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O que é Jamais Vu, o "gêmeo do mal" do Déjà Vu?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Abril de 2022 às 15h00

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twenty20photos/Envato
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Todos já ouvimos falar de Déjà Vu, sendo aquela sensação que sentimos quando acreditamos já ter passado por alguma situação no passado e estarmos revivendo ela agora, exatamente do mesmo jeito — seja real ou não. Há, no entanto, uma sensação "contrária" a essa, menos conhecida, chamada Jamais Vu.

Como o nome já deixa a entender, o Jamais Vu acontece quando uma situação que deveria ser familiar para nós dá a impressão de não ser familiar, como quando não reconhecemos nossa casa, nossos amigos ou familiares ou mesmo palavras usadas comumente no dia-a-dia. Mas como isso ocorre? Os psicólogos Alan S. Brown e Elizabeth J. Marsh respondem isso.

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Como acontece o Jamais Vu?

Segundo os cientistas, quando experienciamos algo, normalmente há um alinhamento perfeito entre o reconhecimento objetivo e o subjetivo. Em outras palavras, as coisas que já conhecemos nos parecem familiares, e as que não conhecemos — de pessoas a situações e lugares — não nos parecem familiares. No Déjà Vu, esses dois reconhecimentos não batem, ou seja, o reconhecimento subjetivo acontece, mas o objetivo não. Parece que você já viveu aquilo, mas seu cérebro sabe que não.

O Jamais Vu é o oposto disso: o reconhecimento subjetivo é negativo, contrastando com um reconhecimento objetivo positivo. Imagine, por exemplo, entrar na sala da casa onde você cresceu e, por um momento, parecer que você nunca viu aquele lugar e está o experienciando pela primeira vez. Você sabe que já viveu aquilo, mas seu cérebro parece não saber disso.

E os relatos das pessoas que vivenciaram essa situação costumam ser mais incômodos do que apenas curiosos. Um internauta relatou ter saído do ônibus no ponto de sua casa, mas sentir como se estivesse em um país estrangeiro — ele não reconheceu as placas de trânsito, o local, nada — e teve de usar o Google Maps para chegar até a própria moradia. O sujeito em questão relatou que isso costuma acontecer próximo a episódios de enxaqueca.

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A mesma pessoa conta que, certa vez, estava no próprio quarto e não o reconheceu mais. Inicialmente perturbada, ela se acalmou quando viu seu cachorro se aproximando, e pensou que, se ele estava ali, tudo deveria estar certo. Ao encontrar correspondências endereçadas a ela, pensou: "esse tem que ser o meu apartamento, apesar de eu não reconhecê-lo".

Outro usuário relata ter tido a experiência na sala de aula: ele não apenas deixou de reconhecer os colegas de classe, mas também não sabia dizer qual era a sua mesa, seus amigos ou mesmo o material que deveria estar estudando. Ele sabia que deveria reconhecer as pessoas ali, e os rostos eram familiares, mas os nomes não vinham, como se o cérebro as houvesse esquecido.

Como induzir o Jamais Vu?

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Apesar da experiência não parecer muito agradável, há formas de induzir o fenômeno do Jamais Vu de forma mais leve, ou, ao menos, um efeito similar, brevemente. Uma dessas maneiras é ler uma palavra conhecida várias vezes, até parecer que ela não faz nenhum sentido, ou seja, deixa de ser familiar. Você pode fazer isso escrevendo ou repetindo a palavra para si mesmo. Por alguns instantes, ela vai parecer incorreta, ou mesmo não vai parecer ser uma palavra.

Alguns pesquisadores publicaram, em 2021, um estudo— com o excelente título The the the the induction of jamais vu in the laboratory: word alienation and semantic satiation (A a a a indução de Jamais Vu no laboratório: alienação de palavras e saciação semântica) — em que fizeram os sujeitos estudados repetirem palavras até parecerem estranhas, completarem a tarefa ou parar por alguma outra razão. Dois terços deles, em um terço dos testes, disseram ter experiências subjetivas curiosas durante a repetição.

O fenômeno ocorreu após cerca de trinta repetições, segundo os participantes, ou após um minuto de atividade. Outra descoberta foi que as pessoas que haviam experienciado um Déjà Vu recentemente tinham mais chances de ter um sentimento de Jamais Vu induzido artificialmente, ou fenômenos similares. Estranhamento e falta de familiaridade foram os sentimentos relatados pelos sujeitos.

Sensações de novidade ou falta de realidade foram mais incomuns, no entanto, e anomalias ortográficas e de percepção relacionadas à escrita e fala foram mais frequentes, segundo os pesquisadores. O estudo foi publicado na revista científica Memory. Nunca viu? Leia neste link (em inglês).

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Fonte: Psychology of Learning and MotivationMemory