Startups que usam APIs de IA generativa podem ser chamadas de AI-Based?
Por Fernando D´Angelo |
Nos últimos anos, a inteligência artificial transformou-se de uma promessa futurista para uma realidade cotidiana. No entanto, junto com essa evolução, surgiram debates sobre o que realmente faz uma empresa ser “de IA”. Uma crítica recorrente é direcionada a startups que baseiam seus projetos em integrações com APIs de IA generativa, tais como a do ChatGPT ou Gemini, questionando se essas empresas realmente poderiam se autointitular startups de IA. Mas, será que essa crítica faz sentido?
A ideia de que apenas empresas que desenvolvem seus próprios modelos e algoritmos são verdadeiramente “empresas de IA” é, no mínimo, limitada. Pois na prática, a inovação e o diferencial competitivo não estão apenas na tecnologia em si, mas em como ela é utilizada para resolver problemas reais, gerar valor e criar diferenciais competitivos.
A integração estratégica é o diferencial
Integrar APIs como a do ChatGPT vai muito além de simplesmente “usar uma ferramenta”. Startups que adotam essas tecnologias estão automatizando processos, personalizando experiências e criando novos produtos de formas que antes seriam inimagináveis sem a IA. O uso estratégico dessas ferramentas pode transformar profundamente um modelo de negócios e, muitas vezes, ser o ponto crucial que permite que essas empresas cresçam e se destaquem.
Ferramentas Prontas
A crítica de que uma startup que usa APIs prontas não é uma empresa de IA também desconsidera uma realidade do próprio mercado de tecnologia: a dependência de ferramentas e bibliotecas prontas é comum, mesmo entre os especialistas mais técnicos. Cientistas de dados frequentemente utilizam bibliotecas de aprendizado de máquina como TensorFlow ou PyTorch, que encapsulam anos de pesquisa e desenvolvimento em ferramentas acessíveis e de fácil uso, por exemplo.
Escolha Estratégica
Portanto, usar uma API como a do ChatGPT é, na verdade, uma escolha estratégica que permite que startups foquem no que realmente importa: a aplicação prática da IA. Ao invés de reinventar a roda, essas empresas estão utilizando o melhor das tecnologias disponíveis para inovar e entregar valor rapidamente.
Barreiras de entrada
No entanto, deve haver sim uma preocupação grande com o real valor e diferencial competitivo que está sendo desenvolvido. E nessa direção, quando o assunto é Inteligência Artificial Generativa, o grande desafio é sair do básico, ou seja, buscar mais do que apenas criar prompts eficientes e integrá-los via API a uma interface bonitinha.
Diferencial Competitivo
No fim, o que realmente importa não é se a Startup é de IA ou não, mas sim o diferencial competitivo de sua proposta e as barreiras de entrada que ela constrói para se manter única no mercado. Muitas vezes, essas barreiras vêm da exclusividade dos dados que a empresa coleta e utiliza, da maneira como integra as APIs ao seu fluxo de trabalho, ou ainda da personalização dos algoritmos para casos de uso específicos, conseguindo transformar essas integrações em partes valiosas de soluções altamente especializadas.
O que realmente importa
No fim das contas, o que faz de uma startup valiosa, com ou sem IA, não é se ela desenvolve tudo do zero ou se utiliza tecnologias prontas. O foco deve estar no impacto gerado, nos problemas resolvidos e na inovação aplicada ao contexto do negócio.
Assim, empresas que sabem utilizar essas APIs de IA generativa de forma estratégica, criativa e orientada a resultados são, sem dúvida, empresas de IA. E, no ritmo acelerado em que as coisas estão acontecendo, talvez essa facilidade de acoplar e desacoplar plataformas cada vez mais potentes de IA generativa de forma extremamente rápida pode ser o maior diferencial competitivo da startup.
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