Estudo genético reconstitui as origens paralelas de dois coronavírus em morcegos
Por João Melo |
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego reconstituiu as origens de dois coronavírus encontrados em morcegos, com o objetivo de refutar a hipótese de que o vírus causador da covid-19 tenha sido criado em laboratório. Os resultados foram divulgados em 7 de maio, na revista científica Cell.
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A pesquisa apontou que o ancestral do SARS-CoV-2 (o vírus causador da covid-19) teria deixado seu ponto de origem — na China Ocidental ou no norte do Laos — apenas alguns anos antes do primeiro surto da doença em humanos, registrado na China Central, a cerca de 2.700 km de distância.
Segundo os cientistas, esse intervalo de tempo é curto demais para que o vírus tenha percorrido essa distância apenas por meio da dispersão natural dos morcegos-ferradura, seus hospedeiros primários. Isso levou os pesquisadores a levantar a hipótese de que o vírus tenha sido transportado por outros animais, provavelmente por meio do comércio de animais selvagens.
Origem dos coronavírus
Os sarbecovírus — um subgênero de coronavírus — deram origem a duas cepas com impacto global: o SARS-CoV-1, que causou a epidemia de SARS entre 2002 e 2004, e o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de covid-19. Os morcegos-ferradura são considerados os principais hospedeiros naturais desses vírus.
Após analisar as árvores genealógicas virais, os cientistas constataram que os sarbecovírus circulam pelo oeste da China e pelo sudeste da Ásia há milênios, deslocando-se a velocidades compatíveis com os padrões de migração dos morcegos-ferradura.
“Mostramos que o SARS-CoV-1 original estava circulando no oeste da China apenas um a dois anos antes do surgimento da SARS na província de Guangdong, no centro-sul do país. Já o SARS-CoV-2 surgiu no oeste da China ou no norte do Laos entre cinco e sete anos antes do início da pandemia de covid-19 em Wuhan”, explicou Jonathan E. Pekar, um dos autores do estudo, em comunicado da Universidade da Califórnia em San Diego.
Impacto do comércio de animais
A descoberta reforça a hipótese de que o SARS-CoV-2 tenha chegado à China Central por meio do comércio de animais silvestres, transportado por hospedeiros intermediários. Ao mesmo tempo, os dados enfraquecem a teoria de que a cepa tenha se originado em um vazamento de laboratório.
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Fonte: Universidade da Califórnia