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Pessoas com olhos azuis descendem de um ancestral comum único, segundo estudo

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Grey Coast Media/Envato
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Pesquisadores da University of Copenhagen descobriram que os genes responsáveis por dar a coloração azul à íris de seres humanos vieram de um ancestral comum único — outras cores, como o castanho, podem vir de uma série de outros ancestrais, trazendo diferenciação de tons e uma maior diversidade possível de ancestrais.

O mapeamento genético feito pela equipe conseguiu traçar a mutação e a descobriu ter surgido no período de 6 a 10 mil anos atrás. Antes disso, a espécie humana apresentava apenas olhos castanhos e suas variações. A pesquisa foi publicada na revista científica Human Genetics.

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Mutação genética

Hans Eiberg, professor do Departamento de Medicina Celular e Molecular da universidade e principal autor do estudo, comenta que o que mudou a cor dos olhos nos seres humanos foi uma mutação no gene OCA2, que, em nossos cromossomos, funciona como uma espécie de interruptor, "desligando" a habilidade de fazer a cor dos olhos ficar castanha. Esse gene teria o código genético para a proteína P, envolvida na produção de melanina, que dá o tom de pele, cabelo e olhos humanos.

Mas essa mutação no gene adjacente à OCA2 não desliga totalmente a habilidade de produzir melanina, e faz uma espécie de diluição do castanho para o azul; se a mutação acabasse com toda a melanina, isso acabaria resultando no albinismo. Nos diferentes tons de verde e castanho que observamos nos olhos das pessoas, a variação fica justamente na quantidade de melanina da íris. A variação na cor dos olhos azuis, por outro lado, é muito pequena.

O professor Eiberg comenta que, a partir disso, é possível concluir que todas as pessoas com esse pigmento ocular estão ligadas a um mesmo ancestral único. "Todos herdaram o mesmo interruptor exatamente no mesmo lugar em seu DNA", diz ele. A variação individual em pessoas com olhos castanhos é bem considerável, controlando a produção de melanina de maneiras diferentes.

Os pesquisadores fizeram exames no DNA mitocondrial de indivíduos de olhos azuis em diversos países, indo da Jordânia à Dinamarca e até a Turquia. O estudo começou em 1996, quando Eiberg apontou, pela primeira vez, a responsabilidade do gene OCA2 na coloração dos olhos. Contando desde o ano da descoberta, a equipe passou uma década fazendo pesquisas genéticas acerca do assunto.

E a seleção natural?

Em termos de vantagem na natureza, a mutação na cor dos olhos não é algo positivo e nem negativo — é apenas uma de uma série de mutações no corpo humano que não mudam a chance de sobrevivência do ser humano em seu ambiente. A ela, se juntam características como calvícies, sardas e nevos (ou belezinhas), que também são aspectos neutros da aparência. Eiberg comenta que isso é apenas uma demonstração simples de que a natureza está misturando constantemente o genoma humano, fazendo um "coquetel" de cromossomos e testando diferenciações enquanto faz isso.

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Fonte: Human Genetics