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Tecnologia pode trazer mortos de volta à vida — digitalmente, claro

Por| Editado por Jones Oliveira | 11 de Março de 2021 às 12h51

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix

Ainda não vai ser desta vez que os fãs de Resident Evil poderão ver Raccoon City se tornando real, mas, em breve, isso pode ser possível para quem curte Black Mirror. Pelo menos na visão de dois pesquisadores russos que acreditam que nosso futuro reserva um método de ressurreição digital de pessoas comuns e figuras históricas, com não apenas toda a vida delas sendo reproduzida de forma virtual como também a possibilidade de que elas sejam mantidas vivas em um mundo simulado, ao melhor estilo San Junipero.

A ideia vem sendo trabalhada desde 2014 pelos transumanistas Alexey Turchin e Maxim Chernyakov e faz parte de um trabalho que envolve diferentes caminhos para o que chamam de “ressurreição tecnológica”. Neste caso específico, a teoria envolve o uso da Esfera de Dyson, um aparato que a humanidade ainda não é capaz de construir, mas que, quando possível, também possibilitará o nível de energia necessário para o poder computacional capaz de acumular tamanha quantidade de dados e os transformar em uma simulação fidedigna.

Para quem não está familiarizado com o conceito, a Esfera de Dyson é uma megaestrutura hipotética que circunda uma estrela, sendo capaz de capturar toda ou a maior parte da energia emitida por ela. Para Freeman Dyson, o físico e matemático inglês que desenvolveu a ideia em 1960 a partir de livros de ficção científica, o surgimento da estrutura seria fruto direto do avanço tecnológico da sociedade e de suas capacidades energéticas cada vez maiores — ele também indica que a procura por um aparato do tipo pelo universo, se bem-sucedida, serviria como indício inegável de vida alienígena não apenas inteligente, como tecnologicamente avançada.

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De acordo com Turchin, que também é membro do Partido Transumanista da Rússia e de uma organização voltada para pesquisas nesse sentido, para que o projeto funcione, é preciso uma preparação em vida. Enquanto nas redes sociais, registros de trabalho e demais arquivos ajudam a criar um panorama, o pesquisador aponta que as condições de consciência, estímulos do ambiente e demais aspectos de formação da realidade e mentalidade também estejam disponíveis, de forma que a reprodução da vida do ressuscitado seja autêntica, assim como sua versão pós-morte.

Ele próprio afirma estar se preparando para essa possibilidade, mantendo registros detalhados de todas as conversas, experiências cotidianas e até sonhos. O pesquisador também especula que, em um futuro no qual a clonagem humana seja possível, a tecnologia também possa ser aplicada a corpos físicos, permitindo que as pessoas efetivamente "voltem à vida" e retornem ao convívio de seus familiares e amigos.

Novamente, Turchin retorna ao conceito da Esfera de Dyson, já que a ideia de que ninguém mais "morreria" aumentaria gradativamente o uso de recursos naturais e a necessidade energética, algo que a estrutura seria capaz de entregar. A ideia do transumanista é que, no futuro, um aparato desse tipo será construído ao redor do nosso Sol, capturando toda a energia emitida por ele e a utilizando na Terra.

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No estudo, a dupla de cientistas cita a ressurreição tecnológica como o terceiro plano possível para imortalidade, citando também tecnologias criogênicas e plastinação para preservação da matéria orgânica e, por último, o desenvolvimento de sistemas de backup digitais de memórias e experiências que também possibilitariam uma reconstrução da consciência, de forma virtual.

Turchin não descarta conceitos filosóficos e religiosos como a alma de um indivíduo, afirmando que seu estudo serve como uma adição a tais ideais. Segundo ele, forma-se aqui uma situação em que só há ganhos — se existe vida após à morte, todos nós iremos para lá algum dia, e se a reprodução digital também for possível, é possível permanecer existindo em forma de backup ou simulação. Para o pesquisador, ambos são cenários positivos.

Já sobre a impossibilidade de construção de uma Esfera de Dyson ao redor do Sol, o russo aposta em nanotecnologia, tanto na montagem da estrutura em si quanto na obtenção de recursos, a partir de luas ou planetas próximos. Ele rebate até mesmo teorias sobre a impossibilidade de construção de um aparato desse tamanho, citando o uso de múltiplos satélites em órbitas independentes, mas sincronizadas, em vez de um único invólucro para a estrela.

Fonte: Popular MechanicsClassification of the approaches to the technological resurrection (Academia)