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Crítica Carga Máxima | Siga bem veloz e furioso, caminhoneiro

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Reprodução/Netflix
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Logo após o sucesso do primeiro Velozes e Furiosos, Hollywood resolveu que o público queria ver filmes com veículos coloridos, alguma música de hip-hop ou nu metal moendo na trilha sonora e ação frenética. A aposta não deu muito certo e somente a franquia estrelada por Vin Diesel perdurou até hoje, se tornando mais absurda a cada novo capítulo.

O Brasil parece ter demorado duas décadas para investir em seu próprio Velozes e Furiosos, mas com a ajuda da Netflix, isso finalmente se tornou realidade com Carga Máxima. O longa mantém a ideia do primeiro filme da franquia americana, focando em roubo de carga, mas troca os carros potentes por caminhões, o que parece absurdo, mas faz sentido dentro da trama.

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Velozes até demais

Carga Máxima tem uma história relativamente simples, centrada em Roger, personagem interpretado por Thiago Martins (Amor de Mãe), um piloto de Formula Truck que vive para correr na equipe mantida pelo seu pai. Após sofrer tragédias pessoais e financeiras, Roger acaba se envolvendo com bandidos, se tornando um piloto em um esquema de receptação de carga. Ou, como os personagens chamam, "mercado paralelo de cargas".

Apesar de seu talento na boleia, o que rende um bom dinheiro para manter a sua equipe de corrida, Roger se vê no meio de um processo em que sua vida pode acabar indo por um caminho inesperado e sem saída do crime.

Com pouco mais de uma hora e meia de duração, Carga Máxima joga tudo isso no espectador nos primeiros 15 minutos de filme. Chega a ser impressionante como o longa simplesmente não para um segundo, algo que por um lado é bom, já que deixa tudo bastante dinâmico, mas por outro, tudo é tratado de maneira extremamente superficial.

Martins se esforça demais no papel principal e consegue manter tudo dentro do caminho planejado, mas o roteiro se move numa velocidade que personagens aparecem e somem sem explicação, motivações se perdem com facilidade. Até mesmo a passagem de tempo é meio esquisita por conta desse ritmo frenético do filme.

Na boleia do meu caminhão

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A escolha de corrida de caminhões como pano de fundo do filme parece esquisita, mas é bem interessante dentro de Carga Máxima porque dá às perseguições e cenas de ação um gostinho de novidade.

É muito comum ver filmes com carros e motos potentes fazendo manobras absurdas em estradas, mas caminhões são mostrados sempre como gigantescos blocos que, no máximo, causam alguma colisão.

Carga Máxima mostra, já nos primeiros minutos, um uso bastante criativo dos veículos de carga e isso acaba se desenvolvendo cada vez mais ao longo do filme. É legal ver que a equipe do longa, dirigido por Tomas Portella (Impuros: O Filme), pegou a ideia e resolveu brincar com os caminhões, não caindo no lugar comum que muitos esperavam.

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Isso também permite que até mesmo as cenas em que Roger compete com seu caminhão pareçam legais, ainda que sejam bastante previsíveis.

É uma cilada!

O elenco de Carga Máxima consegue fazer o possível com a história, ainda que não chamem atenção em seus papéis. Sheron Menezzes (Maldivas) parece ter importância na trama, mas nunca tem seu papel desenvolvido o suficiente para se destacar. O mesmo acontece com Raphael Logam (Impuros), que até consegue participar mais do filme, mas não o bastante.

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O destaque fica mesmo para Martins, que consegue segurar bem o filme no seu papel principal, e a participação de Evandro Mesquita (A Grande Família) e Milhem Cortaz (Tropa de Elite), nos papéis do bicheiro Odilon e do traficante Fumaça.

O vocalista da Blitz é cheio de trejeitos engraçados no papel do bicheiro, ainda que consiga passar uma aura ameaçadora sempre que tem seu nome ligado à criminalidade. Cortaz, por sua vez, é excelente e assustador na pele daquele que fica responsável por movimentar as cargas roubadas.

Ação com gostinho brasileiro

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Apesar de claramente ser um filme com orçamento mediano, Carga Máxima faz o que pode com o que tem, entregando boas cenas de ação e uma trama que se movimenta em um ritmo que deixa impossível para o espectador desgrudar os olhos da tela.

Mesmo com uma trama bastante previsível, o filme consegue operar bem dentro de suas limitações e coloca um pouco do gostinho brasileiro, seja por situações ou gírias usadas, que tornam a experiência bem agradável.

Certamente, o longa não vai se tornar o filme de ação preferido de alguém, muito menos estará nas listas dos melhores filmes do gênero no fim do ano. Porém, é uma produção que entrega bom entretenimento que não deixa a desejar a muitos blockbusters estrangeiros.

Carga Máxima está disponível na Netflix.