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É uma ferramenta de pedra ou só uma rocha? Arqueólogos explicam como diferenciar

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John K. Murray
John K. Murray

Quem já passou por um museu ou viu fotos de ferramentas de pedra do paleolítico ou neolítico deve ter se perguntado: como saber se esse fragmento não é só uma pedra natural quebrada?

Segundo o arqueólogo e antropólogo americano John K. Murray, a melhor forma de saber é praticando, você mesmo, o processo de lascamento de pedras. Na falta de tempo para aprender, no entanto, o especialista compartilhou algumas dicas para ficar craque na identificação.

O processo é conhecido como lascamento de sílex e envolve aprender a controlar a força, os ângulos e a estrutura das pedras. Ferramentas de pedra são rochas selecionadas ou intencionalmente alteradas para o uso humano, tecnologia que surgiu há cerca de 3,3 milhões de anos. Hominínios (todas as espécies humanas existentes ou extintas) tinham essa atividade como essencial.

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Como fazer uma ferramenta de pedra

Diferente dos primatas, que usam pedras da forma que são para quebrar nozes, os hominínios mudavam seu formato para vários usos, como cortar carne ou plantas, raspar peles ou usar como ponta de projéteis. Aos arqueólogos, elas são incrivelmente úteis, já que são duráveis e se preservam muito bem. No vídeo abaixo (ative as legendas em português), pode-se ver uma demonstração do procedimento na tradição Cherokee (povo indígena nativo da América do Norte):

Sua produção envolve a fratura ou abrasão de uma pedra, com a primeira técnica sendo a mais popularizada. Para isso, é aplicada força à beirada de uma pedra (chamada plataforma de golpe) pela percussão ou pressão, removendo pedaços menores, chamados de flocos.

A plataforma é removida do núcleo da pedra, gerando flocos já afiados, que podem ser modificados para ter formatos específicos, como o machado de mão, que tem forma de lágrima.

Murray comenta que nem toda pedra pode ser quebrada em flocos — é necessário algo chamado fratura concoide, ou seja, que a pedra se quebre de maneira frágil, em ondas concêntricas, como o vidro. A obsidiana é um bom exemplo disso. Evidências de manipulação, para os cientistas, são cicatrizes de floco e bulbos de percussão.

Cicatrizes de floco são marcas nas laterais das ferramentas que mostram onde flocos foram retirados, geralmente no mesmo lado ou orientação, não sendo aleatórias. Já bulbos de percussão surgem quando a pedra é golpeada em uma plataforma em um ângulo específico, com força o suficiente para quebrar pedaços. Contudo, é muito improvável (mas não impossível) que processos naturais gerem isso.

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Fonte: The Conversation