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Estrela-serpente | Este bicho aprende truques, mesmo sem cérebro

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Novembro de 2023 às 19h20

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Larry Zetwoch/Florida Keys National Marine Sanctuary/NOAA
Larry Zetwoch/Florida Keys National Marine Sanctuary/NOAA

Para os humanos, a capacidade de aprender ou ainda de ter memória está concentrada no cérebro. No entanto, as criaturas que nem cabeça têm poderiam ser também inteligentes? Com esta pergunta em mente, cientistas conseguiram treinar estrelas-serpentes, também conhecidas como ofiúros. Elas são parentes das famosas estrelas-do-mar.

Na natureza, as estrelas-serpente passam a maior parte do tempo escondidas sob rochas ou fendas. Também escavam a areia em busca de pequenas refeições. Porém, até agora, o nível de inteligência dessas criaturas não era levado a sério.

Isso porque esse tipo de estrela possui apenas cordões nervosos que percorrem cada um dos seus cinco "braços". Todos se unem formando um anel nervoso perto da boca, que não lembra nem um pouco os cérebros convencionais. "Não há centro de processamento”, destaca Julia Notar, pesquisadora da Universidade Duke, nos EUA.

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A seguir, veja algumas imagens do treinamento das estrelas-serpente:

Estratégias de treinamento

Publicado na revista Behavioral Ecology and Sociobiology, os cientistas norte-americanos tentaram usar estratégias de treinamento com as estrelas-serpentes da espécie Ophiocoma echinata para entender se elas tinham capacidade de aprendizado (ou não).

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Nesse experimento, a equipe se baseou no processo de aprendizagem chamado de condicionamento clássico ou condicionamento de Pavlov. Bastante usado em cachorros, a estratégia consiste em usar associações entre estímulos para fixar comportamentos.

Por exemplo, cães podem ser treinados para saber que, quando uma campainha toca, vão receber comida. Se este conhecimento estiver bem fixo, os animais não vão nem precisar sentir o cheiro de uma saborosa refeição para se animarem ao simples som da campainha.

Testando as estrelas-serpente

Anteriormente, o método já tinha sido testado em estrelas-do-mar, mas é a primeira vez que envolve as estrelas-serpente. Aqui, foram recrutadas 16 criaturas, colocadas em tanques individuais, com uma câmera registrando os seus comportamentos.

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Metade das estrelas recebiam alimentos quando as luzes se apagavam, de forma gradual. Enquanto isso, o outro grupo recebia pedaços de camarão em momentos diferentes, que não coincidiam com a ausência de luz. Independentemente da situação, elas só saiam do esconderijo quando identificavam a comida no recipiente — isso no começo do treinamento.

Segundo os autores, após 10 meses de treinamento, as estrelas-serpente que recebiam alimentos ao apagar das luzes consolidaram essa associação. Nesses casos, elas saiam de seus esconderijos antes mesmo do alimento ser colocado no tanque. O mesmo não ocorreu com o outro grupo.

Para garantir que elas tinham aprendido o momento certo em que eram alimentadas, os cientistas pularam 13 dias de treinamento na hora das refeições. Em outras palavras, eles apagavam as luzes e, mesmo assim, elas saiam em busca de alimento. A ideia era verificar se elas desaprendiam, o que aparentemente não ocorreu nesse intervalo tão curto.

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Hoje, os pesquisadores ainda não sabem como essas curiosas criaturas desenvolveram a capacidade de aprendizado, com um sistema nervoso tão diferente e simples. Entender esse mecanismo é o próximo passo da equipe.

Fonte: Behavioral Ecology and Sociobiology e Universidade Duke