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Ratos de resgate podem salvar vidas ao farejar pessoas em escombros

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Mx. Granger/Domínio Público
Mx. Granger/Domínio Público

Uma equipe de cientistas baseada na Tanzânia vem treinando ratos para ajudar com seu faro em toda sorte de problemas, como detectar minas terrestres e encontrar pessoas presas em escombros após tragédias.

Eles participam de uma organização não-governamental (ONG) chamada APOPO (Anti-Persoonsmijnen Ontmijnende Product Ontwikkeling, ou, em português, "Desenvolvimento de Produtos para Remoção de Minas Terrestres Anti-Pessoais"), e já treinaram os bichinhos para farejar tuberculose e até mesmo dirigir carros.

Os ratos têm um faro tão poderoso quanto o dos cachorros, mas seu tamanho reduzido os torna ideais para ações que os caninos não conseguiriam fazer, como entrar em frestas nos escombros ou pisar em minas terrestres sem ativá-las, por serem leves e pequenos demais. Para os trabalhos, os cientistas utilizam o rato-gigante-africano (Cricetomys ansorgei). Todo o esforço visa ajuda humanitária.

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Reforçando ratinhos

O treinamento dos roedores é feito através de reforço positivo baseado em uma sequência de comportamentos: o objetivo deles é encontrar humanos, indicar que foram encontrados e voltar ao local de onde foram soltos. Para começar, os bichinhos ficam em uma sala vazia pequena, que aumenta para comportar a complexidade do treinamento. Destroços também podem ser adicionados para simular um ambiente realista onde uma construção caiu, por exemplo.

Ao encontrar a pessoa, o ratinho avisa puxando uma bola presa à roupa de resgate que veste. Como puxar a bola não é um comportamento natural, os animais precisam ser treinados: ao terem as vestes postas, os roedores — naturalmente curiosos — investigam a bola, e o comportamento de puxá-la é reforçado com recompensas. O objetivo é fazê-los entender que serão recompensados após puxar a bola por dois ou três segundos.

Como não será possível ver ou ouvir os ratos em meio aos escombros, engenheiros colaboraram com a equipe para desenvolver uma pequena mochila com um transmissor, que notifica os cientistas quando a bolinha é puxada. Os ratos, é claro, são treinados para encontrar pessoas vivas — já que, no treinamento, não é possível utilizar cadáveres.

Cães conseguem notar a diferença entre vivos e mortos de 3 a 4 horas após a morte, e sabemos que o cheiro é, de fato, diferente. Tão diferente que não é um problema não poder treinar os roedores nesse caso: eles devem ir apenas até as pessoas vivas em meio aos destroços, as que mais precisam de cuidado imediato.

O treinamento dos animais começou em agosto de 2021, e desde então o objetivo tem sido realizar testes fora do ambiente de pesquisa. Um grupo de resgate chamado GEA (Gaia, em referência à deusa mitológica da Mãe Terra), da Turquia, trabalha em parceria com a APOPO: o país tem grande incidência de terremotos, e, caso um deles aconteça, os ratos poderão ser usados para resgatar as vítimas.

A ONG vem trabalhando na pesquisa com minas terrestres desde 1998, com os primeiros testes operacionais acontecendo em 2003 e 2004. Para a detecção de tuberculose, a pesquisa começou em 2003, e os ratos começaram a operar em 2007.

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Fonte: Science Focus