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Crítica | Bloodshot convence e pode ser o início de uma nova franquia de heróis

Por| 12 de Março de 2020 às 09h20

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Sony Pictures
Sony Pictures

Já faz um tempinho que várias companhias vêm mirando adaptações de quadrinhos para as telonas e, embora a Marvel e a DC estejam em evidência, por conta de propriedades mais populares, várias editoras menores têm suas próprias apostas para abocanhar uma fatia desse mercado bilionário. E uma delas é a Valiant Comics, que passou anos dando a Bloodshot um background mais complexo, o suficiente para ele ganhar um filme para chamar de seu. E esse dia chegou, com Vin Diesel no papel principal no longa produzido pela Sony Pictures que chega nesta semana ao circuito nacional.

Bloodshot traz uma espécie de “amálgama” de todas as versões do personagem, desde sua criação em 1992, e conta a história do soldado Ray Garrison, que, após uma missão bem-sucedida, retorna para casa, nos Estados Unidos, para os braços de sua amada, Gina. Ambos acabam surpreendidos e capturados por bandidos ligados ao grupo atacado pela ofensiva norte-americana. O casal é torturado e brutalmente morto por seus agressores.

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Algum tempo depois, Garrison é ressuscitado por um programa da companhia Rising Spirit Technologies, comandado pelo Dr. Emil Harting (Guy Pearce, que agora parece fazer somente esse mesmo papel). Aprimorado pelo uso da nanotecnologia, o ex-soldado se torna uma máquina de matar conhecida como Bloodshot. A tecnologia que corre em suas veias aumenta sua força, seus reflexos e sua capacidade de regeneração. E, ao recuperar sua memória, ele parte em busca de vingança.

Atenção: a partir deste ponto o texto conta com alguns pequenos spoilers que talvez possam estragar sua experiência na sala de cinema

Belas cenas de ação e roteiro esperto

Uma das coisas que mais chamam a ação em Bloodshot são as sempre explosivas sequências de ação. Todas são muito bem coordenadas e, embora não esbanjem centenas de efeitos especiais de ponta, mostram, na medida certa, os poderes do protagonista e sua incrível capacidade de regeneração. Boa parte desse mérito vai para Vin Diesel, que, como sabemos, é especialista nas cenas de “tiro e porrada”.

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O roteiro se baseia nos quadrinhos e, além de trabalhar bem vários aspectos, adiciona alguns elementos interessantes. Nas tramas originais, Bloodshot sofre com certas limitações que se tornam reviravoltas. O próprio primeiro ato acaba em um estranho anticlímax, que aos poucos vai revelando o que realmente acontece em toda a história — e é interessante como o diretor Dave Wilson faz isso.

Bloodshot chegou a ter seu próprio grupo nos quadrinhos, os H.A.R.D. Corps, e no filme vemos algo parecido, com uma equipe de outros soldados tecnologicamente melhorados: Katie “KT” (Eiza Gonzáles), Jimmy Dalton (Sam Heughan) e Tibbs (Alex Hernandez), com supervisão do “nerd da cadeira” Eric (Siddharth Dhananjay).

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Isso dá a sensação que o projeto que trouxe Garrison de volta à vida realmente é algo maior do que se pensa e colocar o personagem entre outros combatentes casca-grossa traz aquela dinâmica de filmes de guerra. Aliás, a maior crítica com relação ao texto seria nesse quesito, pois fica a sensação de que os relacionamentos entre os integrantes dessa turma poderiam render interações divertidas — mesmo que seus parceiros não tenham assim aquelas atuações “dignas de Oscar”.

Piadinhas “Marvel” e tecnologia atual

Uma das coisas que é visível nesse filme é como a Sony procurou manter a narrativa na mesma estrutura que vemos nos hits do Marvel Studios. Entre esses elementos estão a ausência daquela tradicional história que envolve “interesses românticos” e um pouco mais de atenção aos coadjuvantes. Além disso, o “vilão” do filme não soa tão simplório quanto se imaginava, e o antagonismo é ampliado aos poucos.

Aquele tradicional humor dos títulos da Casa das Ideias também tenta aparecer em Bloodshot, em especial com os personagens Eric e Wilfred Wigans (Lamorne Morris). Embora seja louvável oferecer à audiência esses alívios cômicos, não dá para dizer exatamente que eles sejam bem-sucedidos — dá para notar uma certa falta de jeito e timing para fazer isso como a Marvel faz.

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E um dos pontos positivos na trama é tentar trazer a tecnologia da ficção científica de uma revista criada no começo dos anos 90 para os dias atuais. Assim, mesmo que estejamos falando de bilhões de robôs microscópicos no interior de um homem, vemos várias referências a coisas que usamos atualmente, como monitoramento em tempo real, rastreamento e identificação de rostos, drones avançados, entre outras coisas. Isso agrega uma certa verossimilhança à trama toda.

Mas vale a pena?

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Bem, no final das contas, Bloodshot é um filme de ação baseado em uma história em quadrinhos do começo dos anos 90, que era basicamente uma homenagem aos longas oitentistas de pancadaria e tiroteio. Pode-se dizer que houve uma boa transição de tudo isso para um título de 2020, muito graças a Vin Diesel. Se você curte o gênero, vá sem medo de ser feliz e divirta-se — não dá para dizer que é uma obra-prima, mas cumpre bem o papel a que se dispõe fazer.

E a boa notícia para quem gosta desse tipo de título é que, aparentemente, teremos outras investidas da Valiant nos cinemas, possivelmente com seu próprio universo compartilhado — aos moldes do Universo Cinematográfico Marvel, segundo disse o próprio Vin Diesel. Então, não se surpreenda se outras propriedades como X-O Manowar, Harbinger e Ninjak se juntarem a Bloodshot no futuro próximo.