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De Reptilianos a Ratanabá | Vídeos feitos por IA turbinam teorias da conspiração

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Redes sociais/Reprodução
Redes sociais/Reprodução

As teorias da conspiração, antigamente alimentadas apenas por devaneios em texto, vídeos mal editados com baixa resolução e imagens duvidosas, estão cada vez mais bem produzidas. O motivo? O surgimento de ferramentas de inteligência artificial como o Veo 3, da Google, que consegue criar vídeos a partir de prompts simples, ou mesmo as que geram apenas imagens, como Gemini e ChatGPT.

Agora, as ideias mirabolantes de conspiracionistas surgem com boa edição, narração que parece profissional, legendas, fundos cinematográficos e tudo que é necessário para engajar nas redes sociais. O pesquisador de desinformação da Fundação Getúlio Vargas, Ergon Cugler, e a pesquisadora Camila Modanez, da Unicamp, analisaram como 7 das teorias da conspiração mais famosas são alimentadas pela IA — e porque parecem tão mais críveis assim.

1. Reptilianos

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Inicialmente popular nos Estados Unidos, quando ganharam força há cerca de uma década, essa teoria agora de alcance mundial afirma que humanoides parecidos com répteis vivem entre os humanos ou até se infiltram em posições de poder na política. Os vídeos simulam o surgimento das criaturas a partir de túneis ou locais subterrâneos e flagras de câmeras de segurança.

Um vídeo deepfake supostamente mostra Mark Zuckerberg, CEO da Meta, se transformando em réptil à plena luz do dia, com transições suaves e cortes que imitam linguagem jornalística. Isso é feito para conferir credibilidade, convencendo mais pessoas do que simples textos, como era antes.

2. Alienígenas e OVNIS

Anteriormente, a falta de vídeos claros era até motivo de piada: se temos câmeras tão boas, por que todos os registros de objetos voadores não identificados (OVNIS) são tão ruins? Agora, filmagens criadas por IA imitam o registro acidental de naves alienígenas e conseguem até reproduzir o chacoalhar das câmeras, como se uma pessoa tremesse ao gravar. Outros até mostram os supostos alienígenas, e os vídeos são tão comuns que matérias desmentindo sua veracidade surgem com frequência.

3. Muralha de gelo

Parte da teoria da terra plana, a tal muralha de gelo seria a fronteira final do planeta, impedindo que humanos cheguem a locais misteriosos, supostamente cheios de pirâmides, civilizações perdidas e até ouro. Os vídeos de IA simulam filmagens de janelas de avião, passagens secretas no gelo e até humanos para ter um comparativo acerca do enorme tamanho das plataformas.

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4. Pirâmides escondidas

As pirâmides estão entre os alvos mais visados nas teorias da conspiração. Com uma boa dose de orientalismo, há inúmeros vídeos com cenário desértico e trilha sonora mística mostrando pirâmides escondidas no subterrâneo ou no meio do gelo, dizendo que essa forma geométrica teria supostas energias secretas ou origem alienígena.

Essa teoria afirma que a arqueologia científica estaria escondendo tais fatos da humanidade, tirando a sabedoria ancestral de nós. É claro que é tudo mentira, com um sem-número de matérias desmentindo a conspiração.

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5. Ratanabá

Uma das fake news mais famosas dos últimos anos no Brasil é a da cidade perdida de Ratanabá, que supostamente ficaria na Amazônia e teria milhares ou até milhões de anos. Com IA, foram criados vídeos de estátuas douradas enormes, esculturas de alienígenas, templos cobertos pela mata e voos de drones “flagrando” a mitológica cidade.

A lenda bebe de crendices anteriores, como a mítica El Dorado, e a estética imita vídeos de descoberta de locais do passado. Muitos buscam autoridade afirmando que a NASA teria descoberto o local, escondendo as informações da população.

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6. Arca de Noé

Indo para o campo religioso, há os supostos achados da Arca de Noé, que alguns arqueólogos realmente procuram no mundo real. Vídeos de “documentário” inventados pela IA pipocam nas redes, onde é possível ver a embarcação presa nas montanhas, no meio do deserto ou em geleiras.

Como tentativa de dar credibilidade ao vídeo, muitos adicionam roupas com logos falsos de universidades e registros do interior do barco, recriando desde instrumentos de medição a diálogos entre os pesquisadores “flagrando” o encontro.

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7. Gigantes

Terminando com o achado mais fantasioso, alguns vídeos trazem humanoides com seis metros de altura, muitas vezes realizando feitos como construir pirâmides, arrastando pedras ou comandando autoridade. Esse mito é antigo, com fotografias sendo manipuladas para mostrar supostos ossos de gigantes há décadas, antes mesmo do advento de tecnologias digitais.

Algumas outras versões bebem dessa fonte, mostrando achados arqueológicos de ossos e gigantes mais críveis, com três metros de altura. O aspecto do desconhecido é alimentado com a aparência de reportagem antiga perdida, dando a impressão de ser um arquivo secreto governamental.

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Segundo os pesquisadores, toda a estética da mentira se profissionalizou — com o advento da IA, mais do que nunca precisamos discutir a ética, a educação e a política, já que a credibilidade de simulações que chegam à perfeição ameaça a busca pela verdade científica e noção da realidade.

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Fonte: The Conversation