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Submarino autônomo desaparece misteriosamente em missão na Antártida

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Anna Wåhlin/University of Gothenburg
Anna Wåhlin/University of Gothenburg

O submarino autônomo Ran, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, desapareceu durante uma missão científica na Antártida. Com sete metros de comprimento, o veículo não tripulado era um dos únicos três no mundo utilizados para pesquisas subglaciais e desempenhava um papel importante na coleta de dados sobre a plataforma de gelo Dotson

O desaparecimento do robô-submersível ocorreu em janeiro deste ano, enquanto o Ran explorava a plataforma, na Antártida Ocidental. O submarino realizaria medições com o seu sistema avançado de sonar na divisa entre o gelo e a água. Entretanto, o submarino não retornou ao ponto programado, dando início ao mistério do seu desaparecimento, sob uma camada de gelo com 200 a 500 metros de espessura.

“Há poucos lugares inexplorados na Terra”, conta a pesquisadora Anna Wåhlin, coordenadora do projeto, sobre o desafio de investigar as geleiras e as plataformas de gelo por baixo — sem a ajuda de imagens de satélite. Embora tenham sido realizadas inúmeras missões, “o ambiente desafiador acabou nos vencendo desta vez”, afirma Wåhlin.

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Como o submarino desapareceu?

Antes de seguir, é preciso entender que, durante as operações, o submarino não mantém contato contínuo com o navio de pesquisa. As rotas são programadas previamente, e seu sistema de navegação avançado normalmente o guia de volta à superfície. 

No entanto, o ambiente subglacial é altamente imprevisível. “Algo inesperado aconteceu sob o gelo, e isso impediu o Ran de voltar [de sua última missão]”, conta a pesquisadora.

O desaparecimento de Ran está ligado a três possíveis hipóteses sobre o que pode ter ocorrido. A primeira é que ele teria colidido com formações submarinas desconhecidas. Outra possibilidade envolve a interação com animais marinhos, como focas, o que poderia ter desprogramado a sua rota de retorno. Também não se pode descartar uma falha técnica que teria comprometido a sua localização.

Segundo Wåhlin, a equipe de buscas utilizou helicópteros, drones e equipamentos acústicos para localizar o veículo, mas sem sucesso. "É como procurar uma agulha em um palheiro, mas sem nem saber onde o palheiro está", comenta.

Mistério na Antártida

Através do submarino autônomo, foi possível mapear o interior da plataforma de gelo Dotson, revelando informações detalhadas sobre os mecanismos de derretimento do gelo. Isso é importante para entender o risco de colapso, o que deve alterar o nível do mar em todo o globo. Também foram encontradas formações estranhas entre o gelo e a água, sem explicação aparente. Estes achados foram detalhados em artigo publicado na revista Science Advances.

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“Pessoalmente, sou da opinião de que este é um fim melhor do que ter o veículo envelhecendo e acumulando poeira em uma ‘garagem’. Ao mesmo tempo, é claro que é uma perda muito grande”, explica a pesquisadora. 

O incidente apenas ressalta a importância de buscar por novas tecnologias e missões mais seguras para desvendar os mistérios das geleiras antárticas e suas implicações para o futuro do planeta. Inclusive, o grupo procura por novos financiadores para a aquisição de um substituto.

Leia mais:

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VÍDEO: O incrível navio que fica de pé no meio do mar

Fonte: Universidade de Gotemburgo (1) e (2)

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