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O que acontece com o corpo após a morte?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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stevanovicigor/envato
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Há poucas certezas na trajetória de vida de todos nós, humanos. Uma delas é de que, um dia, partiremos dessa para melhor — ou seja, eventualmente, todo ser humano irá morrer. Enquanto não sabemos o que acontece com a nossa consciência após esse momento chave, já se sabe sobre muito do que acontece com nossos corpos após a morte, podendo identificar quando ela ocorreu e sob quais circunstâncias.

Depois que o corpo humano perde suas funções vitais, ele começa a se desintegrar em matéria orgânica mais simples através de processos químicos e biológicos. A duração deles pode variar de semanas a anos, a depender de alguns fatores específicos. Reações químicas envolvidas no apodrecimento, por exemplo, aceleram em temperaturas mais altas, enquanto climas mais frios preservam o cadáver por mais tempo. O enterro no solo ou em um caixão também pode mudar essas condições.

E cada vez sabemos mais sobre os processos de decomposição: cientistas australianos publicaram uma pesquisa, em 2020, mostrando que o corpo pode se mover enquanto se decompõe — e não são pequenos espasmos, mas sim movimentos em todos os membros, mesmo em avançado estado de putrefação. Braços posicionados no chão, ao lado do corpo, chegaram a ficar esticados para cada lado respectivo. Os pesquisadores acreditam que isso acontece enquanto o corpo se "mumifica" e os ligamentos secam.

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Hoje em dia, clínicas funerárias preparam os corpos para o enterro a ser realizado pelos entes queridos, desacelerando alguns processos o suficiente para que a aparência se mantenha por algumas horas. Mas o que acontece se um corpo for deixado ao ar livre?

Estágios da decomposição

À medida que o corpo vai se decompondo, vários processos vão acontecendo com o cadáver. Na ocasião dele estar ao ar livre — sem ter sido enterrado e estando descoberto — é possível dividir o que acontece com o corpo humano em algumas categorias:

  1. Rigor mortis;
  2. Inchaço;
  3. Deslizamento da pele;
  4. Marmoreio;
  5. Expulsão de órgãos liquefeitos;
  6. Multiplicação de insetos;
  7. Surgimento de carniceiros;
  8. Esqueletização.

Rigor mortis

A fase na qual o corpo ainda está "fresco" pode durar de alguns dias a uma semana. Inicialmente, o que se instala é o Pallor mortis, quando o cadáver fica pálido por conta da falta de circulação e consequente ausência de sangue nos capilares. Isso acontece cerca de 15 minutos após a morte. Duas a seis horas depois, então, o Rigor mortis surge, quando as células morrem ao sentir falta do oxigênio e dos nutrientes para se manter, e o corpo fica rígido.

Então, vem a chamada proteólise — a quebra das proteínas —, que desfaz a rigidez e deixa o corpo mole novamente, acabando com o rigor mortis cerca de 36 horas após a morte. É a chamada flacidez secundária. Ao ar livre, o corpo irá atrair insetos rapidamente, geralmente 10 minutos depois do falecimento.

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Inchaço

Com a morte, as bactérias que vivem nas vísceras fogem do controle e começam a se reproduzir e consumir o corpo. Um estudo de 2014 descobriu que leva 58 horas para elas se espalharem pelo corpo, indo até o fígado, baço, coração e cérebro. Disso derivam gases, que causam um inchaço no abdômen. Em climas mais temperados, isso acontece em um período de dois a três dias.

Deslizamento da pele

O aumento de gás dentro do corpo também causa um aumento da pressão, que começa a empurrar fluidos entre as camadas da pele, causando o desprendimento das mais superficiais. A pele, assim, começa a deslizar à medida que a epiderme se separa da derme, e pode ser removida do corpo com facilidade.

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Marmoreio

Quando já não há mais oxigênio no qual antes se ligavam, as hemoglobinas do sangue começam a se ligar ao enxofre, preenchendo as artérias e veias com uma substância roxo-esverdeada, que dá a aparência de mármore a certas partes do corpo, como o tronco e os membros.

Expulsão de órgãos liquefeitos

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Com o aumento da pressão interna, os fluidos corporais e órgãos já liquefeitos começam a escapar por todos os orifícios possíveis. Os globos oculares podem ser deslocados e alguns corpos até mesmo explodem, a depender de onde e como a pressão é feita. Os tecidos ficam moles e as unhas começam a cair. Isso pode acontecer em até três semanas após a morte.

Multiplicação de insetos

Os elementos químicos que o corpo libera atraem moscas, que começam a pôr ovos dentro e ao redor dos orifícios do cadáver. As larvas que nascem desses ovos começam a sair e se alimentar da carne e dos órgãos, em um ciclo. Fica visível a dispersão larval, processo pós-alimentar feito pelas larvas, quando já não há mais pele.

Surgimento de carniceiros

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Outros insetos, tais como os besouros, começam a ser atraídos para o corpo, bem como pássaros, todos vindo se alimentar dos restos humanos. Animais carniceiros, como urubus, também começam a aparecer, gradativamente arrancando a carne dos ossos.

Esqueletização

Nesse último estágio, já não há mais tecido mole no corpo, restando apenas ossos e cartilagens mais duras. A esfoliação e branqueamento dos ossos começa cerca de nove meses após a exposição ao ar livre. Após isso, fenômenos como chuva, vento, erosão e abrasão começam a afetar o que restou do corpo e os ossos são desarticulados, o que pode levar meses ou até mesmo anos.

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Fonte: National Library of Medicine 1, 2, 3, Journal of Microbiological Methods, Science ABC