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Quinta força fundamental pode ser descoberta com ajuda dos nêutrons

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Setembro de 2021 às 16h05

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Tomislav Jakupec/Pixabay
Tomislav Jakupec/Pixabay

Há algum tempo, cientistas suspeitam que exista uma força fundamental da natureza ainda desconhecida, capaz de explicar algumas anomalias observadas em alguns experimentos, ou até mesmo de revelar a natureza da matéria escura, ou da gravitação quântica. Agora, um novo estudo conseguiu medições precisas de escalas subatômicas, fornecendo novas ferramentas para a busca pela quinta força.

Para o experimento, os cientistas usaram um disparo de feixes de nêutrons em amostras de silício. Os nêutrons são partículas que, ao lado dos prótons, formam o núcleo dos átomos, e recebem este nome porque não possuem cargas elétricas. Entretanto, as partículas que formam os nêutrons — os quarks — possuem cargas, conforme veremos mais adiante.

Usando uma técnica chamada interferometria pendellösung, a equipe de físicos liderada por Benjamin Heacock usou os feixes de nêutrons porque, sem carga elétrica para interagir com as amostras de silício, é possível alcançar maior precisão do que técnicas de raios-X. Os nêutrons são liberados de seus átomos durante o processo de fissão nuclear e focados em feixes capazes de penetrar com maior profundidade na matéria que se deseja estudar.

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Desde modo, os cientistas descobriram informações até então desconhecidas sobre o silício — material crucial para a tecnologia, porém não muito bem compreendido —, importantes para caracterizar as propriedades eletrônicas, mecânicas e magnéticas de componentes de microchip e nanomateriais. Além disso, a interferometria revelou novas informações sobre as propriedades do próprio nêutron, como as forças que eles experimentam dentro do cristal.

Como resultado, os cientistas conseguiram o “raio de carga” elétrica do nêutron de uma maneira inédita, com uma incerteza equivalente à dos experimentos mais precisos que usaram outros métodos. Mas o que é esse raio de carga? Bem, lembra que, dentro dos nêutrons, os quarks possuem cargas? São três deles em cada nêutrons: um quark up, com uma carga de +⅔, e dois quarks down, com carga de -⅓. Isso significa que eles se cancelam.

Contudo, esses quarks não são uniformemente distribuídos, por isso a carga predominantemente negativa de um tipo de quark tende a se localizar na parte externa do nêutron, enquanto a carga positiva fica no centro. A distância entre essas duas partes é o "raio de carga". Essa medida já foi obtida por outros experimentos, com resultados diferentes entre si.

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A vantagem do método utilizado é que seus resultados não são afetados pelos fatores que podem levar às diferenças encontradas antes. “Ao contrário das medições pendellösung anteriores, nossa técnica fornece as propriedades e as forças dentro do cristal com extrema precisão — incluindo o raio de carga dos nêutrons e as forças de curto alcance — que aumentam nossa compreensão não apenas do silício, mas dos próprios nêutrons”, disseram os autores. As forças de curto alcance referem-se a forças ainda não descobertas, como a hipotética quinta força fundamental.

O Modelo Padrão de partículas descreve três forças fundamentais: eletromagnética, forte e fraca (ele não inclui a gravidade, normalmente considerada a quarta força, porque ainda não foi encontrada sua partícula intermediadora). Cada força opera por meio da ação de uma partícula, como é o caso do fóton, que é o portador da força eletromagnética. Se existir uma quinta força, ela deverá ser observada em escalas muito pequenas, como as distâncias entre os quarks dentro de um nêutron.

De acordo com o novo estudo publicado na Science, os cientistas melhoram as restrições à força de uma quinta força potencial em dez vezes, em uma escala de comprimento entre 0,02 nanômetros (1 nanômetro é um bilionésimo de metro) e 10 nanômetros, fornecendo à comunidade científica uma faixa bem específica onde devem procurar pela quinta força fundamental.

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Fonte: EurekAlert, ScienceAlertNIST