Soldados ucranianos encontram ânforas do século 4 ao cavar trincheiras em Odessa
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Soldados da 126ª Defesa Territorial Ucraniana desenterraram urnas — ou ânforas — do século IV ou V na cidade costeira de Odessa, ainda neste mês de maio, enquanto cavavam trincheiras para a defesa do país contra a invasão russa. Segundo as tropas, os jarros são da época romana, quando a cidade se chamava Odessus.
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Os itens, considerados em excelente estado de conservação, foram transferidos para o Museu Arqueológico de Odessa. A cidade é a terceira mais populosa da Ucrânia e um importante porto de exportação na costa sudoeste do país, no Mar Negro. Atualmente, o local está sob cerco da Rússia, que o bombardeia com mísseis e executa um bloqueio naval contra o transporte de grãos e trigo.
Ânforas e o mundo antigo
Usadas pela primeira vez na Era no Bronze, há mais de 3.000 anos, as ânforas se tornaram a principal forma de armazenar e transportar bens entre as civilizações mediterrâneas. Seus formatos dependiam do item que levavam: as mais longas e esguias eram para vinho; as mais largas, para peixe seco e cereais; as miniaturas, para perfumes; e uma especial, por fim, levava azeitonas e era dada como prêmio aos vencedores dos Jogos Panatenaicos, precursores das olimpíadas.
Os jarros eram utilizados por egípcios, gregos, romanos, cartagineses e bizantinos, e iam além do puro armazenamento — ânforas gregas também eram itens decorativos, com pinturas retratando cenas de sua mitologia, triunfos de grandes atletas gregos ou até mesmo cenas eróticas. Como eram muito presentes no mundo antigo, milhares delas seguem sendo encontradas atualmente.
Preservação histórica e a guerra
Nem todos os exércitos têm o mesmo respeito com itens da antiguidade quanto o demonstrado no achado recente em Odessa, no entanto. A Unesco denunciou, até o último dia 16 de maio, danos a 133 sítios culturais, monumentos, museus, locais religiosos, bibliotecas e mais lugares por forças russas desde sua invasão da Ucrânia.
Apesar de a ocorrência com as trincheiras e ânforas ter ajudado a encontrar os itens históricos, tanto essa quanto outras atividades bélicas são ameaças ao patrimônio cultural da região, incluindo os que ainda não foram descobertos. O conflito, por exemplo, não possibilitou que arqueólogos pudessem documentar o local onde as ânforas foram encontradas, tendo apenas os registros dos soldados locais.
Fonte: Smithsonian Magazine