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Crítica Ninguém é de Ninguém | Filme espírita é mal feito e beira o amadorismo

Por| Editado por Jones Oliveira | 25 de Abril de 2023 às 18h00

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Reprodução/Sony Pictures
Reprodução/Sony Pictures

Não é de hoje que os filmes espíritas chamam a atenção do público. Sucessos como Nosso Lar e Kardec levaram centenas de pessoas ao cinema para acompanhar histórias que contam um pouco sobre o mundo espiritual e sobre a vida após a morte. Aproveitando esse sucesso, em abril de 2023, a Sony Pictures lançou o longa Ninguém é de Ninguém, baseado no livro homônimo da controversa autora Zíbia Gasparetto.

Dirigido por Wagner de Assis (A Cartomante, A Menina Índigo e Amor Assombrado) e estrelado por nomes de peso como Danton Mello, Carol Castro, Rocco Pitanga e Paloma Bernardi, o longa tinha chances de ser bem sucedido, mas é mal executado e deixa muito a desejar.

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A história começa mostrando Gabriela (Carol Castro) e Roberto (Danton Mello) se divertindo em um parque com os filhos. Acontece que mesmo em um momento de descontração, Roberto não consegue relaxar e não deixa de demonstrar o ciúmes doentio que sente da esposa. Até mesmo as ligações telefônicas que ela recebe ele tenta controlar de algum modo.

A partir de então, o que vemos é ele se tornando cada vez mais possessivo e até mesmo agressivo, chegando a bater em Gabriela. Tal ciúmes não é bem explicado na trama e fica, então, como um traço da sua personalidade.

A situação se complica ainda mais, quando Roberto leva uma rasteira do seu sócio e perde todo o dinheiro que tinha investido. Concomitante a isso Gabriela se consagra na carreira, chegando a se tornar sócia do escritório de advocacia onde trabalha.

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A construção do ciúmes e da vingança

Em meio a toda essa situação, Roberto e Gabriela conhecem Gioconda (Paloma Bernardi), a esposa de Renato (Rocco Pitanga), o dono do escritório de advocacia. E é assim, que o marido possessivo e Gioconda se unem para separar os seus cônjuges um do outro, sem ao menos terem certeza se eles são, de fato, amantes.

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Aqui vale falar que a construção do ciúmes no filme é pobre e mal trabalhada. Embora o sentimento não precise ser justificado a todo tempo, dá uma sensação de que ele é gratuito e fica difícil comprar a ideia do longa.

Outro ponto importante é que o roteiro é pobre, os diálogos são fracos e não prendem muito a atenção. Com uma premissa interessante, talvez a trama pudesse ter sido melhor lapidada para entregar cenas mais complexas.

O sobrenatural e o além vida

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Se enquanto todos os quatro protagonistas estão vivos, a trama já não entrega grandes emoções, quando passamos para o “além vida”, a situação piora muito. Após Gioconda atirar e matar Roberto, por acidente, ele fica perdido no seu processo de desencarne e acaba vagando pelo plano terreno em torno de Gabriela.

A partir daí, tenta a todo custo atrapalhar a vida de Renato e ficar próximo da amada, mas acaba apenas sugando sua energia. Sem muito comprometimento com a realidade, todo esse processo parece simplista demais, e surpreende, uma vez que vindo das mãos de Wagner de Assis, que também assinou o brilhante Nosso Lar, o esperado era um filme mais bem produzido e uma trama espírita melhor conduzida.

Todos os efeitos especiais soam falsos e empobrecem a obra. É claro que retratar o plano espiritual com toda a veracidade possível é sonhar com o irreal, mas os efeitos e as cenas poderiam ter sido melhor trabalhadas para um resultado mais crível.

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Outro ponto crítico acontece quando Gioconda parte para o Umbral (plano inferior). A forma como ela é levada para lá também é problemática. Além disso, o filme não explica porque Roberto ficou vagando na Terra e porque ela é levada para o local, sendo que os dois tiveram comportamentos semelhantes. Quem é kardecista, certamente, entenderá a diferença, mas quem não é fica perdido no contexto.

Bom elenco não faz bom filme sozinho

Se por um lado o roteiro peca, por outro não dá para negar que o elenco de Ninguém é de Ninguém não decepciona. Além dos protagonistas, os coadjuvantes também não fazem feio em cena.

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O destaque fica para Stepan Nercessian que aparece como um detetive que ajuda o advogado Renato, e para Renata Castro Barbosa que dá vida à empregada de Gabriela e a auxilia a se livrar do encosto do ex-marido.

Veteranos na dramaturgia e com experiência tanto em comédia quanto em drama, os dois acertam o tom em seus respectivos personagens e não caem no caricato. Acontece que sem terem muito no que se apoiar, tanto eles quanto o restante do elenco podem se esforçar o quanto quiserem que não conseguirão salvar o filme.

Ninguém é de Ninguém: melodrama e roteiro fraco

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Com todos esses pontos em mente, fica fácil concluir que o filme baseado na obra de Zíbia Gasparetto é fraco, raso e simplista. Por meio de cenas mal executadas, ele tenta resumir a doutrina espírita em uma sucessão de erros das vidas passadas que influenciam na vida de agora —e sabemos que tal doutrina é muito mais completa que isso.

Apesar das boas atuações, especialmente de Carol Castro, não há ator que consiga salvar esse fiasco do cinema nacional. Sendo assim, Ninguém é de Ninguém, é claro, não vale a entrada no cinema, mas caso você queira dar uma chance a ele, pode comprar seus bilhetes pelo site do ingresso.com.