Pesquisadores identificam espécies de tartaruga que não envelhecem
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas descobriram espécies de tartaruga que não envelhecem, ou cujos corpos não apresentam sinais de senilidade. Dois estudos verificaram os efeitos da idade em tetrápodes de sangue frio, espécies com vidas excepcionalmente longas e que apresentam pouca ou nenhuma deterioração de suas características funcionais. Ambos foram publicados na revista científica Nature.
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A ordem de répteis em questão é a dos Testudines, que envolve tartarugas, cágados e jabutis — cujos animais podem viver por mais de 100 anos de idade. Analisando os impactos e padrões de envelhecimento nos bichos e em espécies proximamente relacionadas, os pesquisadores notaram uma variação grande na taxa de senilidade, apesar de apresentaram outras semelhanças fundamentais.
Devagar e sempre
Os dados analisados pelos cientistas vem de estudos de campo de 77 espécies de 107 populações selvagens, incluindo tartarugas, anfíbios, cobras, crocodilos e jabutis. Foi avaliado, então, como as modalidades termorregulatórias, temperatura ambiental, adaptações protetivas e o ritmo de vida influenciam no avanço da idade física dos animais.
Em comparação com pássaros e mamíferos, o estudo liderado por Beth Reinke encontrou maior diversidade nas espécies do grupo estudado: a longevidade ectotérmica (número de anos após a primeira reprodução, quando 95% dos adultos morrem) foi de 1 a 137 anos. Nos primatas, por exemplo, a variação vai de 4 a 84 anos.
Em múltiplas espécies de quelônios, os cientistas encontraram pouca evidência de quaisquer efeitos da idade, e também em salamandras e tuataras — espécie de lagarto da Nova Zelândia. Adaptações protetivas e estratégias de sobrevivência, como cascos de osso e um ritmo de vida lento, no caso das tartarugas, ajudam a explicar o envelhecimento quase nulo das espécies longevas.
Outro estudo, liderado pela cientista Rita da Silva, examinou mudanças na taxa de mortalidade com a idade em animais cativos: especificamente, foram estudadas 52 espécies de tartarugas, terrapins e jabutis em zoológicos. A senilidade era muito lenta ou insignificante em 75% dos animais estudados: cerca de 80% deles envelhecem em uma taxa menor do que a dos humanos modernos.
Diferente dos humanos e de outras espécies, as descobertas em ambientes controlados também sugerem que algumas espécies de tartaruga e jabuti podem reduzir o envelhecimento físico em resposta a condições ambientais melhores, onde os bichos podem alocar mais energia corporal à sobrevivência ao invés da proteção, estendendo sua expectativa de vida.