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Crítica | Escape from Pretoria impressiona pela fuga, mas não pela política

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Batrax Entertainment
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Thrillers de fuga geralmente têm o mesmo fim, com o prisioneiro injustiçado conseguindo a sua liberdade após passar por diversos problemas e algumas falhas. Mesmo sabendo disso, ficamos tensos, sobretudo quando os personagens são pessoas às quais nos apegamos, sentimental ou ideologicamente.

É difícil não ficar apreensiva por personagens como Tim Jenkin (Daniel Radcliffe) e Stephen Lee (Daniel Webber), sobretudo se estamos cientes de que eles existiram. Para adicionar tensão real à trajetória dos heróis, o diretor Francis Annan inclui na introdução de Escape from Pretoria cenas reais do apartheid, nas quais é possível constatar a brutalidade da força policial branca.

Não se trata de uma escapada em grande escala, nos moldes de clássicos como Papillon (Franklin J. Schaffner, 1973), mas não é uma questão de medir desafios: Escape from Pretoria é suficiente dentro das suas proporções, mesmo com prisioneiros que parecem privilegiados se postos ao lado de outros personagens do gênero.

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Atenção! A partir daqui, a crítica pode conter spoilers.

Política

Escrito a partir do livro de Tim Jenkin, o roteiro de Francis Annan e L.H. Adams é bastante focado na fuga em si, com Jenkin pensando as estratégias e confeccionando, testando ou escondendo as chaves de madeira. Sobra, portanto, pouco tempo para um desenvolvimento mais profundo dos personagens e o apego é apenas ideológico: claro que queremos que esses brancos que lutam contra um regime fascista que oprime os negros escapem da prisão, mas há pouco da personalidade deles sendo exposta.

A história ainda traz Denis Goldberg (Ian Hart) como um dos personagens e é um pouco decepcionante ter ele como apenas mais um prisioneiro que, vez ou outra, tem uma contribuição mais significativa. Não há, por parte da direção, um engrandecimento das figuras históricas e recai completamente sobre os ombros dos autores fazer dos seus personagens algo além de prisioneiros comuns com uma inteligência digna de nota.

Com uma ala para prisioneiros políticos, é pouco convincente a ideia de que em pouquíssimos momentos assuntos políticos venham à tona e, quando isso ocorre, são comentários que destoam um pouco do contexto ou soam como frases de efeito, apesar de conterem uma tremenda potência. Aqui, o filme ensina uma lição técnica: nem sempre o que é mostrado é o mais importante, mas sim como é mostrado.

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Méritos

Tecnicamente competente, Escape from Pretoria chega a ter alguns momentos de virtuose fotográfica, como quando Jenkin e Lee estão escondidos no armário de filmes e apenas seus olhos estão iluminados pela luz que invade o espaço escuro pelas brechas entre uma madeira e outra.

Francis Annan, embora não consiga agregar muito aos personagens, cria um bom suspense ao priorizar planos-detalhe como o suor escorrendo ou os dedos que tentam segurar a porta do armário de filmes a qualquer custo. Além disso, juntamente com a montagem, parece conseguir dilatar o tempo toda vez que uma chave é testada, agregando tensão: sabemos que eles conseguem fugir, mas não conseguimos prever quando uma das chaves poderá falhar ou simplesmente quebrar.

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Apesar de não ser um grande filme, Escape from Pretoria é interessante e, mesmo que não seja um grande entretenimento ou uma obra de arte que sobreviva à prova do tempo, é capaz de criar no espectador a curiosidade por um evento histórico que jamais deve ser esquecido, para que nunca se repita, ou pode servir como conscientização diante de características fascistas.