Os humanos poderiam viver 200 anos se não fossem os dinossauros
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O envelhecimento humano pode ter sido influenciado negativamente por milhões de anos de dominação dos dinossauros sob o planeta Terra, segundo nova hipótese proposta por João Pedro de Magalhães, professor de biogerontologia molecular na Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Se não fossem os dinos, os humanos poderiam, muito provavelmente, viver 200 anos, sem sinais tão evidentes da velhice.
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Por trás da ideia para lá de polêmica e inusitada que busca conectar a existência dos dinossauros com o envelhecimento humano e, mais especificamente, o envelhecimento dos mamíferos, está o conceito de 'gargalo da longevidade'. A nova hipótese foi defendida em estudo publicado na revista científica BioEssays.
Envelhecimento humano
Atualmente, a maioria dos répteis e dos anfíbios não apresentam sinais significativos de senescência e nem de envelhecimento biológico. De forma totalmente oposta, os mamíferos, grupo no qual estão incluídos os humanos, têm indicadores bastante nítidos de declínio conforme a idade avança.
Para explicar esta diferença, o professor Magalhães recorre ao período geológico conhecido como Era Mesozoica, em pleno reinado dos dinos. Naquele momento, os mamíferos enfrentavam uma pressão persistente para que se reproduzissem de forma extremamente rápida, já que poderiam ser uma presa a qualquer momento perto dos ferozes dinossauros.
Ao longo de aproximadamente 100 milhões de anos e de vidas possivelmente mais curtas, os primeiros mamíferos foram perdendo genes associados à longevidade ou estes foram desativados. "Esse longo período de pressão evolutiva tem, proponho, um impacto na forma como nós, humanos, envelhecemos", destaca o pesquisador, em nota. É como se, hoje, os humanos experimentassem os reflexos desse momento em que eram parte de um grupo localizado na base da cadeia alimentar.
Gargalo da longevidade
"A 'hipótese do gargalo da longevidade' lança luzes sobre as forças evolutivas que moldaram a maneira como os mamíferos envelheceram ao longo de milhões de anos", explica Magalhães.
"Embora tenhamos, agora, uma infinidade de mamíferos, incluindo humanos, baleias e elefantes, que crescem e vivem muito, nós e estes mamíferos temos inúmeras problemas genéticos da Era Mesozoica e envelhecemos surpreendentemente mais rápido do que muitos répteis", comenta.
Na contramão, “alguns répteis e outros animais têm um processo de envelhecimento muito mais lento e mostram sinais mínimos de senescência ao longo da vida", pontua.
Inclusive, é possível ver na natureza exemplos incríveis de regeneração em algumas espécies de animais, como as salamandras. Só que essas habilidades eram desnecessárias para os primeiros grupos de mamíferos que estavam mais preocupados em fugir de predadores, como o Tiranossauro rex, e se reproduzirem do que em se regenerar, garantindo vidas extremamente longas.
Fonte: BioEssays e Universidade de Birmingham