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Feliz, porém triste? Veja como o cérebro gerencia sentimentos múltiplos

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Reprodução/Freepik
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É possível ficar feliz e triste ao mesmo tempo, ou, será que, na verdade, as emoções se alternam rapidamente? Para descobrir a biologia envolvida nessa operação, Anthony Vaccaro, pesquisador de pós-doutorado da Universidade do Sul da Califórnia, realizou um estudo para verificar se emoções mistas estavam relacionadas a um estado cerebral que se mantinha estável ao longo do tempo.

Até então, os estudos sobre o assunto não conseguiram analisar como as emoções se combinavam momento a momento e, para definir o padrão de uma emoção, ela precisa se consolidar de maneira minimamente constante durante algum período.

Para isso, Vaccaro submeteu os participantes a assistirem a um curta-metragem que falava sobre realização de sonhos e também de luto — a história era sobre uma garotinha que sonha em se tornar uma astronauta e é apoiada pelo pai, que morre durante a trajetória. 

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Após a digitalização das imagens do cérebro, as pessoas assistiram novamente ao filme e assinalaram os momentos exatos em que sentiram emoções positivas, negativas e mistas.

O resultado

Os achados demonstraram que duas regiões cerebrais que realizam funções avançadas manifestaram estados complexos, únicos e consistentes, processo que permite a existência de emoções mistas:

  • o cíngulo anterior, parte que desempenha um papel importante no processamento de conflitos e incertezas, e
  • o córtex pré-frontal ventromedial, parte que é importante para a autorregulação e o pensamento complexo.

No entantoáreas diferentes do cérebro processaram emoções diferentes como excludentes entre si: 

  • O córtex insular (parte que conecta regiões cerebrais mais profundas com o córtex) apresentou padrões consistentes e únicos para emoções positivas e negativas, mas não para emoções mistas;
  • A amígdala (parte que produz respostas rápidas a questões emocionalmente importantes) também não apresentou padrões únicos e consistentes em áreas profundas do cérebro.

Tal panorama se encaixa, também, com o que os cientistas sabem sobre o cérebro e o desenvolvimento emocional, uma vez que as crianças não começam a entender ou relatar emoções misturadas até a infância mais avançada, depois dos 7 anos.

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Emoções e sobrevivência

A função das emoções é motivar o indivíduo a perseguir ou abandonar algo em prol da sobrevivência. Por exemplo, ao avistar um urso, a emoção do medo deve surgir e, assim, o ser humano se sentir impelido a fugir. Mesma coisa em cenários positivos: ao ver pessoas que gosta, o amor surge e, com ele, a vontade de ficar e desfrutar dos bons sentimentos. 

Emoções mistas possuem um papel crucial durante eventos importantes da vida, ajudando a lidar com grandes. Por exemplo, como menciona o estudo, é possível ter sentimentos positivos e negativos quando amigos dão uma grande festa de despedida antes de se mudar para outra cidade em busca de um sonho.

No entanto, as emoções mistas também podem provocar angústia e, conforme a pesquisa, entender mais sobre esse processo pode ajudar as pessoas a processarem eventos de maneira mais positiva do que traumática.

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Fonte: Science