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Piramboia, peixe brasileiro com pulmões, tem o maior genoma de todos os animais

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Katherine Seghers/Louisiana State University
Katherine Seghers/Louisiana State University

Se você precisasse adivinhar qual o maior genoma do reino animal, apostaria em qual criatura? Um elefante? Uma baleia-azul? Pois saiba que esses chutes não poderiam estar mais distantes — o maior genoma é de um simples e pequeno peixe-pulmonado, que se debate para nadar e mudou pouco ao longo de milhões de anos.

Os peixes-pulmonados, como o nome já diz, conseguem alternar entre a respiração por guelras e por pulmões, e podem compartilhar um ancestral comum com todos os tetrápodes, animais vertebrados de quatro patas que descendem dos peixes que saíram da água e também deram origem a nós, humanos.

O genoma da espécie Lepidosiren paradoxa, conhecida no Brasil como piramboia e habitando a bacia amazônica, foi sequenciado por cientistas da Universidade de Constança (Alemanha) e revelou ser o maior de todo o reino animal, com 90 bilhões de bases. Dezoito dos 19 cromossomos da espécie são, cada um, maior do que todo o genoma humano, com apenas 3 bilhões de bases.

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Grandes genomas e ancestralidade

Apesar do enorme genoma, a quantidade de sequências que codifica proteínas é pequena — apenas 20.000. Isso quer dizer que a maior parte dos genes não possui uma função importante, assim como no peixe-pulmonado-africano (Protopterus annectens), também sequenciado recentemente e tendo uma quantidade similar de bases.

Junto ao peixe-pulmonado-australiano (Neoceratodus forsteri), as espécies formam os últimos peixes pulmonados sobreviventes, tendo mudado pouco nos últimos 390 milhões de anos, ganhando o apelido de “fósseis vivos”.

Segundo os cientistas, o tamanho de seu genoma pode se dar por conta dos transposons, ou “genes saltitantes”, que fazem cópias de si mesmos e se movem pelo genoma, causando mudanças genéticas rápidas — e, muitas vezes, prejudiciais.

Isso se dá provavelmente pela quantidade muito pequena de piRNA nos genes do peixe, elemento que suprime a atividade dos transposons. Seu genoma, assim, inflou ao longo dos milhões de anos, e segue crescendo, segundo análises.

Apesar dos transposons, no entanto, o genoma é bastante estável, permitindo aos cientistas não só estudar a espécie, mas também fazer “engenharia reversa” em seus cromossomos, mostrando a história de seus ancestrais.

Ao estudar a espécie, os pesquisadores acreditam que poderão revelar os segredos de como os primos ancestrais desses peixes evoluíram para conseguir andar na Terra, ou seja, como geraram as nadadeiras que viraram membros e criaram pulmões. A piramboia teve os membros evoluídos para nadadeiras novamente, mas possui um par de pulmões e guelras atrofiadas.

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Fonte: Nature

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