Sandália de 1.700 anos é encontrada em montanha remota da Noruega
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela | •
Uma sandália da Idade do Ferro foi descoberta em uma montanha nevada da Noruega em agosto de 2019, e vem sido estudada desde então por arqueólogos do país, revelando muito sobre os costumes e história da época, em conjunto com outros materiais encontrados no local, atualmente considerado remoto.
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Espen Finstad, arqueólogo responsável pelo trabalho de campo que recuperou a sandália, elogiou a atitude do guia que encontrou o item: ele contatou Secrets of the Ice, centro de pesquisadores que trabalham com arqueologia preservada em geleiras e trechos nevados, ao localizar o calçado nas montanhas Lendbreen enquanto caminhava. Ele mandou coordenadas de GPS e fotografias e o deixou no gelo.
Os arqueólogos tiveram de correr, pois só havia um dia de trabalho até uma previsão de neve forte atingir o local, provavelmente escondendo o objeto por anos até um derretimento revelá-lo novamente. Em 2 de setembro de 2019, um dia longo, segundo os cientistas, eles recuperaram a sandália. A datação por radiocarbono, então, a colocou em cerca de 300 d.C. — outros artefatos encontrados na área, como tecidos, não são tão antigos quanto ela.
Mais artefatos encontrados e o que demonstram
Os restos de tecido e estrume de cavalo, que datam da Era VIking (cerca de 800 a 1066 d.C.), mostram que o local já foi uma rota que conectava o interior da Noruega à costa. Segundo os especialistas, as pessoas que viajavam por ali sabiam o que estavam fazendo: eles provavelmente preenchiam o calçado com pele animal ou tecidos quentes. Montes de pedras empilhadas, chamados marcos, mostram por onde a rota corria.
Finstad e equipe teorizam: o viajante provavelmente passava pelo local carregando bens para comércio e, ao ter o calçado danificado de alguma forma, o descartou na encosta da montanha. Há muios vestígios de passagem humana pelo local, mostrando que não havia medo de cruzar os montes gelados. A sandália é inspirada pela moda romana de fazer calçados, indicando contato com outros povos.
Há, também, pontas e hastes de flecha no passo da montanha, que datam de 2.000 a 3.000 anos atrás, sugerindo que caçadores em busca de renas e outros animais passaram pela região. O achado da sandália, no entanto, ofusca todos os outros: ela e os marcos contam uma história bem clara da época, que demonstra um tráfego e utilização de rotas para comércio e trocas tanto de bens quanto de tecnologias e conhecimentos.
Fonte: LiveScience