado bom, mas não se deve deixar que se torne uma compulsão. "Ela é benéfica quando maneirada, pois quando se torna um vicio acaba sendo um risco para saúde", indica Shirlei.

Por sua vez, Vanessa inclui: "Masturbação é super recomendada para homens e mulheres, mas, sem excessos, desde que não prejudique suas funções de trabalho diário e não há complicações físicas como fissuras e pode vir a machucar as genitais". Ela ainda acrescenta: "O excesso de masturbação pode acostumar o corpo a ter prazer mais rápido e fazer com o que o corpo fique 'preguiçoso' no ato sexual".

Eduardo também orienta: "A masturbação, desde que não se torne compulsiva, é muito benéfica. Pode ser o jeito mais seguro de lidar com a necessidade de sexo durante a quarentena. Bem mais segura do que combinar algo sexual com alguém desconhecido até mesmo pelo risco de se contrair DSTs ou COVID-19".

Já em relação a pornografia, Vanessa sugere: "Os vídeos pornô sempre foram um estimulo para a masturbação ou alimentar a fantasia para o ato, até mesmo se o casal gosta de assistir junto. Bom senso sempre é válido, se isso incomoda um dos dois nessa relação, assista de vez em quando, ok? Agora, necessidade de assistir aos vídeos para conseguir prazer todas as vezes não é bom... talvez seja necessário obter ajuda de um profissional".