Cidade francesa usa seres vivos para se iluminar à noite
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 24 de Maio de 2022 às 18h05
A bioluminescência é a excêntrica capacidade que alguns seres vivos têm de emitir luz por conta própria, e uma cidade francesa chamada Rambouillet — a cerca de 50 quilômetros de Paris — aproveita desse fenômeno para se iluminar à noite, tudo graças a uma bactéria marinha chamada Aliivibrio fischeri.
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Essas bactérias são armazenadas dentro de tubos cheios de água salgada, e a luz é gerada por meio de processos bioquímicos que fazem parte do metabolismo normal do organismo. Os cientistas da startup francesa Glowee, responsáveis pelo projeto, ainda acrescentam uma mistura de nutrientes básicos ao cilindro e bombeiam ar através da água para fornecer oxigênio.
Para que essas luzes se apaguem, os cientistas interrompem o suprimento de oxigênio, levando as bactérias a um estado anaeróbico (em que, na prática, ela fica incapaz de produzir a bioluminescência). A ideia é que essa seja uma maneira eficiente e sustentável de iluminar a cidade.
Atualmente, a Glowee produz uma matéria-prima líquida, feita de microrganismos bioluminescentes, biodegradável. A ideia é direcionar o produto a vários tipos de mobiliário urbano, como bancos externos com iluminação embutida. Para a iluminação da cidade de Rambouillet, a startup assinou uma parceria com a prefeitura, que 100 mil euros (R$ 515 mil). Agora, está em negociações com 40 cidades na França, Bélgica, Suíça e Portugal.
No entanto, a bioluminescência também representa desafios, do ponto de vista dos especialistas da biologia. Acontece que, além da necessidade de alimentar as bactérias e diluir à medida que crescem, o fenômeno é muito dependente da temperatura, e pode funcionar bem menos no inverno.
Fonte: BBC Future