Fóssil preservado permite que ânus de dinossauro seja estudado pela 1ª vez
Por Natalie Rosa |
Pela primeira vez, paleontólogos encontraram o fóssil de um ânus de dinossauro em ótimo estado, revelando alguns detalhes sobre a anatomia de seus corpos e como a cloaca era usada para urinar, defecar, procriar e botar ovos. De tão bem preservado, o material mostra duas protuberâncias que podem ter emitido odores usados durante a copulação, sendo uma característica também encontrada nos crocodilos de hoje.
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Jakob Vinther, principal pesquisador do estudo, rasga elogios ao ânus do dinossauro, um Psitacossauro. O cientista conta que a abertura não se parece muito com as dos pássaros, que são as espécies vivas mais próximas dos dinossauros, mas sim com a abertura posterior de crocodilos, e conta que ambas as cloacas têm suas diferenças, com a do dinossauro tendo um formato "único e perfeito".
O Psitacossauro foi um dinossauro bípede de cauda eriçada e herbívoro, e viveu no período Cretáceo, entre 145 a 65 milhões de anos atrás. A criatura encontrada tinha o tamanho de um labrador quando morreu e a cabeça semelhante a um Triceratops, o seu parente mais famoso. Encontrado na China, o animal foi estudado, inicialmente, para descobrir a cor de sua pele, até que eventualmente os pesquisadores perceberam que as suas regiões inferiores estavam surpreendentemente preservadas.
A cloaca do dinossauro foi analisada por Vinther junto a Robert Nicholls, um paleoartista, e por Diane Kelly, especialistas em pênis vertebrados e sistemas copulatórios. Segundo o estudo, nenhum dos tecidos moles reprodutivos da criatura foi preservado, então não foi possível determinar se era um macho ou uma fêmea. A única certeza, no entanto, é de que ele se reproduzia com o sexo copulatório em vez do "beijo cloacal" feito por pássaros.
A equipe de pesquisadores descobriu ainda que partes externas da cloaca contavam com uma tonalidade de melanina mais escura, o que possivelmente teria servido como um atrativo visual, assim como as nádegas de babuínos, por exemplo. Além disso, a melanina mais escurecida pode ter oferecido ao animal uma proteção antimicrobiana, o que é visto também em humanos em regiões que nunca veem a luz do dia, como o nosso fígado.
Segundo Kelly, o ânus do dinossauro podia também ter glândulas secretoras de almíscar, encontradas em crocodilos machos e fêmeas, que liberam uma substância gordurosa e com cheiro forte quando estão copulando. Sendo assim, diferente dos mamíferos que possuem um órgão na região inferior para cada atividade, o Psitacossauro usava o seu "bumbum" para tudo. "É como um canivete suíço", completa Vinther.
Fonte: Live Science