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Primeiros humanos deixaram a África antes do que se acreditava

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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hairymuseummatt/DrMikeBaxter/CC-BY-S.A-4.0
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Os humanos surgiram na África e, a partir do continente africano, migraram para outras regiões do globo, o que teria ocorrido há cerca de 50 mil anos. Através de testes de DNA em fósseis de hominídeos, novas pesquisas indicam que esse movimento é muito mais antigo, sendo que a primeira migração ocorreu há cerca 250 mil anos. Outros episódios do tipo ocorreram ao longo dos últimos milênios.

O verdadeiro passado dos primeiros humanos é revelado com o auxílio da genética e da Inteligência Artificial (IA). Segundo estudo publicado na revista Science, as novas pistas estão diretamente ligadas com as relações sexuais entre os hominídeos e o nascimento de descendentes com material genético híbidro. 

Para lembrar, os humanos e os neandertais mantiveram relações sexuais, e as provas desses casos estão no DNA dos humanos contemporâneos. Diferentes genes foram herdados desses encontros. Novamente, o que surpreende é que esses casos ocorrem antes do que se pensava também.

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“Agora, sabemos que, na maior parte da trajetória humana, tivemos uma história de contato entre humanos modernos e neandertais”, afirma Joshua Akey, professor da Universidade de Princeton (EUA) e autor do estudo, em nota. 

Quando os humanos saíram da África?

Até o momento, “a maioria dos dados genéticos sugere que os humanos modernos evoluíram na África há 250 mil anos, permaneceram parados pelos próximos 200 mil anos e, então, decidiram se dispersar para fora da África há 50 mil anos”, pontua Akey.

No entanto, as novas evidências modificam esse passado. “Nossos modelos mostram que não houve um longo período de estagnação, mas que, logo após o surgimento dos humanos modernos, nós migramos da África e voltamos para a África também”, pontua o professor. “Para mim, essa história é sobre dispersão. Os humanos modernos têm se movimentado e encontrado neandertais e denisovanos muito mais do que reconhecíamos anteriormente”, acrescenta Akey.

Reconstruindo a história humana

A pesquisa é baseada na análise genômica de 2 mil humanos modernos (o material genético foi recolhido de pessoas vivas), de três neandertais e um denisovano. Dessa forma, foi possível construir um mapa com o fluxo genético entre os grupos de hominídeos ao longo dos últimos 250 mil anos.

Para isso, a equipe utilizou o IBDmix. Esta é uma ferramenta de análise genética que usa técnicas de aprendizado de máquina (machine learning) para decodificar o genoma e apontar as suas origens. 

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Com base nos resultados, os pesquisadores identificaram que a primeira onda de migração e, consequentemente, de troca de material genético entre diferentes hominídeos ocorreu há cerca de 200 a 250 mil anos. Outra onda foi estabelecida entre 100 a 120 mil anos. Por fim, a maior delas ocorreu há 50 mil anos.

“Como podemos incorporar o componente neandertal em nossos estudos genéticos, estamos vendo essas dispersões anteriores de maneiras que não podíamos ver antes”, completa Akey.

Fonte: Science, Universidade de Princeton