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Por que vemos alguns animais como amigos e outros como comida?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Dezembro de 2022 às 15h56

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 fotyma/Envato
fotyma/Envato

Em nova pesquisa, cientistas buscaram entender a percepção que os seres humanos têm de diversos animais, desde aqueles criados para que sua carne e derivados sejam usados para a alimentação até os mais destacados da vida cotidiana, vivendo em florestas e não fazendo parte da vida urbana. A ideia era entender a diferenciação entre animais vistos como "amigos", "alimento" ou "por quem vale a pena lutar".

Foram 16 tipos de animais diferentes, avaliados em escalas de afeto e competência e em diversas dimensões. Entre eles, estavam jacarés, porcos, polvos, coelhos, tubarões, cães, orangotangos e vacas. Muitos deles são, historicamente, vistos como fonte de alimentação, não tendo direitos como liberdade e qualidade de vida nem consideração moral, já que são encarados como produtos ou consumíveis.

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Amigo, comida ou nenhum dos dois?

Uma das bases da pesquisa foi o Modelo de Controle de Esterótipo, advindo de trabalhos anteriores, e buscou-se replicar as percepções sociais como descritas por ele nessa avaliação das criaturas não-humanas. A amostra de voluntários era composta por cidadãos de Cingapura, divididos entre vegetarianos, ativistas pelos direitos dos animais e pessoas fora de ambos os grupos.

Os ativistas pelos direitos dos animais, por exemplo, mostraram ter crenças mais "absolutistas", ou seja, ideias fortes que se aplicam a todas as criaturas. No processo de avaliar a escala de consideração pelos bichos, no entanto, os pesquisadores relataram ver pouco impacto da ideologia ética dos voluntários na sua percepção social dos animais.

As percepções sociais dos participantes sobre os seres não-humanos se mostraram bem diferentes no que se referiu ao afeto e competência: os cientistas dividiram as projeções humanas sobre os animais em vários grupos, combinando com as emoções expressadas, como "amar", "salvar", "desgostar" e "indiferença". Já ao estudar a visão ética dos humanos sobre eles, tais valores pareceram não fazer tanta diferença na projeção social que os voluntários aplicaram nos bichos.

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De acordo com os cientistas, o estudo sugere que os sentimentos humanos direcionados aos animais, de forma geral, podem ter origem nos atalhos mentais de juízos de valor e trocas sociais. Em outras palavras, julgamos tanto pessoas quanto animais de forma reativa, no reflexo, e dependendo das ideias pré-concebidas que temos dessas criaturas, vamos considerá-las mais ou menos dignas de sentimentos, independente de sermos vegetarianos, ativistas ou nenhum dos dois.

Mais pesquisas, mais humanos

Os achados nos ajudam a entender como fazemos julgamentos morais acerca dos bichos e definir a nebulosa natureza das interações humanas com os outros seres que compartilham este mundo conosco — ao menos é o que diz Paul Patinadan, doutor da Universidade James Cook, da Austrália, e da Universidade Tecnológica de Nanyang, de Cingapura, principal autor da pesquisa.

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Os pesquisadores admitem que há, é claro, algumas limitações na investigação. A principal é o local, já que foram avaliados apenas habitantes do sudeste asiático, em Cingapura, o que acaba trazendo as ideias, relações e idiossincrasias próprias da cultura local para sua percepção dos animais não-humanos estudados. Aplicar o método em outras populações, no futuro, poderá nos ajudar a entender como pessoas de diferentes lugares do mundo veem os animais, comparando essa visão entre si.

Fonte: Human-Animal Interactions