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Indústria 4.0 no Brasil: mais digital, porém com baixa maturidade

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Pixabay/Pexels
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Sete em cada dez empresas no Brasil fazem uso de pelo menos uma tecnologia digital. O resultado está na Sondagem Especial Indústria 4.0: Cinco Anos Depois, lançada em abril de 2022 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2016, quando essa pesquisa foi realizada pela primeira vez, o índice estava pouco abaixo da metade (48%).

Vivemos a chamada Indústria 4.0 uma nova fase do desenvolvimento tecnológico e que se caracteriza pelo avanço e incorporação das principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. A partir da integração de diferentes tecnologias como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis.

A pesquisa considerou 18 tipos de tecnologias digitais, como automação (com e sem sensores), sistemas integrados para fabricação de produtos, impressão 3D, produção com auxílio de inteligência artificial e análises de modelos virtuais para projetos.

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Apesar do aumento na adoção de pelo menos uma tecnologia digital, a maioria das empresas utiliza uma baixa quantidade e diversidade de tecnologias digitais. Segundo o relatório, esse é um indicador de baixa maturidade já que, entre as empresas industriais entrevistadas, 26% utilizam de 1 a 3 tecnologias e apenas 7% utilizam 10 ou mais.

A baixa maturidade não está relacionada somente à quantidade de tecnologias, mas também à sua diversidade. A pesquisa demonstra que as tecnologias digitais com foco em melhoria do processo produtivo continuam sendo as mais utilizadas, e que também houve um incremento, nos últimos 5 anos, de soluções que permitem maior customização de produtos. No entanto, as tecnologias consideradas mais complexas, como as que envolvem inteligência artificial e machine learning, continuam sendo subutilizadas pelas empresas.

A pesquisa da CNI apresenta também que o tamanho da empresa está correlacionado com o seu nível de adoção das tecnologias digitais. Quanto maior a organização, maior o uso de pelo menos uma tecnologia digital. Entre as grandes empresas, 86% usam pelo menos uma das 18 tecnologias catalogadas. Entre as médias, o percentual de adoção cai para 64% e, entre as pequenas, atinge 42%.

Entre os principais obstáculos relatados por gestores para a implementação de tecnologias digitais, estão os altos custos de implementação (66%), estrutura e cultura da empresa (26%), falta de clareza sobre o retorno de investimento (25%), falta de conhecimento técnico (25%) e dificuldade para integrar novas tecnologias e softwares (18%).

A falta de mão-de-obra qualificada foi a barreira externa à empresa mais assinalada (37%). Em seguida, está a dificuldade para identificar tecnologias e parceiros (33%), e o fato de que clientes e fornecedores ainda não estão preparados para a sua incorporação (29%), assim como a ausência de linhas de financiamento apropriadas (20%).

Entre os principais benefícios reconhecidos pela indústria com a adoção das tecnologias digitais, se encontram o aumento de produtividade (72%), a melhora da qualidade dos produtos ou serviços (61%) e a diminuição dos custos de produção (60%).

A Indústria 4.0 e a transformação social pela sustentabilidade

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É importante ressaltar que a baixa maturidade tecnológica do setor industrial não traz empecilhos somente para o avanço da produção ou dos aumentos de ganhos financeiros.

Os impactos da Indústria 4.0 vão muito além, e a adoção de novas tecnologias pode contribuir para tornar a produção mais eficiente, com redução do uso de recursos naturais, geração de resíduos e consumo de energia, segundo aponta o artigo “Os impactos da quarta revolução industrial”, da Fundação Getúlio Vargas.

E já há exemplos de organizações aplicando soluções digitais para garantirem uma cadeia produtiva sustentável. É o caso do caso do Walmart, que monitora com blockchain a cadeia de carne de porco produzida na China e a plataforma Provenance, que usa as novas tecnologias para tornar cadeias produtivas mais transparentes, por exemplo, evitando a compra de atum pescado por trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Diante deste cenário, e apesar de ser um conceito ainda em consolidação, é preciso trabalhar urgentemente para garantir e ampliar a maturidade tecnológica das indústrias brasileiras. Sem dúvidas, essa medida aumentará a competitividade e o desempenho das organizações, algo fundamental no contexto econômico da próxima década. Mas o impacto não termina aí. Diante da constatação de que o nosso futuro dependerá da capacidade coletiva em reduzir o impacto da ação humana sobre o meio ambiente, a contribuição das tecnologias para a indústria se torna ainda mais relevante para a construção de uma economia sustentável e atenta ao desenvolvimento social como seu principal objetivo.