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Larvas de mosquito predadoras são filmadas caçando pela primeira vez na história

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Outubro de 2022 às 11h15

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Hancock et al./AESA
Hancock et al./AESA

Cientistas conseguiram, pela primeira vez, capturar o momento em que larvas de mosquito predadoras capturam suas presas em habitats aquáticos — e ainda descobriram variedades em seus modos de ataque. A novidade foi possível por conta do advento de câmeras digitais modernas, que conseguem captar vídeos em alta velocidade com um custo muito menor.

Caso as campanhas de conscientização da dengue tenham funcionado, você já deve saber onde as larvas de mosquito vivem antes do animal chegar à maturidade e levantar voo: em água parada, podendo ser de lagos a poças de água em potes de planta. A maioria das larvas se alimenta de bactérias, algas e outros microrganismos, mas algumas delas são predadoras, caçando outros insetos aquáticos — até mesmo outras larvas.

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Estudando a caça das larvas

Robert G. Hancock, autor principal do estudo, já observava os ataques das larvas no microscópio durante a faculdade, nas aulas de entomologia: à época, era possível ver apenas o borrão dos ataques, dada a rapidez dos animais. Nos anos 1990, era possível capturar imagens apenas em película, em 16 mm, com microscópio e câmera acoplados, mas com qualidade muito menor.

Em 2020, câmeras mais avançadas já estavam disponíveis. Em estudo publicado no periódico científico Annals of the ESA, foram inclusos 10 vídeos de ataques de larvas de mosquito, junto a descrições da anatomia e sequência de movimentos performados pelas pequenas criaturas: em 5 deles, é possível ver a semelhança entre os métodos das duas espécies analisadas, Toxorhynchites amboinensis e Psorophora ciliata.

Ambas as espécies são predadores obrigatórios, ou seja, sua dieta os obriga a se alimentar de outras larvas, com sua biologia toda voltada para a captura e alimentação de outros insetos. Nos outros 5 vídeos, é analisada a espécie Sabehtes cyaneus, um predador facultativo, ou seja, que pode se alimentar de outras fontes, como microrganismos, e cujos métodos de caça são bem diferentes.

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As espécies predadoras obrigatórias usam uma extensão de pescoço extremamente veloz, lançando a cabeça para longe do corpo, em direção à presa. Durante o movimento, as mandíbulas e vibrissas (espécie de bigodes) da boca se abrem, se ligando à presa e fechando com o impacto. Semelhante ao lançamento de um arpão, o movimento é aparentemente realizado ao acumular pressão nos segmentos abdominais e então liberá-la rapidamente, de uma só vez.

Já o predador facultativo usa a cauda para envolver a presa e jogá-la em direção à sua cabeça, abrindo a mandíbula e maxilares para pinçar e prender o animal capturado. O uso da cauda — chamada de sifão, já que serve como um tubo para respirar quando a criatura fica submersa — foi uma surpresa.

Ambos os tipos de ataque levam apenas cerca de 15 milissegundos, demonstrando que o comportamento é quase um reflexo, chamado padrão de ação fixa. É como o ato de engolir, no qual fazemos vários pequenos movimentos musculares sem estarmos conscientes deles: são automáticos, cuja coordenação deve ser precisa.

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A espécie Toxorhynchites, especificamente, vem sendo estudada como um método potencial de controlar a ocorrência de mosquitos que carregam germes causadores de doenças, já que sua larva consegue predar 5.000 outros insetos antes de amadurecer. Tanto essa quanto a espécie Psorophora estão entre os maiores mosquitos do mundo. Já os Sabehtes são menos temíveis, mas têm uma cor azul iridescente e patas largas no formato de remos.

As larvas tiveram de ser iluminadas no microscópio com intensidade muito grande, a ponto dos cientistas terem de adicionar filtros antitérmicos para não cozinhar os insetos e vestir os óculos mais escuros que conseguiram encontrar. Nos anos 1990, as imagens foram capturadas a 600 quadros por segundo, mas as novas câmeras digitais de alta velocidade usadas no estudo tornaram possíveis ultrapassar os 4.000 quadros por segundo.

Fonte: Annals of the Entomological Society of America