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Cientistas recriam som de inseto perdido há 150 anos para tentar reencontrá-lo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Agosto de 2022 às 22h00

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Charlie Woodrow/CC-BY-4.0
Charlie Woodrow/CC-BY-4.0

Cientistas recriaram digitalmente os sons de um inseto provavelmente extinto após 150 de estadia no Museu de História Natural de Londres. O feito é parte de um esforço para procurar quaisquer espécimes que ainda possam existir na natureza: o tetigoniídeo em questão não é visto desde 1869. Um paper sobre o feito foi publicado na revista científica PLOS One.

A espécie leva o nome científico de Prophalongopsis obscura e faz parte da família Tettigoniidae, sendo um tetigoniídeo. No Brasil, é mais conhecida pelo nome de Esperança, já que é popularmente vista como símbolo de sorte. No museu britânico, temos um macho de 10 cm de comprimento, encontrado na Índia em meados do século XIX e doado para a instituição, que o descreveu cientificamente em 1869.

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Desde então, não houve mais notícias do animal, embora um paper de 2009 tenha descrito dois tetigoniídeos fêmeas encontrados no Tibete com características muito similares às do P. obscura. O problema é que as diferenças entre os sexos não permitem saber se os insetos são da mesma espécie ou parentes muito próximos.

Que som é esse?

Os animais, assim como os grilos, esfregam as asas ou patas para fazer sons que atraiam parceiros. Os cientistas, então, resolveram escanear as asas do animal e fazer modelos 3D de sua superfície, calculando como a estrutura funciona e descobrindo a frequência em que ressoam. Assim, foi possível determinar o tom da música do tetigoniídeo, que é puro e tem uma frequência de 4,7 kHz. Ouça:

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E embora pareça o som de um grilo comum, pode apostar que há muito mais a ser inferido pela simples reprodução desse som. Para começar, ele tem uma frequência baixa, o que significa que viaja por longas distâncias. Embora isso seja bom para atrair parceiros, também atrai predadores, como morcegos.

Como a espécie é uma das poucas que sobreviveu desde o período Jurássico, isso indica que não criaram defesas contra morcegos — então, não vivam em locais com a presença do animal, ou teriam sido extintos por ele há muito tempo. Em comparação com parentes atuais, o tetigoniídeo misterioso tem asas grandes, então provavelmente consegue fazer viagens longas.

Com esses dados em mãos, os cientistas planejam focar buscas futuras pelo animal em regiões do norte da Índia e do Tibete, onde é frio demais para a sobrevivência de morcegos. Além disso, com o som do bicho em mãos, será possível montar equipamentos preparados para ouvir sons parecidos, não apenas reproduzi-los para atrair possíveis P. obscura por aí. Será que a espécie será redescoberta?

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Fonte: PLOS One