Publicidade

Conheça o observatório solar mais antigo das américas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Juancupi/Wikimedia Commons
Juancupi/Wikimedia Commons

Na costa do oeste peruano, em meio ao deserto, estão as ruínas de Chankillo — um sítio arqueológico como nenhum outro no mundo. O local não só contém um complexo de observação solar completo e extremamente acurado, mas também é o observatório astronômico mais antigo das américas. A civilização que realizou a proeza? Não sabemos.

As estruturas foram construídas há mais de 2.300 anos, abandonadas no século I d.C., e contém um observatório solar composto por treze torres — as Treze Torres de Chankillo, nominalmente —, um complexo triplamente murado chamado Templo Fortificado e mais duas estruturas: o Observatório e o Centro Administrativo. No tuíte abaixo, observe a imagem do templo:

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Descoberta e características

Escavações oficiais só começaram a ser realizadas no local no início do século XXI, e foi só então que os arqueólogos puderam notar a importância das estruturas. A parte principal do complexo, as treze torres, se expandem por 300 metros no topo de uma colina. O verdadeiro show acontece no amanhecer e no crepúsculo de Chankillo: o orbe solar surge em algum lugar das torres, a depender da época do ano. No solstício de verão, a estrela aparece à direita da torre mais oriental; no solstício de inverno — é, você adivinhou — ele aparece à esquerda da torre mais ocidental.

As torres têm um posicionamento preciso o suficiente para que um observador, ao se postar em um ponto de observação marcado abaixo da encosta, consiga prever a época do ano com uma precisão de dois a três dias se baseando no nascer ou pôr do sol. Há dois pontos de onde se pode fazer essa constatação, um a oeste do local — o Observatório — posicionado para verificar o pôr do sol, e outro, a leste, de onde seria possível verificar o nascer do sol, porém já em ruínas, restando apenas o contorno do que foi uma construção.

No vídeo abaixo, que mostra a estrutura, é possível ver o pôr do sol no equinócio de setembro, que fica entre a sexta e sétima torre do complexo, aos 34 segundos:

Civilização desconhecida

O povo que construiu o complexo de Chankillo é, como relatado no início da matéria, desconhecido — mas é uma das culturas mais antigas do continente, precedendo os incas, outro povo excelente em astronomia, em mais de mil anos. O nome provisório dos construtores em questão é Casma-Sechin, vindo do nome dos rios que ficam nas extremidades do deserto costeiro do Peru: O rio Casma e o rio Sechin.

Assim como o povo Inca, a antiga civilização provavelmente venerava o sol, considerando-o uma entidade divina, e as escadarias das torres sugerem que o local tenha sido usado para a realização de rituais. O motivo do abandono das construções é desconhecido, e sua construção, de acordo com dados arqueológicos, fica entre 500 e 200 a.C. Quando a manutenção estava em dia, acredita-se que a estrutura tinha uma argamassa de cor amarela, ocre (vermelho natural) ou branco, pintada com carvão ou com dedos.

Continua após a publicidade

O complexo arqueoastronômico de Chankillo entrou para a lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO em 2021, dada a magnitude do feito arquitetônico e sua importância para o entendimento do modo de vida das sociedades antigas. A própria UNESCO, na descrição do local, afirma que o complexo é único por cobrir todo o ano solar no alinhamento arquitetural, "um testemunho da culminação da longa evolução histórica das práticas astronômicas no Vale do Casma".

Esforços de conservação vêm sendo feitos para manter a precisão do calendário antigo, já que, mesmo em ruínas, ele ainda registra os dias do ano com impressionante acurácia.

Fonte: Portal to the Heritage of AstronomyUNESCO