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Fósseis de fezes parasitadas revelam segredos dos construtores de Stonehenge

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Maio de 2022 às 12h58

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Max Alexander, STFC, SPL
Max Alexander, STFC, SPL

Sim, é isso mesmo: fezes pré-históricas estão nos revelando detalhes da vida dos construtores de Stonehenge, seus animais de estimação, festas e dietas. No total, os arqueólogos da University of Cambridge encontraram 19 coprólitos — ou seja, cocôs fossilizados — no vilarejo de Durrington Walls, a menos de três quilômetros do monumento neolítico.

Especula-se que alguns dos construtores moravam no local, dada a proximidade com os monólitos, mesmo que sazonalmente. Atualmente, os arqueólogos acreditam que o Stonehenge foi construído em múltiplas etapas entre 3000 a.C. e 1500 a.C. As fezes são desse período, sendo que o vilarejo era habitado cerca do ano 2500 a.C.

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Analisando coprólitos

Apropriadamente, o estudo foi publicado na revista científica Parasitology, já que os pesquisadores encontraram ovos de parasitas em pelo menos 5 das 19 amostras de fezes do local, uma de humano e quatro de cães. Pelo menos quatro delas, incluindo o cocô humano, continha ovos de um parasita capilarídeo, que provavelmente entrou nos intestinos dos envolvidos após comer carne crua ou mal cozida.

É a primeira vez que parasitas intestinais do neolítico da Bretanha são encontrados, e a importância da descoberta aumenta pelo local onde ocorreu, segundo os cientistas. Nas fezes os cães, foram encontradas ovas de tênia do peixe (Dibothriocephalus dendriticus ou Dibothriocephalus latus), algo inesperado, já que não há evidência de consumo de peixe no local. É claro, no entanto, que a infecção tenha vindo do consumo de peixe cru de água doce.

Como os capilarídeos costumam infectar vacas e outros ruminantes, os bovinos são a fonte mais provável dos parasitas, segundo o estudo. Isso indica que as pessoas da época comiam os órgãos internos de animais infectados, e davam as sobras aos cachorros. Durrington Walls provavelmente não era só um lar permanente para os construtores do monumento, mas também servia como local para banquetes invernais.

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Vários grupos de pessoas vinham até o sul da Inglaterra sazonalmente, mais provavelmente nos invernos, para visitar e auxiliar na construção de Stonehenge, além de realizar banquetes de inverno, segundo os pesquisadores. Escavações no local encontraram cerâmicas e ferramentas de pedra, além de 38.000 ossos de animais, 90% de porcos e menos de 10% de bovinos.

Os animais, bem como as pessoas, provavelmente vieram de longe: análises isotópicas anteriores de dentes bovinos encontrados em Durrington Walls mostraram que parte do gado foi trazida de lugares a 100 km dali, Devon ou País de Gales, de onde é provável que os humanos também sejam.

Escavações no local foram feitas entre 2005 e 2007, e os pesquisadores celebram as novidades encontradas recentemente. Segundo eles, as carnes de porco e vaca eram assadas no espeto ou fervidas em potes de argila, mas parece que as vísceras não eram tão bem cozidas. Como os construtores de Stonehenge não consumiam peixe em Durrington Walls, devem ter contraído os parasitas em seus vilarejos natais.

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Fonte: Parasitology